Após estudo sobre cloroquina que ocultou mortes, CPI pretende ouvir médicos

Dossiê divulgado pela GloboNews diz que operadora omitiu mortes, segundo médicos; diretor da Prevent Senior deve depor na próxima semana

Publicado em 16 de setembro de 2021 às 18:14

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Pedro França/Agencia Senado

Após a divulgação do  "experimento" feito pela Prevent Senior, revelado nesta quinta-feira (16), que aponta que a operadora ocultou mortes de pacientes em um estudo sobre o uso da cloroquina contra covid, políticos se manifestaram e criticaram a empresa. O estudo foi divulgado inicialmente pela GloboNews. Integrantes da CPI da Covid recebem o documento com uma série de denúncias de irregularidades.

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A série de documentos, revelada pelo portal G1, aponta que a disseminação da cloroquina e outras medicações foi resultado de um acordo entre o governo de Jair Bolsonaro e a Prevent.  A pesquisa foi usada pelo presidente para defender o tratamento precoce.

O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, era esperado, nesta quinta, na CPI, mas ele não foi ao Senado Federal alegando que demorou a ser notificado e, que por isso, não conseguiria chegar a tempo em Brasília.

O senador Omar Aziz, presidente da CPI, sugeriu que um dos médicos responsáveis pela denúncia preste depoimento ao colegiado. "Na quarta-feira, poderemos ouvir a Prevent Senior, mas seria importante também – e aí respeitando os profissionais de saúde, nessa área, para não expô-los – que a gente tivesse pelo menos um que pudesse aqui testemunhar publicamente para a nação brasileira o que ocorreu de verdade", afirmou Aziz.

Senadores da CPI da Covid chegaram a cogitar pedir à Justiça a condução coercitiva de Pedro Batista Júnior, para obrigá-lo a depor. No entanto, o presidente da comissão Omar Aziz explicou que a medida não seria necessária porque Batista não se recusou a comparecer, desde que o fizesse dentro do prazo de 48 horas, a partir desta sexta (17), portanto.

Já na terça-feira (21) deve ocorrer o depoimento do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário. Nesta quinta, o senador Omar Aziz defendeu que Wagner seja enquadrado no relatório final da comissão por crime de "prevaricação" ,diante de supostas irregularidades ocorridas no Ministério da Saúde durante a pandemia.

Denúncias O canal fechado Globonews teve acesso à planilha com os nomes e as informações de saúde de todos os participantes do estudo citado. Nove deles morreram durante a pesquisa, mas os autores só mencionaram duas mortes.

Um médico que trabalhava na Prevent e mantinha contato próximo e frequente com os diretores da operadora na época afirmou à GloboNews que o estudo foi manipulado para demonstrar a eficácia da cloroquina. Segundo ele, o resultado já estava pronto bem antes da conclusão do estudo.

Áudios, conversas em aplicativos de mensagens e dados contraditórios relativos à pesquisa – divulgados pela própria Prevent e apoiadores do estudo, como Bolsonaro – reforçam a suspeita de fraude.

A operadora informou, por nota, que "sempre atuou dentro dos parâmetros éticos e legais e, sobretudo, com muito respeito aos beneficiários". Nas redes sociais, também divulgou notas questionando as denúncias.