Arthur do Val retira candidatura ao governo de SP após divulgação de áudios

Deputado federal falou que mulheres ucranianas eram 'fáceis'

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  • Da Redação

Publicado em 5 de março de 2022 às 13:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O deputado Arthur do Val (Podemos), conhecido como Mamãe Falei, abriu mão de sua candidatura ao governo de São Paulo, após a repercussão dos áudios em que falava sobre as mulheres ucranianas na guerra. 

Em um comunicado em suas redes sociais, o parlamentar afirma que suas falas não são corretas "com as mulheres brasileiras, ucranianas e com todas as pessoas que depositam confiança" em seu trabalho.

Ele também citou o projeto de construção de uma terceira via na eleição nacional, e depois anunciou que retiraria a candidatura. "Não tenho compromisso com o erro. Por isso entrei em contato com a presidente do Podemos, Renata Abreu, para retirar minha pré-candidatura ao governo de São Paulo", escreveu o deputado.

Áudios Nas gravações enviadas a um grupo de WhatsApp, Do Val comenta sobre as policiais da alfândega. "Mano, eu tô mal. Tô mal, tô mal. Eu passei agora, são quatro barreiras alfandegárias. São duas casinhas em cada país. Mano, eu juro para vocês, eu contei: foram 12 policiais deusas.. Mas deusa assim que você casa e você faz tudo o que ela quiser", disse.

Ele também disse que a fila da melhor balada do Brasil "não chega aos pés" da fila de refugiadas na Ucrânia. Arthur do Val viajou à Ucrânia, acompanhado do dirigente do MBL, Renan dos Santos, para relatar o conflito no leste europeu. Durante os últimos dias, o parlamentar utilizou as redes sociais para compartilhar fotos da fronteira e chegou a publicar uma foto na qual afirma estar produzindo Coquetéis Molotov para o exército Ucraniano.

O pré-candidato ao governo também afirmou nos áudios que Renan dos Santos, dirigente do MBL que o acompanhou na Ucrânia, viaja frequentemente para o leste europeu para "pegar loiras". No pedido de desculpas, o deputado disse que errou e que Renan nunca tinha viajado àquela região.

Podemos As declarações do deputado repercutiram mal na cúpula do Podemos A preocupação é sobre como mais esta polêmica envolvendo um membro do MBL pode recair sobre a pré-candidatura de Sérgio Moro, a quem o grupo se aliou.

O ex-juiz foi duro nas respostas e descreveu o tratamento do deputado com as ucranianas refugiadas e policiais como "inaceitável em qualquer contexto".

"Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas que têm esse tipo de opinião e comportamento. Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige", afirmou o presidenciável através de nota.

O senador Alvaro Dias (Podemos) também repudiou as declarações de do Val. "Nossa posição é de pedir à executiva nacional uma atitude urgente e rigorosa, de rompimento. Nós não podemos conviver com o inacreditável. Porque é inacreditável alguém que postula cargo de governador de São Paulo dizer bobagens dessa grandeza", afirmou Dias.

A presidente do Podemos, Renata Abreu, classificou as declarações como "gravíssimas e inaceitáveis". " Não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mas de violações profundas relacionadas a questões humanitárias, em um momento em que esse povo enfrenta os horrores da guerra", disse Renata Abreu. Segundo ela, o partido instaurou de imediato um procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos.

Além do processo interno no partido, Do Val já é alvo de pedidos de cassação na Assembleia Legislativa de SP e foi denunciado ao Ministério Público.