As doenças psiquiátricas não ocorrem por fraqueza, preguiça ou falta de vontade

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  • Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2020 às 16:00

- Atualizado há um ano

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Ainda que os números e estatísticas demonstrem a importância de cuidarmos da nossa saúde mental, o assunto ainda é cercado de medos, mitos e preconceitos. O mês de setembro tem trazido à tona discussões importantes acerca dos Transtornos Psiquiátricos, seguindo um caminho parecido com o Outubro Rosa e prevenção de câncer de mama, ou Novembro Azul e prevenção de câncer de próstata, o Setembro Amarelo chama a atenção para a prevenção do suicídio. A questão se ampliou quando começamos a perceber que mais de 95% das pessoas que cometeram suicídio eram portadoras de Transtornos Psiquiátricos, dessa forma o adoecimento por Transtorno Bipolar do Humor, Depressão Maior, Transtornos de Personalidade, Dependência Química, Esquizofrenia e outros transtorno psicóticos foram associados ao aumento do risco de suicídio e tentativas de suicídio. Por outro lado, oferecer tratamento adequado às pessoas que apresentam doenças psiquiátricas se mostra uma importante estratégia de prevenção ao suicídio. Mas existe um paradoxo importante, sabemos que doenças psiquiátricas descompensadas aumentam o risco de suicídio e tentativas de suicídio, contudo também sabemos que as pessoas têm muito receio em procurar um médico psiquiatra. Aqui, nesse momento, me pego a pensar quantas vezes o cuidado com a saúde mental foi tratado por meus professores quando eu ainda estava na escola.

Será que professores conseguem identificar um aluno adolescente que mudou seu comportamento, que anda isolado, triste, desanimado e impaciente, com queda do rendimento escolar, e sugerir avaliação com a psiquiatria? O preconceito e a fantasia são derrotados pelo conhecimento, portanto deveríamos discutir no ambiente escolar e familiar a importância da preservação da saúde mental, até para podermos reconhecer precocemente alguém que possa estar adoecendo e ajudá-lo. Sempre que a mudança do comportamento está acarretando sofrimento emocional significativo, prejuízo social, funcional, acadêmico ou laboral, ela deve ser valorizada. Se um padrão de comportamento faz o indivíduo sofrer ou faz sofrer quem convive com ele, há, aí, algo que precisa ser investigado. As doenças psiquiátricas são muito mais comuns ao longo da vida do que imaginamos e não ocorrem por fraqueza, preguiça ou falta de vontade.

Que o setembro amarelo nos leve a entender que cuidar da nossa saúde mental é algo sério e importante, que possamos ir ao psiquiatra com a mesma tranquilidade que vamos ao clínico ou ao cardiologista, que o acesso aos profissionais especialistas em saúde mental seja amplo, fácil e livre de preconceito.*Possui graduação em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Doutor em Medicina e Saúde Humana pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Professor de Psiquiatria da UFBA e Diretor Geral do Hospital Juliano Moreira.