Após renúncia de Evo, Bolsonaro defende voto impresso no Brasil

Já o ex-presidente Lula afirmou que houve um golpe na Bolívia

Publicado em 10 de novembro de 2019 às 20:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo AFP

O presidente da República, Jair Bolsonaro, fez uma defesa da aplicação do voto impresso no Brasil, em sua primeira manifestação pública a respeito da saída de Evo Morales do posto de presidente da Bolívia. Morales renunciou pela televisão na tarde deste domingo, 10, e se disse vítima de um golpe. "Denúncias de fraudes nas eleições culminaram na renúncia do Presidente Evo Morales", escreveu o presidente no Twitter. "A lição que fica para nós é a necessidade, em nome da democracia e transparência, de contagem de votos que possam ser auditados. O voto impresso é sinal de clareza para o Brasil!", afirmou. Bolsonaro foi autor de uma proposta legislativa que levou à aprovação do voto impresso nas eleições no País, medida que foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A saída de Evo Morales se deu após três semanas de protestos contra sua polêmica reeleição e menos de uma hora depois de perder o apoio das Forças Armadas. "Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não sigam perseguindo dirigentes sociais", disse Evo, referindo-se aos líderes opositores que convocaram protestos contra ele desde o dia seguinte às eleições de 20 de outubro. Morales era o presidente latino-americano há mais tempo no poder. Além de Evo, o vice-presidente Álvaro García Linera também anunciou sua demissão. "O golpe de Estado se consumou", afirmou.

Ex-presidente comenta O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, 10, no Twitter que houve um "golpe de Estado" na Bolívia. Lula afirmou que o presidente Evo Morales foi obrigado a renunciar. O ex-presidente disse que é "lamentável" que a América Latina tenha uma elite econômica que "não saiba conviver com a democracia e com a inclusão social dos mais pobres".

Irregularidades Pela manhã, Morales havia anunciado a convocação de uma nova eleição, em substituição à ocorrida em 20 de outubro, e também havia prometido mudança total do corpo eleitoral. Foi uma reação após tomar conhecimento de um relatório preliminar da Organização dos Estados Americanos (OEA) que encontrou irregularidades no pleito e recomendou novas eleições. "Decidi renovar o Supremo Tribunal Eleitoral e convocar novas eleições. Todos temos que pacificar a Bolívia", disse Morales em comunicado à imprensa, sem mencionar o relatório da OEA. A comissão de auditoria da OEA apontou que o "processo estava em desacordo com as boas práticas e os padrões de segurança não foram respeitados", segundo o secretário Luis Almagro, em sua conta no Twitter. "Por conta das irregularidades observadas, não é possível garantir a integridade dos dados e dos resultados", disse Almagro.Itamaraty Até o momento, o Ministério das Relações Exteriores ainda não comentou a renúncia. A última manifestação foi feita antes do anúncio de Evo Morales de que estava deixando o cargo. Em nota pública, o Itamaraty disse que era "pertinente" a realização de novas eleições presidenciais na Bolívia e cobrou "absoluta transparência e legitimidade" no novo pleito. A nota do Itamaraty, ao mencionar o relatório da OEA, afirmou "profunda preocupação" do governo brasileiro "com as graves irregularidades ali apontadas, que desqualificam o pleito e levam à necessidade de convocação de um novo processo eleitoral" O ministério acrescentou que são "legítimas as manifestações do povo" e define como "pertinente" a convocação de novas eleições, "após a constatação das graves irregularidades". "O novo sufrágio deve ser presidido por autoridades reconhecidas por sua honorabilidade e credibilidade para garantir o soberano desejo dos bolivianos, e contar com observação internacional em todas as etapas do processo", disse ainda na nota o Itamaraty, que ainda não se manifestou após a renúncia.