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Da Redação
Publicado em 25 de abril de 2022 às 15:29
Três meses após um homem negro ter sido acusado de furto por uma atendente da loja Zara no Shopping da Bahia, a varejista de roupas e o estabelecimento fecharam um acordo extrajudicial com Luiz Fernandes Júnior, 28, para que ele não leve adiante um processo judicial.>
Na ocasião, Fernandes registrou boletim de ocorrência policial após ter sido acusado de ter furtado uma mochila que havia acabado de comprar por R$ 329. O caso é de 28 de dezembro do ano passado.>
O advogado do Thiago Thobias contou ao UOL que o acordo é inédito para ele, que atua há 22 anos na defesa de vítimas de racismo. É a primeira vez que eu vejo uma empresa tomar a iniciativa de fazer um acordo extrajudicial, realizar esse acordo em tempo recorde e ainda por cima indenizar a parte ofendida com um valor muito superior ao que a Justiça brasileira costuma arbitrar", declarou.>
Na época, Thobias informou que Fernandes pediria indenização de R$ 1 milhão na Justiça. Não foi informado, entretanto, o valor do acordo, uma vez que o termo de confidencialidade impede que as partes revelem o valor da indenização.>
Procurado, o Shopping da Bahia confirmou que os envolvidos no caso chegaram a um entendimento, que exige confidencialidade. "O Shopping da Bahia reitera seu papel de combater qualquer tipo de discriminação e mantém um trabalho contínuo de conscientização e reeducação de todos os colaboradores, dada a importância e a urgência desse tema", diz nota enviada ao CORREIO.>
A Zara não se manifestou até a publicação da matéria.>
Relembre O caso aconteceu no dia 28 de dezembro na loja Zara do Shopping da Bahia. Fernandes, foi abordado por um segurança, que pediu para revistar sua mochila, acusando-o de roubo.>
O caso foi filmado por uma pessoa que passava no momento. Nas imagens é possível ver que o acusado abre a mochila, mostra cartões, documentos e diz que tem condições de comprar o que quiser na loja.>
A assessoria do Shopping da Bahia informou que um segurança do empreendimento foi acionado por representantes da loja, solicitando que o cliente retornasse à loja. "Pedido que foi prontamente atendido pelo cliente, que apresentou as notas fiscais ao lojista", diz a nota.>
O shopping, no entanto, ressalta que o segurança não poderia ter atendido tal solicitação, que fere o regulamento da empresa.>
"A administração do Shopping da Bahia não compactua com qualquer ato discriminatório e incluirá as imagens deste fato nos treinamentos internos para evitar que se repitam", diz a nota.>
Já a assessoria da Zara informou que "está apurando todas as informações relacionadas ao fato ocorrido na tarde desta terça-feira, no Shopping da Bahia, para tomar as providências necessárias e evitar que episódios como esse se repitam. A empresa rechaça qualquer forma de discriminação, tema que deve ser tratado com a máxima seriedade em todos os âmbitos.">