Arquipélago de Abrolhos não possui mancha de óleo, diz Ibama

Marinha aponta que a tendência é que as manchas sigam no sentido sul da Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 30 de outubro de 2019 às 16:54

- Atualizado há um ano

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Os alertas estão ligados em relação a uma possível entrada da mancha de óleo  na região de Abrolhos e a proximidade do perigo fez o monitoramento ser intensificado. Apesar da atenção, por enquanto, a região do Parque Nacional de Abrolhos, que fica na altura de Caravelas, no Extremo Sul do Estado, não foi afetada. “Tudo absolutamente limpo, como no dia da Criação”, afirmou o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Alves.

O superintendente sobrevoa o local nesta quarta para checar a situação da região. Nas imagens geradas a partir do sobrevoo, é possível avistar manchas pretas no solo. Alves explica que os borrões são sombras das nuvens. “Perceba que há manchas também nas áreas secas. Como sobrevoamos muito tempo dava pra ver elas se movendo e até mudando de forma”, explica.

Na região, são realizados sobrevoos com frequência e navios também monitoram a água. Em nota divulgada nesta quarta, o Grupo de Avaliação e Acompanhamento (GAA) informa que a tendência do óleo é se deslocar no sentido sul da Bahia, por isso, há a intensificação do monitoramento na área do entorno do Arquipélago de Abrolhos.

Leia tambémConfira mapa de locais atingidos por mancha de óleo na Bahia   O grupo aponta que a intenção é ampliar a cobertura para a visualização de manchas na água. Se forem encontradas, as manchas devem ser recolhidas. Segundo a nota, pelo menos, 10 navios devem atuar na região.. “Os navios deslocados para o Arquipélago ficarão posicionados na área constante do mapa, de modo a monitorar uma área de cerca de 22 mil quilômetros quadrados no entorno do Arquipélago de Abrolhos”, afirmou nota.

Mais dois navios ainda devem se juntar à equipe de monitoramento a partir da próxima sexta-feira (1º). Uma das embarcações, o OSVR  “Agressor" da Petrobras já está atuando na região, informou o superintendente da Petrobras. Navio da Petrobras monitora a região do parque (Divulgação/Ibama) Em nota, a Marinha ainda afirma que os trabalhos no mar envolvem a mobilização de barcos pesqueiros e as embarcações que passam na região. Os navios que navegam próximo ao Arquipélago de Abrolhos recebem uma mensagem de rádio que solicita que estes avisem caso consigam avistar manchas de óleo no mar. O Ibama ainda monitora a região sul do estado por meio de um satélite.

Ações na capital Em Salvador, o prefeito ACM Neto comentou a situação do óleo na Bahia. O gestor municipal diz ter visto imagens muito preocupantes de Ilhéus e que a proximidade de Abrolhos preocupa pela dificuldade em mitigar os danos na região. “O que a gente tem ouvido das autoridades federais é que eles estão mobilizando todos os esforços possíveis para descobrir as causas e responsabilizar os culpados. Eles também dizem que é um fato inédito”, afirma.Ações na capital

De volta de uma viagem para Brasília, Neto informa que as ações de resposta ao óleo em Salvador são reconhecidas como as melhores entre as cidades atingidas. “Em termos de pronta resposta, urgência da resposta, da quantidade de pessoas envolvidas, no trabalho e nos equipamentos disponibilizados, nós cumprimos nosso papel. Vamos continuar trabalhando na limpeza fina das nossas praias”, pontua.

Neto diz esperar que novas manchas de óleo não atinjam a capital. Para ele, é necessário obter uma conclusão sobre o desastre. “Para não alimentar divergências políticas e não aguçar o enfrentamento político em um assunto tão sério, prefiro confiar na palavra das autoridades federais de que eles estão fazendo o possível para tentar identificar mas não conseguiram ainda”, completou.

Biodiversidade de Abrolhos Abrolhos possui a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul. O Banco de Abrolho é o berçário das baleias jubarte na parte sul do oceano e é na região que ocorrem espécies endêmicas, como o coral cérebro que só existe no local. Por essas características, o coordenador geral do projeto baleia jubarte, Eduardo Camargo, afirma existir uma grande preocupação com a proximidade do óleo.

Mesmo com as ações de monitoramento, Camargo diz que a expectativa é de que o petróleo cru chegue ao Parque Nacional de Abrolhos. “Os processos de óleo têm sido pautados pela incerteza. É difícil falar de impactos, mas a certeza é que se tiver a quantidade muito, o grande impacto vai se estender por todo habitat”, afirma. 

Para ele, o risco do desastre comprometer a região de forma muito significativa é grande. Ainda segundo ele, o turismo e a pesca na região já estão sendo afetados.

Camargo aponta que os esforços são para identificar a mancha de óleo com antecedência para que seja possível tentar conter o avanço para Abrolhos. “Qualquer quantidade que a gente consiga retirar contribui para minimizar o impacto”, pontua.

Segundo o coordenador, moradores da região que trabalham com a questão ambiental foram capacitados para atender animais oleados. Com o treinamento, as pessoas aprendem a pegar os animais e encaminhar para os órgãos adequados.

Pesquisadores avistam mancha de óleo Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) afirmaram ter avistado uma mancha de óleo no extremo sul do estado. O Ibama nega que o borrão encontrada seja do resíduo.

Ao CORREIO, o superintendente do Ibama afirma que as sombras geradas pelas nuvens não são confundidas com óleo pelas equipes do instituto nem da Petrobras. “Quem trabalha com isso todo dia não faz essa confusão”, disse. Alves ainda explicou que o indicado é checar a presença do óleo com outras fontes, buscar fotos da região e enviar embarcações e helicópteros para checar a presença da mancha.

A Marinha também negou a existência da mancha de óleo no mar, em nota oficial desta quarta. Segundo o texto, foram feitas avaliações, monitoramento e consultas aos especialistas empresa ITOPF, que auxilia o governo no combate ao desastre, para descartar a presença do resíduo. "Segundo especialistas do ITOF, ela possui diversas características, podendo ser nuvem, fenômeno da ressurgência no mar etc”, informou. As informações são do Estado de S. Paulo.

Até o momento, foram retiradas 2 mil toneladas de óleo das praias do Nordeste, segundo a Marinha. De acordo com o Ibama, são 282 localidades atingidas em 97 municípios dos nove estados da região. Na Bahia, são 25 cidades atingidas pelo óleo, das quais foram retiradas 330 toneladas do litoral, segundo o Inema.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro