Após fuga em massa na Mata Escura, governador faz demissões na Seap

Entre as exonerações publicadas no Diário Oficial do Estado, nesta quarta, estão as de dois diretores

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  • Bruno Wendel

Publicado em 5 de abril de 2017 às 10:27

- Atualizado há um ano

Dois dias depois de 25 presos fugirem durante o dia da Unidade Especial Disciplinar (UED) do Complexo Penitenciário da Mata Escura, o governador do estado, Rui Costa (PT), demitiu quatro funcionários da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap).

Entre os exonerados estão dois diretores ligados à administração de presídios. As demissões foram publicadas na edição de ontem do Diário Oficial do Estado (DOE).

Foram exonerados os diretores Eudálio Sales Lisboa, lotado na Superintendência de Ressocialização Sustentável, e Hari Alexandre Brust Filho, da Superintendência de Gestão Prisional. Também foram demitidos Nilton Manoel do Nascimento, do cargo de assessor técnico, e Suelane Pereira dos Anjos Reis, da função de assessora administrativa.

Quem assume a vaga antes ocupada por Eudálio Sales na Superintendência de Ressocialização Sustentável é Mirian Bruno da Silva. Ela é ex-prefeita da cidade de Umburanas, no Centro-Norte da Bahia, foi eleita para o cargo em 2012 e deixou a prefeitura em dezembro de 2016. Mirian também foi vereadora.

Para o lugar de Hari Alexandre Brust Filho, na Superintendência de Gestão Prisional, foi nomeado Gervásio Prazeres de Carvalho, que já foi superintendente de Recursos Humanos e de Administração e Finanças da Assembleia Legislativa da Bahia, até fevereiro. Ele também já foi presidente da Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa).

Já para os cargos técnicos, foram nomeados Jaqueline Batista da Cruz e Murillo Novaes Santos Machado, que foi assessor administrativo também da Assembleia Legislativa,desde dezembro de 2015.

Em nota, a Seap negou que a demissão dos quatro dirigentes e assessores tenha relação com a fuga em massa da unidade de segurança máxima. “Essas substituições funcionais obedecem à lógica de que é reservado à administração o direito de operar essas alterações, a qualquer tempo”, diz nota oficial enviada pela Seap. Ainda segundo a pasta, cabe ao chefe do Executivo “decretar sob conveniência da gestão pública a nomeação e/ou exoneração dos integrantes desses cargos”.Segundo o órgão, não pesa sobre nenhum dos demitidos qualquer responsabilidade funcional ou administrativa. Para a Seap, trata-se de uma coincidência o fato de as demissões terem sido decretadas no momento da “lamentável” fuga de internos.

ResponsabilidadeNa última terça-feira (4), o governador Rui Costa disse que a fuga foi “muito anormal” e que “as medidas judiciais serão tomadas”. “Com certeza, existem culpados”, completou.

Procurado, o promotor Edmundo Reis, da Vara de Execuções Penais, disse que uma investigação está sendo aberta, mas que isso não significa, ainda, um acompanhamento por parte do Ministério Público (MPE). “Se alguém for indicado como autor de uma facilitação da fuga terá que ser responsabilizado criminalmente e passará pelo crivo do MPE”, disse. Por enquanto, não há suspeitos.

“O problema é que a UED passou por um processo de degradação muito acentuado nos 11 anos de existência. Tinha todas as portas automatizadas, painéis de controle em três pontos básicos. Mas em razão de programa de construção de novas unidades, deixou para o segundo plano a manutenção”, disse Reis.Do total de foragidos, até agora somente um foi recapturado. Entre os procurados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) estão homicidas, traficantes e assaltantes (clique para ver os perfis).