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Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2019 às 21:49
- Atualizado há 2 anos
Em um ano, Matheus Moreno, 6 anos, deixou de ter dificuldades para segurar o lápis e conseguiu aprender a escrever o alfabeto. A evolução só foi possível com as atividades realizadas na Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA), localizada no bairro de Pituaçu, que atende pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), como Matheus. >
Com fundamental importância para a inclusão de pessoas com o transtorno, a AMA passava por crises e quase fechou suas portas. É nesse cenário que o Termo de Fomento entre a prefeitura e a instituição, no valor de R$ 380.478,70 por ano, surge como um apoio para que a associação continue oferecendo seus serviços.>
Assinado hoje pelo vice-prefeito, Bruno Reis, na sede da AMA, o apoio é comemorado por Neide Ferreira, que conta com os serviços da associação para educar seu filho Denisson Ferreira, 10 anos. Fora da escola devido à necessidade de uma Auxiliar de Desenvolvimento Infantil na sala de aula, é na Associação que o menino tem contato com o aprendizado escolar. “Ele tem as aulas dele e faz as tarefas dele aqui. Ele começou aqui há um ano, a disciplina melhorou muito. Ele faz muitas atividades, estuda, faz as tarefas e faz as atividades aqui do Ama”, conta a mãe da criança. Vice-prefeito Bruno Reis assinou acordo nesta quarta-feira (10) (Betto Jr. Correio/CORREIO) Expansão Com o apoio da prefeitura, a associação vai expandir o número de vagas para pessoas de 2 a 14 anos e já vai receber 38 novos estudantes no próximo semestre. O vice-prefeito explicou que o termo vai solucionar os problemas de custeio da associação. “A instituição não vai mais começar o mês sem saber se vai chegar ao final oferecendo o serviço”, comemorou o gestor.>
Atualmente, a instituição acolhe 236 pessoas com autismo no turno oposto da escola regular e tem um custo mensal de quase R$ 18 mil, segundo a presidente da AMA, Rita Brasil. “Nós passamos por uma série de dificuldades, mas com o apoio da prefeitura, vamos colocar o nosso coração mais tranquilo”, destacou Rita. >
A situação financeira da associação preocupava os familiares dos pacientes que contam com as atividades oferecidas no local.“Nós sabemos que a casa funciona de forma precária no sentido das despesas necessárias e que nós sabemos o quanto Rita luta para que a AMA continue funcionando”, disse Ana Márcia Souza, que é mãe de Samuel Souza, 8 anos, um dos pacientes da instituição.Na AMA, as pessoas com transtorno do espectro do autismo contam com o atendimento pedagógico, psicopedagógico, além de aulas de educação física, com natação, psicomotricidade e taekwondo - atividades que são fundamentais para a melhora dos sintomas do autismo. Os pais dos pacientes concordam com a importância do atendimento. “A AMA foi um divisor de águas na vida do meu filho. AMA fica no bairro de Pituaçu e atende a 236 crianças e adolescentes (Foto: Betto Jr./CORREIO) Quando ele começou aqui, ele não tinha nenhuma comunicabilidade. Hoje, ele está caminhando para aprender a ler e já escreve alguma coisa e tudo isso foi devido ao acompanhamento que ele tem aqui. Foi uma melhoria tanto comportamental, quanto no desenvolvimento pedagógico dele”, disse Márcia. >
Investimento O valor do apoio, assinado hoje, deve ser revertido no custeio da AMA desde o pagamento de contas até a contratação de profissionais, como um administrador e um porteiro. O secretário municipal de educação, Bruno Barral, comemorou a consolidação do apoio à instituição, que é a única da capital baiana a prestar serviços totalmente gratuitos de auxílio a pessoa com TEA. “O mais importante de tudo isso é que se consiga transformar uma política de governo em uma política de estado. Hoje é algo regular, tem um documento que comprova que esta instituição tenha vida perene e de longo prazo”, disse Barral.Além da ampliação do trabalho na própria sede, o convênio com a prefeitura também vai aumentar o apoio dado pela AMA para as escolas regulares do município que oferecem o atendimento educacional especializado. De acordo com Rita Brasil, são 146 estudantes com autismo nas escolas públicas de Salvador. >
”Nosso objetivo é atender a um grande público com palestras, formação, convocação de apoio e orientação ao grupo todo de professores e também a formação dos professores da nossa instituição”, explicou.>
O vice-prefeito também anunciou hoje (10), durante a assinatura do termo na sede da AMA, a assinatura das ordens de serviço para a elaboração dos projetos executivos para a construção da sede no valor de mais de R$ 150 mil.>
Para a presidente da instituição, a construção da nova localidade é de extrema importância para ampliar os serviços ofertados pela AMA e reduzir a lista de espera, que já chega a cerca de mil pessoas com autismo, além de beneficiar, direta e indiretamente, quase 45 mil pessoas com autismo que residem em Salvador. “A gente pretende até o final do ano que vem estar no nosso espaço com um grupo muito maior e com uma equipe multidisciplinar para atender também fonoaudiologia, terapia ocupacional. Assim, esperamos que a equipe de saúde também chegue até nós”, ponderou a gestora. Mães comemoraram investimento (Foto: Betto Jr./CORREIO) Parcerias Além do termo assinado hoje, a prefeitura também apoia a associação de outras formas. Em maio de 2019, foi assinado um acordo entre a gestão municipal, por meio da Sempre, para a oferta de serviço de proteção social especial para 217 crianças, jovens e adultos com autismo. >
Com o valor anual de R$ 490 mil, o termo tem vigência de 36 meses. Através da Secretaria Municipal de Educação, a prefeitura já fazia a cessão de 33 professores para atuarem na instituição.>
A prefeitura é parceira de outras entidades que prestam atendimento a pessoas com deficiência, como a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Salvador (Apae), o Núcleo de Atendimento à Criança com Paralisia Cerebral (NACPC), o Instituto Bahiano de Reabilitação (IBR), o Instituto Guanabara, Instituto de Cegos, Associação Bahiana de Reabilitação e Educação (ABRE), a Associação de Pais e Amigos de Deficiente Auditivo da Bahia (APADA) e a Associação Bahiana de Equoterapia.>
O autismo O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno no desenvolvimento que geralmente afeta a criança entre 0 a 3 anos de idade, quando começam os sintomas. As principais características da pessoa com TEA é a dificuldade de interação social, comunicação e condutas comportamentais. >
De acordo com a presidente da AMA, atualmente, não existe uma característica que define o que de fato é o autismo. Ela ressalta, entretanto, que a patologia tem várias origens, delas, a mais forte é o fator genérico.>
Para tratar o TEA e amenizar os sintomas, é necessário o trabalho com uma equipe multidisciplinar, inicialmente com o acompanhamento de um fonoaudiólogo, que, depois faz o encaminhamento do paciente. Rita aponta ainda que o básico é a intervenção precoce e manutenção da pessoa com autismo na escola regular para receber o atendimento com as outras crianças e trabalhar a partir das dificuldades.*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier>