Arena Aquática de Salvador volta a receber atletas

Retorno é só para nadadores que treinam no local; iniciantes e alunos de hidroginástica ainda não podem comparecer

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  • Wendel de Novais

Publicado em 10 de setembro de 2020 às 05:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Em metade dos horários utilizados no período pré-pandemia e com quase 13% do quantitativo de frequentadores. Foi assim que a Arena Aquática de Salvador voltou a ver as tradicionais braçadas em suas piscinas nesta quarta-feira (9/9). Ao invés de doze horas de aula espalhadas durante todo o dia, agora, só durante seis horas - três pela manhã e três pela tarde - as raias do local estarão ocupadas. Dos 700 frequentadores da arena, apenas 90 poderão usufruir do espaço na primeira fase do retorno, todos atletas.

A notável diminuição do número de presentes acontece para adequar a arena aquática ao protocolo projetado para o retorno seguro das atividades. Segundo informações da gerência do local, só essa quantidade de pessoas e horários de aula permitiria que a volta acontecesse de maneira organizada e com tempo para higienização que vai manter em segurança os nadadores, professores e servidores que vão voltar à ativa.  Funcionário higieniza corrimão da piscina ((Foto: Nara Gentil/CORREIO)) Quem pôde voltar, não escondeu a felicidade de poder nadar nas piscinas que, antes da pandemia, faziam parte do cotidiano. Ansiosos e com sorrisos que mesmo cobertos por máscaras eram notados, os atletas falaram sobre a longa espera e a sensação de retornar.  "Tô muito feliz com essa volta. Tanto que ontem de noite eu nem dormi direito. Ficar em casa estava sendo horrível. Minha preocupação mesmo é se vão respeitar as regras, mas acredito que vão. Por isso, tô feliz da vida. Eu amo nadar e senti muita falta disso aqui", fala Mel Sampaio, 11 anos, que treina na arena. Mel nem conseguiu dormir de tanta ansiedade para reabertura da arena ((Foto: Wendel de Novais/CORREIO)) A volta também foi sinônimo de nervosismo para alguns atletas. Depois de tanto tempo fora das piscinas, Gabriela Santos, 12, disse sentir um frio da barriga antes de iniciar o treino. "Eu estava muito ansiosa e tô até um pouquinho insegura porque faz muito tempo que não nado. Não vejo a hora de voltar a competir. Tínhamos aula on-line, mas era só exercício. A gente fazia os exercícios e depois não tinha piscina pra nadar e eu ficava morrendo de vontade de voltar logo. Tô muito contente com a volta", diz a jovem nadadora. Gabriela sentiu frio na barriga ao retornar para os treinos depois de meses parada ((Foto: Wendel de Novais/CORREIO)) Luca Fonseca, 12, afirmou que a natação fez falta e ressaltou a importância de se manter saudável. "Treinar é muito bom. Não só por ser uma coisa que eu gosto, mas porque ajuda a me deixar saudável, mesmo que não seja igual ao que era antes", fala. A diferença no dia a dia da arena a partir de agora não incomoda Isis Martinez, 9. A pequena falou que o importante mesmo é voltar a nadar. "É, a mudança é pro nosso bem. Minha mãe falou isso pra mim. Então, fico feliz porque gosto de nadar. Mesmo que seja bem diferente com poucos nadadores e menos aulas, pra mim, é muito bom retornar", conta.

Protocolo

As mudanças não ficaram apenas no quantitativo de aulas e alunos presentes no local. A arena teve que adaptar o seu funcionamento ao período pandêmico que a cidade vivencia e implantou diversas mudanças na logística. Edvaldo Valério, medalhista olímpico e atual gerente de esportes aquáticos da Secretaria Municipal de Trabalho, Esporte e Lazer, falou sobre as adaptações. "Nos preparamos para um retorno que respeitasse todos os protocolos. Aferição de temperatura, distanciamento social e o não uso de equipamento da arena são uma das mudanças. No caso do equipamento, os atletas agora trazem de casa para uso individual e exclusivo e não fornecemos mais material pra evitar o compartilhamento. E, mesmo trazendo o material de casa, os alunos precisam higienizar seus itens pessoais ao chegar aqui", conta. Nadadores precisam ter temperatura aferida na entrada da arena ((Foto: Nara Gentil/CORREIO)) Ao contrário do que se pode pensar, não há a possibilidade de transmissão do coronavírus pela água da piscina. Isso é o que garante Matheus Todt, infectologista, que diz que a maior possibilidade de transmissão estaria num contato próximo das pessoas sem máscara. “O mau das piscinas e parque aquáticos é que ninguém entra na água de máscara. Então, isso obriga que os nadadores retirem a máscara em algum momento, o que pode não oferecer risco se, no momento em que precisam tirar o equipamento de proteção, os presentes estiverem respeitando o distanciamento social. Dentro da água, não tem problema porque a quantidade de cloro em uma piscina é suficiente para acabar com o vírus”, afirma. 

Para respeitar o distanciamento necessário, cada raia da piscina será ocupada por apenas um atleta, o que garante a distância mínima para deixar os nadadores seguros. "Na piscina, é cada um por raia. As raias têm um distanciamento de 2,5m entre si, o que respeita a norma do protocolo. Isso influencia no quantitativo de atletas nadando. Temos 15 raias disponíveis nas duas piscinas por aula. Como são seis aulas por dia, recebemos agora somente 90 atletas por dia. Antes, recebíamos 700", conta.

Sobre a volta dos outros frequentadores, Valério afirmou que é necessário esperar que a situação da capital baiana fique segura a ponto de intensificar de forma segura o retorno progressivo de quem frequentava a arena

Ganho esportivo

O retorno da arena representa, para os 90 atletas que voltaram a treinar, uma possibilidade de retomar o tempo em que ficarão parados sem exercer a atividade fundamental do esporte e uma forma de se preparar para um mundo após a pandemia, em que as competições de natação poderão acontecer novamente. Pelo menos é esse o pensamento de Gabriela. "A gente vem aqui pra treinar e se preparar pra competição. Não tenho outro lugar pra fazer isso. A reabertura vai me ajudar a voltar com tudo", declara. Mel também comemorou o ganho esportivo da volta e já visa futuras competições. "Nossa, pra gente que treina, a permissão da abertura foi demais. Agora, vou poder me preparar melhor para competir quando tudo voltar cem por cento ao normal", diz. Atletas durante o treino ((Foto: Nara Gentil/CORREIO)) Tiago Alves, que é treinador da arena, também destacou a importância da abertura. "Durante a pandemia, realizamos treinos on-line, mas sabemos que não é a mesma coisa porque a natação é muito específica. A nossa maior preocupação é que esses atletas possam voltar ao nível em que eles estavam antes do coronavírus. Eles estavam em uma forma de excelência pra competição e essa volta para quem os treina é fundamental”, fala. O treinador também falou sobre o sentimento para o retorno do trabalho depois de tanto tempo. “É fenomenal, cara. Dar uma pausa no ritmo intenso que temos aqui de treinamento e preparação foi complicado. De uma hora pra outra, perdemos o contato direto com os atletas, o que nos prejudicou. Instruir eles presencialmente para o crescimento de cada um e eu fico feliz demais em poder fazer isso novamente”, conclui.

A arena aquática, que também fornece aulas para iniciante e hidroginástica para idosos, só sediará treinos com duração de 50 minutos para cada turma de nadadores, que representam pouco mais de 10% do público que frequentava o local anteriormente.

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro