Após fiança de R$ 4,4 mil, Justiça solta membros da Bamor que agrediram torcedor do Vitória

Vítima foi espancada em São Sebastião do Passé

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  • Bruno Wendel

Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 10:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/SSP-BA

Já estão soltos os cinco integrantes da torcida organizada Bamor envolvidos na agressão ao torcedor do Esporte Clube Vitória em São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador. O presidente da torcida organizada Bamor, do Esporte Clube Bahia, Luciano da Silva Venâncio, 34 anos, e outros quatro integrantes deixaram a Delegacia da cidade nesta quinta-feira (7). Três deles, de acordo com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), pagaram a fiança de R$ 1.497 cada um. 

Na noite de quarta-feira (6), Abimael Ammon Nascimento Costa, 21 anos, vestia uma camisa da Imbatíveis, torcida organizada do Vitória, quando foi atacado no momento que praticava exercícios numa das principais ruas da cidade.

Além de Luciano, foram conduzidos à delegacia de Passé Sérgio Soares Brandão, 37, Tiago Tiburcio dos Santos, 33, Matheus Pires Castro, 28, e George da Silva Mata 35. De acordo com o depoimento de Abimael, as agressões (socos e chutes) foram desferidos por Luciano, Sérgio e Mateus.

Os três foram apresentados em audiência de custódia e foram soltos após o pagamento de fiança. Em nota, o TJ-BA informou que “a prisão preventiva não foi requerida pelo Ministério Público e nem pela autoridade policial, por essa razão foi concedida a liberdade provisória, mediante pagamento de fiança para cada um dos flagranteados e aplicadas medidas cautelares de não aproximação da vítima e comparecimento bimestral em juízo para informar e justificar as atividades."

Já Tiago e George foram apenas ouvidos e liberados já que não participaram das agressões à vítima. 

Agressões Um parente de Abimael, o torcedor agredido, contou ao CORREIO que todos os dias ele corre na avenida principal da cidade. Na noite de quarta-feira (6), Abimael estava com a camisa da torcida Imbatíveis, do Vitória.

"Esses caras jogaram o carro em cima dele. Ele conseguiu atravessar a rua e correr para dentro dos matos, mas eles entraram nos matos e começara a agredir ele. Ele caiu, chutaram a cabeça, foi bastante espancado. Ele chegou a levar pontos até nas nádegas”, conta o parente da vítima. 

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), a ocorrência do espancamento foi registrada no Centro Integrado de Comunicações (Cicom), que acionou uma equipe da PM com a informação de que o ataque era praticado por cinco torcedores vestidos com camisas da torcida organizada do Bahia, à bordo de um veículo Hyundai IX 35, prata, placa policial NYH 7040. Com os torcedores, foram encontradas duas facas tipo peixeira, informou a SSP-BA. Facas e celulares foram apreendidas pela polícia com os integrantes da Bamor  Foto: Divulgação/SSP-BA “Abimael contou na delegacia, após identificar os autores, que eles tentaram o atropelar e, em seguida, passaram a agredi-lo exigindo que entregasse a camisa do Vitória, também de torcida organizada (Os Imbatíveis), que ele vestia no momento da ação", explicou o tenente Hélio Nery da 95ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Catu).

Os cinco integrantes passavam por São Sebastião do Passé em direção a Alagoinhas, onde ocorreu o jogo entre Bahia x Atlético de Alagoinhas. Na Delegacia de São Sebastião do Passé, o grupo foi autuado por lesão corporal, formação de quadrilha. 

Histórico Os episódios de violência envolvendo Bahia e Vitória são conhecidos das duas torcidas. Casos de agressão por parte dos torcedores dos clubes baianos já extrapolaram o ódio ao torcedor adversário e já até fizeram vítimas os próprios jogadores. 

Em julho de 2018, torcedores do Bahia foram fazer cobranças aos jogadores, que retornavam à capital depois de um empate com a Chapecoense, clube de Santana Catarina. Na ocasião, apesar da presença da Polícia Militar, membros da organizada Bamor entraram em luta corporal com o zagueiro Everson e o centroavante Júnior Brumado, ex-tricolor, que chegaram a ser atingidos com socos e empurrões. 

Momentos depois, o zagueiro e a família tiveram o carro cercado e chutado, a maçaneta do veículo acabou sendo arrancada e o vidro da janela traseira estilhaçou em cima da criança.

No dia seguinte, em 21 de julho, O Bahia chegou a enviar carta aberta aos torcedores, pedindo que os torcedores não tivessem "amor só no nome, mas paixão nos gestos e atos"."O clube também solicitou medidas enérgicas à Secretaria de Segurança Pública e adotará todas as providências necessárias para que os crimes cometidos sejam severamente punidos", dizia a declação do Bahia.Meses antes, em abril, o torcedor do Vitória Tiego Santos Silva, de 24 anos, foi baleado na Estada da Cocisa, em Paripe. Tiego, segundo registro feito no posto policial do Hospital do Subúrbio, foi alvejado nas costas e nas nádegas. 

Na situação, outro torcedor do Vitória foi agredido com um soco no olho. Os atentados aconteceram horas antes da final do Campeonato Baiano, vencido pelo tricolor. Na época, testemunhas afirmaram que homens armados chegaram gritando: "Aqui é Bamor, aqui é Bamor".

O torcedor do Bahia Antonio Marcos Sadela, 49 anos, que foi baleado no ombro esquerdo em um atentado no final da noite do mesmo domingo da final do Baianão, na sede da Bamor, no Tororó. Ele morreu sete dias depois. Além de Marcos, outros dois torcedos foram baleados no atentado, Daniel Sena Duarte, 20, atingido no abdômen, e Hugo dos Santos, 25. Eles foram socorridos e ficaram bem. 

Em fevereiro de 2018, 13 pessoas, sendo 12 delas vestidas com a camisa da torcida organizada Os Imbatíveis, do Vitória, foram detidas após uma briga com torcedores do Bahia, na Baixa dos Sapateiros, no Centro de Salvador.

Um vídeo gravado por celular gravou os envolvidos arremessando objetos uns contra os outros, quando uma viatura da Polícia Militar chega e surpreende os homens. Todos foram ouvidos e liberados pela Polícia Civil. 

No último dia 30 de janeiro, a Polícia Militar definiu um efetivo de 338 policiais como parte do planejamento de segurança do primeiro Ba-Vi de 2019, que aconteceu no domingo (3), na Fonte Nova, pela Copa do Nordeste. Casos de violência não foram registrados nas imediações do local, nem antes e nem depois da partida, que contou com a presença de torcida mista, e terminou 1 em 1.