Após 10 anos, Patati e Patatá relembram 'palhaçada' que virou meme em Salvador

'Tentamos vir fazer o show, mas não conseguimos', contam

Publicado em 11 de novembro de 2021 às 17:59

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Reprodução / Band Bahia

O dia já era feriado de Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira de Salvador, mas foi imortalizado por uma dupla - falsa - de palhaços. Há quase 10 anos, em 8 de dezembro de 2011, um show no Subúrbio da capital baiana acabou em confusão, protestos e meme.

O espetáculo seria protagonizado por 'fakes' de Patati e Patatá. A equipe jurídica dos palhaços verdadeiros descobriu a maracutaia e acabou com o baba. Com o cancelamento, do lado de fora, crianças choravam e pais protestavam. "Queremos meu dinheiro", berravam.

Este momento foi eternizado graças a uma reportagem do programa Brasil Urgente Bahia, da Band Bahia. Apenas um vídeo dentre os muitos que circulam pela web acumula 20 milhões de visualizações.

Um tanto precoces, visto que a data magna ocorre apenas mês que vem, o folhetim comandado por Uziel Bueno recebeu os palhaços verdadeiros para relembrar o momento. Patati, inclusive, revelou que os dois tentaram vir para Salvador realizar o show, mas não conseguiram.

"Era uma produtora que contratou um show que não era nosso. Inclusive a gente estava em outra cidade. A gente tentou vir para cá, para fazer nosso show, mas não teve como. Não conseguimos nem chegar de tanto tumulto que estava", conta o palhaço.

Já Patatá abordou o perigo das duplas falsas, que podem fazer palhaçadas indevidas. "Sofremos bastante com as falsificações, principalmente no mês das crianças. Entendemos que nem todo mundo tem condições de ir onde estamos, mas, as vezes, é bem triste. Temos todo um cuidado de levar algo de qualidade para as crianças. E em um show desses o palhaço pode fazer ou falar algo que não deve e se tornar um exemplo negativo", pondera.

Saiba mais: A confusão com a falsa dupla Patati e Patatá que virou um dos maiores hits da internet

'Eu não acredito que Patati e Patatá fariam uma palhaçada dessas' Em 2020, uma matéria da coluna Baianidades, do CORREIO, abordou mais à fundo o causo. Vivian Sodré, uma das presentes no Paripe-Hall naquela tarde de quinta-feira, detalhou o babado.

“Lembro como hoje. Eu tinha uma menina que ia fazer 2 anos e ela gostava muito do Patati e Patatá. A outra já tinha 9 anos. Aí eu 'pam', comprei dois ingressos. Quando chego lá, foi aquela agonia, não teve show. Minha filha ficou chorando, porque era louca pelo Patati e Patatá, e eu fiquei sem saber o que dizer, porque elas eram crianças e não entendiam aquela situação”, relata mainha, que aparece logo no início da reportagem com Iasmim, hoje com 10 anos, nos braços. A promotora de eventos Vivian Sodré com a filha Iasmim, então com 2 anos, nos braços: prejuízo e frustração (Foto: Reprodução) Assim como a maioria das pessoas que foram dar a viagem de balde, ficou no prejuízo.

“Não tive o meu dinheiro de volta, não teve o show, e ficou por isso mesmo. Iasmim agora vê o vídeo, entende, porque eu expliquei a situação, mas até hoje fala que ela queria tanto ter assistido ao show e não pôde”, conta Vivian. 

Veja a cobertura do CORREIO na época: Show cover de Patati Patatá no bairro de Paripe acaba em confusão

Bastidores Enquanto não se resolve o problema presente, resolvi ir ao passado saber detalhes dos bastidores daquela reportagem. E a primeira fala de Ícaro Almeida, o repórter que recebeu a galinha pulando, é quase a mesma de dona Vivian: “Lembro como se fosse hoje.”

A memória viva começa ainda na redação da Band, no Alto do Gantois, de onde saiu às cegas para a primeira missão daquele plantão. “A pauta só tinha o endereço e a informação de que um líder comunitário tinha entrado em contato com a redação passando que tava tendo uma grande confusão em Paripe, sem dizer o que era. Num dia ‘frio’, sem nada, a gente se deslocou”, recorda o jornalista. Foto: Reprodução/Band Bahia Apesar de ser um show para a gurizada, ele conta que a situação estava bastante tensa, com alguns homens já empunhando paus e pedras, ao tempo que a polícia se retirava. “Zé Mário perguntou pra mim se a gente ia descer pra gravar, mesmo sem polícia, e eu falei que sim. ‘Se tiver muito complicado, a gente entra no carro e sai’. A galera tava com raiva”, relembra Ícaro, que precisou de jogo de cintura para entender o que tava acontecendo.

O vídeo mostra essa tentativa de investigar o B.O., e segue numa espécie de plano sequência com pequenos cortes da porta do Paripe Hall até a delegacia de Periperi. “Eu só comecei a colher as sonoras. Não gravei abertura, não gravei passagem, porque a gente tava colhendo boas sonoras”, explica o repórter, que contou com a ajuda dos populares para colher o melhor material.