Aprenda a lidar com os 5 cinco vilões do bolso durante a pandemia

Seja um herói das finanças e veja o que deve ser feito para tentar combatê-los antes de cair no endividamento

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  • Priscila Natividade

Publicado em 11 de maio de 2020 às 05:43

- Atualizado há um ano

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Quem nunca comprou por impulso após um e-mail cheio de ofertas ou passou do limite quando viu na fatura do cartão de crédito a cobrança de uma sequência de deliverys de pizza no mesmo mês?  Diante da redução de renda, aumento de gastos com as despesas essenciais e até mesmo das pressões emocionais em meio ao isolamento social, o bolso também vai precisar combater os perigos do impacto do novo coronavírus. O cenário pede cautela com os gastos, que acabam ficando mais sensíveis aos impulsos de consumo e lá na frente podem levar ao endividamento.

Diante da pandemia, a pedido do CORREIO, especialistas em finanças pessoais destacaram os cinco maiores ‘vilões’ que podem provocar uma reviravolta no orçamento nesse momento (veja abaixo). Entre eles é possível destacar, por exemplo, as compras impulsivas em lojas online, os gastos com aplicativos, sobretudo os de delivery, os excessos na ida ao supermercado, linhas de crédito de fácil aprovação e uso e a perda de renda.

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A palavra do momento é readequação, como destaca a economista do aplicativo de finanças pessoais Guiabolso,  Yolanda Fordelone. “Um primeiro efeito se dá sobre a renda. A perda de renda é uma realidade que se não atingiu a pessoa ainda pode impactá-la nos próximos meses”.

Por isso, o consumidor tem que entender esse novo equilíbrio de gastos e colocar um limite para eles, como ressalta a mesma economista. “Vimos também que alguns bancos estão ampliando o limite do cheque especial, o que é uma corda para que as pessoas se enforquem nesse período. Se possível, até como uma forma de prevenção, reduza o limite do cheque especial e do cartão de crédito para não correr o risco de se enrolar”.

A seguir confira os vilões, mas também algumas estratégias para detê-los:

OS CINCO PRINCIPAIS VILÕES DO ORÇAMENTO NA PANDEMIA

1. Compras por impulso em lojas virtuais O isolamento social e o cenário de pandemia facilitam o gatilho das ‘compensações’. O fato também das lojas físicas de shoppings estarem fechadas aumenta o apelo de promoções. Logo, vai chover e-mails e posts patrocinados com descontos bem tentadores. É aí que mora o risco de se exceder nas compras com cartão de crédito e por impulso.

Para a especialista em finanças pessoais da plataforma de investimentos Magnetis, Mariana Congo, é preciso manter o controle. “É importante procurar sempre gastar com cautela e de forma consciente. Isso significa ficar longe das compras por impulso e das que podem atrapalhar o bom andamento do planejamento financeiro ao longo dos meses”, afirma.  'O planejamento financeiro é o primeiro passo para equilibrar a renda', afirma Mariana Congo, da Magnetis (Foto: Divulgação) O que fazer? Um boa dica é se descadastrar de e-mails de promoção. Fica aqui também a dica de antes de fechar o carrinho e ir para a aba de pagamento fazer aquela pergunta: 'eu realmente preciso comprar isso agora?'.  “O planejamento financeiro é o primeiro passo para equilibrar renda e gastos. Pergunte-se sempre se você está fazendo a escolha mais eficiente que poderia ao fazer uma compra. Essa reflexão já vai ajudar bastante”, afirma a especialista.

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2. Gastos com aplicativos de delivery Tempo integral em casa e mais as demandas do home office e da rotina de aulas online dos filhos acabam colocando a solução de uma refeição mais rápida ao alcance de um aplicativo. Um dia, para variar, tudo bem. Dois na semana, tranquilo, até porque tem mais de um mês e meio que não dá para almoçar fora. Porém, três dias ou mais da semana só pedindo delivery vai impactar o orçamento. E como vai.

“A maioria dos aplicativos já possuem o cartão de crédito cadastrado, desse  modo, na medida que for realizando pedidos, se o consumidor não acompanhar poderá perder o controle com esta despesa”, chama atenção a consultora financeira, Kamila Santos. 'É saber dosar', recomenda a consultora financeira, Kamila Santos (Foto: Priscila Marinho/ Divulgação) O que fazer? A recomendação é estipular um valor mensal para gastar com esse serviço, como explica Kamila: “Esse é um momento que exige muito equilíbrio, e não só financeiro, mas também emocional para que a gente não se perca em gastos desnecessários. Parecem pequenos gestos, mas que refletem na conta do final do mês e geram uma economia anual. É saber dosar. Apesar de serem muito úteis nesse momento, os serviços de delivery podem acarretar um custo extra e acabam assustando quando a fatura chega”.

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3. Comprar além da conta na ida ao supermercado A pandemia acabou também despertando aquela sensação de que é preciso estocar coisas além de aumentar os gastos com produtos de higiene e limpeza. Muita gente tem jogado de tudo no carrinho.

Seja na hora de comprar um lanche a mais ou três frascos de água sanitária, quando um é suficiente para aquele período, o fato é que a ida ao supermercado pode tirar o orçamento do rumo se as compras não forem bem planejadas.  “Faça listas de compras bem pensadas, baseadas nas suas reais necessidades de consumo”, conforme recomenda o criador do aplicativo de gerenciamento financeiro Mobills, Carlos Terceiro. 'Os impactos da covid-19 na economia têm refletido diretamente na renda das pessoas', analisa Carlos Terceiro, da Mobills (Foto: Yago Sampaio/ Divulgação) O que fazer? O tempo que as famílias estão em quarentena é suficiente para identificar as mudanças de consumo que ocorreram neste período e adaptar os gastos com supermercado com base nisso. “Em geral, os impactos da covid-19 na economia têm refletido diretamente na renda das pessoas e isso impacta também o cuidado com as finanças pessoais. Outra grande mudança tem sido em relação aos padrões de consumo com as pessoas em casa. É importante reavaliar isso”, completa Terceiro.

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4. Contratação de novas linhas de crédito Se por um lado o consumidor perdeu renda por conta da pandemia, por outro, as instituições financeiras chegam com inúmeras ofertas de crédito que acabam sendo uma alternativa para tentar recompor esta perda. Porém, buscar este tipo de recurso só deve ser feito em casos extremos, como aconselha a economista, Bruna Allemann.

“O maior problema que estamos tendo hoje é a facilidade e a redução de taxas de linhas bancárias sendo oferecidas a todo instante para as empresas e população. Vendo isso, se pensa logo em ganhar aquele folego. Mas e ai? Como está sua vida financeira para arcar com esta dívida de longo prazo?”, questiona. 'Tente reduzir os custos das contas e depois verifique se há real necessidade de contratar um crédito', diz a economista Bruna Alleman (Foto: Divulgação) O que fazer? Outro apelo está no prazo. A economista destaca que muitas destas ofertas estão dando de 90 a 120 dias para começar a pagar as parcelas. “Tente reduzir custos e contas, depois verifique se existe a real necessidade, principalmente, observando a estabilidade do seu emprego e condições para assumir aquela dívida”, completa.

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5. Perda de renda Segundo dados do Ministério da Economia, até o momento, passa de de 6,6 milhões, o número de trabalhadores que tiveram a jornada de trabalho reduzida ou suspensa no país após a adesão ao Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, em vigor desde o início do mês passado.

A perda de renda e a redução da capacidade de consumo vai exigir uma mudança do padrão de vida, como pontua a economista do aplicativo de finanças pessoais Guiabolso, Yolanda Fordelone: 

“O principal cuidado que vale para todos é não usar o dinheiro com coisas desnecessárias ou compras que poderiam ser feitas daqui a alguns meses. Quem ainda não foi afetado pela crise no lado de perda de renda pode ser impactado nos próximos meses. Então o momento é de guardar o máximo possível”, recomenda. 'O ideal é aproveitar o momento para viver um degrau abaixo', aconselha Yolanda Fordelone, do Guiabolso (Foto: Divulgação) O que fazer? Esse cuidado vale sobretudo para pessoas que vão receber uma renda diferente da usual, como o auxílio do governo, a restituição do Imposto de Renda, os aposentados com adiantamento do 13º salário ou o saque do FGTS. “O ideal é aproveitar o momento para viver um degrau abaixo, economizar e já se preparar para caso a perda de renda se prolongue ou se aprofunde”, defende a economista.