Após discurso, parlamentares cobram responsabilidade de Bolsonaro

Alcolumbre: pronunciamento foi grave e cobra liderança 'séria' e 'responsável'

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  • Da Redação

Publicado em 24 de março de 2020 às 22:21

- Atualizado há um ano

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), deu o tom de como grande parte do Congresso Nacional recebeu o pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro. Alcolumbre disse que as declarações foram graves e e cobrou uma liderança "séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população". Ele se pronunciou em nota divulgada pela assessoria de imprensa."Neste momento grave, o país precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da sua população. Consideramos grave a posição externada pelo presidente da República hoje, em cadeia nacional, de ataque às medidas de contenção ao Covid-19", afirmou Alcolumbre.Em rede nacional de TV nesta terça, Bolsonaro voltou a falar em "histeria" em torno da pandemia do novo coronavírus e criticou o fechamento de escolas, entre outras medidas adotadas por governos e municípios.

Enquanto Bolsonaro fazia o pronunciamento, houve panelaço em cidades de alguns estados do país.

O mandatário voltou ainda a citar a cloroquina, remédio que ainda não tem a eficácia contra a nova doença, a covid-19. De acordo com dados oficiais atualizados nesta terça pelo Ministério da Saúde, o Brasil contabiliza 46 mortes e 2.201 casos confirmados, um aumento de 16,4% em um dia.

O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), um ex-aliado de Bolsonaro, cobrou do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma posição a respeito de um pedido de impeachment de Bolsonaro. "Nosso pedido de impeachment está nas mãos do @RodrigoMaia . Feito por grandes advogados. Rodrigo espero que Leia com atenção", afirmou pelo Twitter. 

Joice Hasselmann (PSL-SP) classificou o presidente como "irresponsável, inconsequente e insensível". Ela chegou a questionar a sanidade mental de Bolsonaro. "O Brasil precisa de um líder com sanidade mental. Todas as chances que o PR (presidente da República) teve de acertar ele mesmo jogou fora", criticou. 

O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) disse que as palavras do presidente causaram mais confusão do que trouxeram esclarecimentos. "Gera dúvida sobre o comportamento a ser seguido pela população, cuja boa parte é formada não por atletas, mas por idosos, diabéticos, hipertensos, estressados e deprimidos. O governo precisa ter unidade no discurso, seja qual for, pediu o parlamentar. 

O deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) declarou que o presidente foi "irresponsável e oportunista". 

Senador e ex-ministro da Saúde no Governo Lula, Humberto costa (PT-PE) considerou as declarações como um desrespeito às vítimas da doença. "Bolsonaro chamou o #Covid19 de 'gripezinha, resfriadozinho, histeria', num gesto de desrespeito às vítimas fatais, suas famílias e todo o país. Atacou a imprensa uma vez mais. Em vez de tentar se restaurar no cargo de presidente, usou sua fala para ridicularizar o grave momento", criticou.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) lembrou que o isolamento vem sendo adotado em todo o planeta na tentativa de contenção da pandemia do coronavírus. "A cada dia vemos que o presidente se supera. A Índia e o resto do mundo decretando quarentena e aqui a ordem do presidente é a aglomeração. Definidamente sem palavras pra definir tamanha irresponsabilidade", lamentou.

As palavras de apoio a Bolsonaro no Congresso Nacional partiram principalmente dos seus filhos. O senador Flávio Bolsonaro (sem partido) disse que o pai estaria falando apenas a verdade para o povo brasileiro. "Fala a verdade ao povo brasileiro: proteger os mais vulneráveis (idosos e com doenças pre-existentes) e retomar a normalidade no país! Outros líderes mundiais já esboçam iniciar o mesmo movimento. Com coragem, Presidente @jairbolsonaro faz pronunciamento para que onda do coronavírus seja menos mortal que a onda da recessão, logo a seguir", defendeu. 

Na mesma linha, o deputado Eduardo Bolsonaro (sem partido) afirmou que haveria um suposto movimento de líderes mundiais para colocar fim às medidas de confinamento e assim "resguardar os grupos de riscos e permitir que a epidemia tenha sua natural curva de declínio – igual foi com o H1N1, que é mais letal do que o coronavírus – sem que com isso a recessão destrua todos os países". 

O líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO),  fez coro aos filhos do presidente e elogiou o pronunciamento. "A sua visão de estadista e a sua coragem em ir na contramão da histeria coletiva, construída sem critérios racionais, vão salvar as vidas de milhões de brasileiros", pontou o parlamentar.