Apollo 11, Woodstock e os grandes passos da humanidade

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  • Paulo Sales

Publicado em 29 de julho de 2019 às 05:00

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2001 – Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick: épico sobre a humanidade por divulgação

Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar na lua, em 20 de julho de 1969 (foto/divulgação) O grande passo para a humanidade completou 50 anos. De lá para cá, sondas espaciais chegaram aos confins do sistema solar, um telescópio gigante passou a desnudar o universo e um pequeno robô passeia errático sobre o solo de Marte. Mas a verdade é que avançamos bem menos do que se imaginava na época eufórica do pouso da Apollo 11 na lua. Não temos nada que se equipare, por exemplo, aos delírios visionários de Kubrick (o monolito indecifrável de 2001 - Uma Odisseia no Espaço), Tarkóvski (o oceano de memórias em Solaris) ou, bem mais recentemente, Nolan (o buraco de minhoca que levava a outros mundos em Interestelar). Enquanto esse futuro não chega (se é que vai chegar), cogitamos povoar o planeta vermelho e vivemos a quimera de encontrar astros habitáveis.

Assim como a chegada do homem à lua, o festival de Woodstock também está completando 50 anos. Mais do que um evento musical, representou a celebração de um ideário comportamental, centrado nas questões ambientais, na valorização das liberdades individuais e no discurso pacifista. Nesse sentido, também avançamos bem menos do que imaginava quem testemunhou a energia vital de Janis, os solos piromaníacos de Hendrix ou a loucura sagrada de Cocker. Havia, naquele imenso descampado na pequena cidade de Bethel, uma comunhão de objetivos compartilhada por homens e mulheres que pensavam construir uma era centrada no bem-estar coletivo. Tudo isso ruiu. E, como cantou Belchior, na parede da memória essa lembrança é o quadro que dói mais. O guitarrista Jimi Hendrix incendiou o festival de Woodstock, em agosto de 1969 (foto/divulgação) Por mais díspares que sejam as efemérides citadas acima, elas mostram que há em nós um impulso atávico para fazer a humanidade avançar. Mas, seja pela impossibilidade de construir tecnologias revolucionárias em tempo recorde ou por simples obtusidade, esses avanços acabam contidos. A imaginação humana é o motor maior da civilização. Em pleno século 19, gênios como Wells e Verne - assim como Da Vinci 400 anos antes - vislumbraram engenhocas e mundos paralelos que ainda hoje nos enchem de fascínio e desejo de ir adiante, abrindo caminho para os cineastas que vieram depois. Prosseguimos imersos no sonho de encontrar vida inteligente em outros mundos, viajar no tempo ou povoar a Via Láctea.

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Mas não seria má ideia se buscássemos, com igual determinação, realizar sonhos mais plausíveis, como aqueles preconizados por Woodstock. Ou seja: reduzir desigualdades abissais, encerrar conflitos armados, aceitar o jeito de ser de cada um e entender que a destruição do meio ambiente implica na destruição de todas as formas de vida, incluindo a nossa. Mas, pensando bem, será que as utopias da era hippie são mesmo tão plausíveis? Em certos momentos, em meio a tanto retrocesso, tenho a impressão de que chegar até a GN-z11, a galáxia mais remota já descoberta, é uma empreitada mais simples do que exterminar a fome. A não ser que se prefira negar a existência desta.