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Cesar Romero
Publicado em 18 de maio de 2020 às 20:34
- Atualizado há um ano
A escolha para ser um artista plástico, parece fácil. É só ter pendores pelo desenho, colorir e copiar a natureza. Mas não é isso que faz um artista. Pode até se tornar um pintor, com recursos técnicos, mas não basta. O que vale é a criação de uma digital, intransferível, uma inventiva poderosa que dá ao autor um poder de originalidade, mesmo com influências de outros artistas ou escolas.
O artista tem sempre algo a mais para dar, que só ele é capaz. Algo que venha de sua vida instintiva profunda, da sua essência, no contínuo processo de experimentações, resolvendo equações visuais. Exige ânimo, empenho, vontade, ver o que não foi visto, mesmo que o tema seja de extrema visibilidade. O artista vê o “invisível” das coisas. Um fazer continuado depois da descoberta da fonte, que deve ser revisada no poder das transfigurações.
Para ter um poder único de imagens, não são necessárias, a cultura culta, os cursos, os mestres. O essencial é a inteligência visual, o poder de improviso que a experiência dá o senso de observação, os deslocamento e reagrupamento das linhas, das formas e das cores. Exemplos disso: Henri Rousseau (1844–1910); Alfredo Volpi (1896–1980); Arthur Bispo do Rosário (1911–1988); Adelina Gomes (1916–1984); Antonio Poteiro (1925–2010) e Mestre Vitalino (1909–1963). Estes artistas tinham poderosa intuição.
Geralmente, os artistas de grande cultura, de formação em escolas refinadas, se tornam reféns das suas teorias e na prática perdem a naturalidade, o ser espontâneo e isso os prendem no fazer. Deveriam deixar aos críticos de arte as análises fundamentadas. Ter acompanhamento crítico. Não aqueles “críticos” que descrevem as obras como dever de casa, frases chavões e sem identidade com o trabalho do artista e que servem para todos. É só mudar o nome do artista e da exposição. É complexo falar de artistas e críticos, é como Teoria Literária, cada um tem “seu achado” e questões mais aprofundadas muitas vezes ficam ao largo.
Uma coisa que o artista e o crítico sofrem é a dificuldade financeira. Não se conhece no Brasil nem artista, nem crítico que tivesse ficado rico no exercício estrito de suas escolhas. Alguns vivem bem de suas produções e outros têm que ter fontes alternativas de renda, como ensinar em escolas e universidades quando tem habilitação, fazer palestras, seminários, escrever livros, fazer logomarcas, trabalhar em agências de publicidade, pesquisas, curadorias, produzir eventos ligados à arte, juris de Salões Oficiais, cursos de arte, atuar em galerias e seus produtos. É sofrido não se poder viver exclusivamente da escolha principal.