Após aborto, menina de 10 anos passa bem e será reavaliada, diz hospital

Chefe de enfermagem chamou de 'balbúrdia' protestos que tentaram impedir procedimento

  • D
  • Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 12:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Felipe Ribeiro/JC Imagem

A criança de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio conseguiu expelir o feto espontaneamente nesta segunda-feira (17), apos indução iniciada por médicos do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), no Recife (PE). 

Agora pela manhã a garota passou por avaliação mutiprofissional que analisou a necessidade de uma curetagem para retirar os últimos vestígios do feto, segundo informação do Uol. A criança está acompanhada pela avó e por uma assistente social que veio com ela do Espírito Santo, onde a garota mora.

"Quando ocorre a indução do aborto pela medicação, às vezes não sai completo; se isso ocorrer, ela deve ser submetida à curetagem ainda hoje. Se tudo seguir bem, ela deve ter alta amanhã", explica Benita Spinelli, coordenadora de enfermagem da unidade.

A menina foi para o Recife depois que o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, em Vitória (RS), se recusou a realizar o aborto. Segundo reportagem do Fantástico, a equipe da unidade alegou que já passava do tempo de gravidez em que o aborto é permitido, mesmo com autorização judicial afirmando que é legítimo e legal o aborto acima de 20/22 semanas no casos de gravidez decorrente de estupro, risco à vida da mulher e feto com anencefalia.

A enfermeira contou que o processo de aborto demora horas, mas até agora tudo segue conforme se espera. ""Para se fazer esse procedimento, existe uma sequência. Assim que ela chegou, foi feita a indução, mas isso leva algumas umas horas. Ela já expulsou, na verdade, e agora está sendo atendida por essa equipe multiprofissional", explica.

A coordenadora classificou de "balbúrdia" os protestos diante do hospital ontem à noite, que tentaram impedir o aborto da criança. 

"Uma coisa completamente contraditória; pessoas fazendo esse tipo de atividade na porta de um hospital, que é um local que requer silêncio, tranquilidade, ainda mais por ser uma criança de 10 anos, que há quatro anos era estuprada, que teve de sair para outro estado para ter seu direito garantido", critica.

"Nós temos que poupar ela dessa balbúrdia que foi feita ontem na porta de um hospital", diz ela, ressaltando que se trata de uma menina em situação extremamente vulnerável, que foi protegida como possível do que aconteceu do lado de fora.

Nesta segunda, o local está tranquilo, sem manifestantes.

Tio está foragido Segundo a Polícia Civil, a menina era vítima de estupros desde quando tinha 6 anos de idade. No último dia 7, acompanhada de uma tia, ela deu entrada em um hospital público de São Mateus, a 220 km de Vitória, afirmando acreditar que estava grávida, o que foi confirmado por exames.

A menina contou então que era vítima de abusos há quatro anos, mas não denunciava o tio por conta de ameaças que sofria. O suspeito de 33 anos foi indiciado por estupro de vulnerável e ameaça está foragido.