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Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2019 às 21:12
- Atualizado há 2 anos
A prefeitura de Alagoinhas divulgou nesta terça-feira (14) que realizará um novo concurso público. A seleção realizada no dia 14 de abril deste ano foi cancelada na última quarta-feira (8) após o Ministério Público da Bahia (MP-BA) apontar irregularidades no certame.>
Em nota, a prefeitura ainda afirmou que aplicou penalidades à empresa administradora do concurso, a Nosso Rumo.>
"Foram aplicadas as penalidades de multa, rescisão contratual, impedimento do direito de licitar com a Administração pelo período de dois (02) anos e o ressarcimento dos valores pagos pelo Município. A decisão foi publicada no Diário Oficial na edição de 14/05/2019. Caso a empresa não proceda à restituição dos valores pagos, será ajuizada a competente ação de cobrança, visando o ressarcimento integral", diz a nota desta terça (14).>
Pagamento Os mais de 17 mil inscritos no concurso que foi cancelado poderão optar pela isenção do pagamento no novo concurso ou pelo pedido de restituição.>
Uma plataforma online será disponibilizada pela administração a partir desta quarta-feira (15) para aqueles que optarem pelo ressarcimento. Quem quiser o dinheiro e volta terá até o dia 30 de junho deste ano para protocolar o pedido. >
Relembre O CORREIO teve acesso à deliberação do Ministério Público sobre o caso de Alagoinhas, assinada pela promotora Tereza Carvalho nesta terça-feira (7). Depois dos depoimentos de candidatos, do município e do Instituto Nosso Rumo, a Promotoria de Justiça recomendou que a prova fosse anulada.>
Os estudantes denunciaram 17 irregularidades ao MP, como por exemplo o fato dos fiscais não terem recolhido relógios e celulares dos candidatos. Ao invés disso, os próprios candidatos receberam um saco transparente, semelhante aos de supermercado para embalar verduras, para guardar os objetos pessoais. Ou seja, o recipiente não era lacrado, como é exigido - o lacre, neste caso, era apenas um nó dado pelos próprios participantes.>
Além disso, os concurseiros disseram também que os aparelhos celulares permaneceram ligados durante a prova, o que permitiu que algumas pessoas fotografassem as provas, o que foi comprovado por uma das candidatas, que divulgou a imagem da avaliação.>
Outra queixa de quem participou do certame é que alguns candidatos tiveram autorização para ir ao banheiro sem acompanhamento de um fiscal e com o celular em mãos, o que possibilitou consultas para a responder as questões do exame.>
Além disso, não foi permitido aos estudantes levar o caderno para casa, o que dificulta saber quais questões podem ser objeto de recurso. Os estudantes disseram também que não tiveram a identidade conferida antes de entrar na sala e que os fiscais não prestaram as devidas orientações.>
Houve registros de reclamações ainda em relação ao local de prova. Duas salas não estavam liberadas e algumas pessoas fizeram a avaliação com uma hora de atraso, o que gerou um tumulto. A Polícia Militar precisou ser acionada.>
O estudante Orlando Salles, 26 anos, foi um dos candidatos das 505 vagas do concurso e relatou algumas das irregularidades percebidas no dia da seleção.>
“No edital eles falaram que seriam três tipos de prova, A, B, e C, mas só teve o modelo A. Além disso, a mesma prova aplicada pela manhã foi aplicada à tarde, sendo que ela foi fotografada por algumas pessoas. A situação foi tão absurda que, em uma das fotos, é possível ver a fiscal sentada, enquanto o candidato registrava a imagem”, disse.>
Ele almejava uma das vagas de auxiliar administrativo e disse que não está seguro para fazer novamente a seleção. “Depois de tudo o que aconteceu, as pessoas estão desconfiadas em fazer uma nova prova. O melhor seria trocar a empresa que fez o concurso, mas já tivemos prejuízo de dinheiro, para quem pagou a inscrição, e de tempo, para quem estava estudando”, completou.>
Prova coletiva Uma das denúncias ao MP dizia que foi sugerido a alguns candidatos que fizessem a prova em grupo. Questionada, a empresa realizadora do certame informou para o MP que não houve aplicação de avaliação coletiva, mas que, depois do início do exame, alguns estudantes precisaram aguardar em uma cantina até as salas serem liberadas.>
Nesse momento, um dos coordenadores sugeriu que a avaliação fosse aplicada naquele mesmo local, em uma mesa redonda, com cadeiras de plástico, o que teria dado início à confusão de que o exame seria feito de forma coletiva. Depois de uma hora, o problema foi resolvido.>
Em relação à foto da prova, a empresa disse que adotaria as providências para identificar o candidato que infringiu o edital e afirmou que não houve negligência, permissão ou deficiência de nenhum coordenador fiscal. Disse ainda que os profissionais atuaram no estrito cumprimento do dever legal e que não houve indícios no uso de celulares ou relógios durante a aplicação das avaliações.>
O Ministério Público discorda. Na deliberação, o órgão afirma que “a falta de preparo dos fiscais e coordenadores é fato que foi ressaltado pela própria comissão de acompanhamento do concurso, havendo, inclusive, ofícios questionando o motivo pelo qual nenhum membro poderia comparecer aos locais de aplicação de prova”.>
O órgão listou outra série de deficiências na aplicação das avaliações, antes de recomendar a anulação desta fase do concurso. A assessoria do MP informou que a prefeitura se comprometeu a publicar a anulação no Diário Oficial desta quinta (9).>
De acordo com o edital do concurso público, os salários iniciais variavam de R$ 1.198,47 a R$ 2.715,63. Os aprovados teriam direito a vale-alimentação e vale-transporte. A taxa de inscrição custava R$ 44 para os cargos de nível médio e R$ 58 para os cargos de nível superior.>