Árbitro brasileiro é o primeiro juiz Fifa a se declarar gay

Afirmou que há mais homossexuais no futebol: "Somos muitos"

Publicado em 8 de julho de 2022 às 14:01

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Reprodução / Foto: Marcos Ribolli

Em um ambiente totalmente machista e preconceituoso, um árbitro se destacou após revelar que é homossexual. Igor Benevenuto, de 41 anos, tomou coragem e se tornou o primeiro juiz a fazer a manifestação publicamente. Ele, que é de Minas Gerais, comentou que não tem mais medo de esconder o óbvio. 

"Meu nome é Igor Junio Benevenuto de Oliveira. Sou árbitro de futebol. A partir de hoje, não serei mais as versões de Igor que eu criei. Não serei o Igor personagem árbitro, personagem para os amigos, personagem para a família, personagem dos vizinhos, personagem para a sociedade hétero. Serei somente o Igor, homem, gay, que respeita as pessoas e suas escolhas. Sem máscaras. Somente o Igor. Sem filtro e finalmente eu mesmo", disse ao podcast do GE, Nos Armários dos Vestiários. 

O árbitro afirmou que cresceu odiando o ambiente futebolístico por causa "do machismo e preconceito disfarçado de piada". Ele já sabia que era gay, mas precisou esconder sua orientação sexual. "Não havia lugar mais perfeito para esconder a minha sexualidade. Mas jogar não era uma opção duradoura, então fui para o único caminho possível: me tornei árbitro", contou. 

Ele reforçou que dentro do campo, sua função é apenas ser um juiz que quer respeito. "Tenho atração por homens e não sou menor por isso. Não estou no campo por isso. Não estou procurando macho, não estou desejando ninguém", disse. Vale lembrar que há pouco tempo, outro membro do mundo do esporte exigiu compreensão: Richarlyson."Não estou ali para tentar nada. Quero respeito, que entendam que posso estar em qualquer ambiente. Não é porque sou gay que vou querer transar com todo mundo, vou olhar para todos. Longe disso. Eu só quero respeito e o direito de estar onde eu quiser".Por fim, Igor revelou que há mais homens gays, bissexuais e outras orientações que estão dentro do ambiente do esporte. "Nós, os gays no futebol, somos muitos. Estamos em toda parte. Mas 99,99% estão dentro do armário. Tem árbitro, jogador, técnico, casados, com filhos, separados, com vida dupla... Tem de tudo. Eu brinco que temos um Wi-Fi ligado constantemente e que se conecta com o outro mesmo sem querer. Nós existimos e merecemos o direito de falar sobre isso, de viver normalmente", finalizou.