Após protesto, Alemanha diz que não devolverá fóssil de dinossauro brasileiro

Cientistas brasileiros fizeram um 'tuitaço' para denunciar irregularidade na posse do artefato

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  • Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2021 às 18:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração por Márcio L. Castro

O Museu de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha, anunciou que não devolverá ao Brasil o fóssil do Ubirajara jubatus, primeiro dinossauro não aviário encontrado com penas preservadas na América Latina.

Questionada, a instituição afirmou que, quando recebeu o fóssil, a convenção internacional que estabelece a devolução dos artefatos ainda não havia entrado em vigor e que, por isso, o fóssil seria legalmente de propriedade alemã. 

“Ele [fóssil] foi adquirido antes da entrada em vigor da Convenção da Unesco sobre os Meios de Proibir e Prevenir a Importação, Exportação e Transferência Ilícita de Propriedade de Bens Culturais e foi importado em conformidade com todas as regulamentações alfandegárias e de entrada”, justificou a instituição.

A decisão do Museu desagradou aos paleontólogos brasileiros, que foram às redes sociais denunciar a instituição por violação das leis internacionais e da legislação brasileira.

No Twitter e Instagram, os pesquisadores usaram #UbirajaraBelongstoBR  (Ubirajara pertence ao Brasil) para dar notoriedade à causa. A hashtag já havia sido utilizada em dezembro do ano passado, quando a descoberta do Ubirajara jubatus foi publicada na revista científica Cretaceous Research.

Na época da publicação do artigo, um dos autores, o paleontólogo britânico David Martill, afirmou que gostaria de devolver os artefatos brasileiros, mas que estava feliz por não ter feito.

“Eu ficaria muito feliz de ver todos os fósseis brasileiros ao redor do mundo devolvidos ao país, como eu já disse muitas vezes. Felizmente, isso não aconteceu dois anos atrás, pois agora todos eles estariam reduzidos a cinzas após o trágico fogo que destruiu o maravilhoso Museu Nacional do Rio”, disse à Folha de S.Paulo.