Aras pede para Moraes deixar inquérito contra Salles, mas ministro nega

PGR argumentou que relatoria devia ser de Cármen Lúcia

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de maio de 2021 às 11:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo ABr

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, para deixar a relatoria do inquérito sobre exportação ilegal de madeira que gerou buscas contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. 

Aras argumentou no pedido, entregue na terça (25) ao STF, que o caso deveria ser entregue à ministra Cármen Lúcia, que é relatora de outro caso envolvendo o ministro - uma notícia-crime apresentada pelo ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, Alexandre Saraiva. Nela, Saraiva afirmou que o ministro teria atrapalhado o trabalho de apuração da maior apreensão de madeira no país.

Ainda ontem, Moraes respondeu à solicitação, que classificou de "sui generis". O ministro diz que os casos são diferentes e não há dúvidas de que cabe a ele a relatoria no caso da exportação ilegal, referência a um comentário do PGR de que em caso de dúvida a presidência da STF deveria ser consultada.

A investigação que é relatada por Moraes deu origem à operação Akuanduba, deflagrada no dia 19 de maio, que investiga uma exportação ilegal de madeira do Brasil para os EUA e Europa. Ela envolve agentes do Ibama. 

Moraes autorizou a ação a pedido da PF, que apontou um esquema de "facilitação ao contrabando de produtos florestais" que envolveria o próprio ministro, gestores da pasta e do Ibama.

Os dez servidores do Ibama e do ministério investigados foram afastados do cargo - todos, menos o próprio Ricardo Salles. Eles foram identificados como Eduardo Bim, Leopoldo Penteado, Vagner Tadeu Matiota, Olimpio Ferreira Magalhães, João Pessoa Riograndense Moreira Jr., Rafael Freire de Macedo, Leslie Nelson Jardim Tavares, André Heleno Azevedo Silveira, Arthur Valinoto Bastos e Olivaldi Alves Azevedo Borges.

O relatório da PF diz que os investigados, a pedido de exportadoras, expediram regulamentações para liberar cargas que já haviam sido embargadas em países da Europa e nos EUA.