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Da Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
De antemão, peço desculpas ao leitor pelo título. Mas não achei melhor forma – e mais clara – de sintetizar meu raciocínio. Afinal, depois de 9 meses de uma recessão econômica sem precedentes por causa da pandemia do novo coronavírus, as empresas sobreviventes de hoje não estariam aqui senão pelos inúmeros auxílios e incentivos implementados pelos Governos Federais, Estaduais e Municipais. Foram diversas normas editadas e outros importantes projetos de lei alterados e aprovados com o objetivo de dar condições às empresas de sobreviverem e manterem empregos durante este período. >
Não menos importante, a tolerância praticada por boa parte das instituições financeiras que, a despeito de severas críticas, implementaram medidas de carência, alongamento de dívidas e suspensões temporárias, todas consideradas decisivas para garantir sobrevida empresarial para muitos CNPJs. Mas e agora?>
As contas públicas já reclamam a redução dos auxílios e incentivos. A suspensão de programas como o auxílio emergencial, já anunciada pelo Ministério da Economia, o diferimento para pagamentos de tributos, a suspensão temporária dos contratos de trabalho e a complementação salarial pelo Estado já são uma realidade com datas marcadas para acontecer.>
As instituições financeiras e grandes credores estão no limite das carências quanto ao início do pagamento dos empréstimos e operações de financiamento. Da suspensão dos valores devidos de operações correntes, todos ponderam que é preciso reiniciar os pagamentos e, com isso, esperar para ver o mercado retomar com as atividades de forma regular. Será, então, que as empresas conseguirão enfrentar o mercado como ele está?>
Confesso que tenho minhas dúvidas. Afinal, qual o cenário que o próximo ano, que já vai começar, nos reserva? Possivelmente, e infelizmente, de desemprego em alta e redução da capacidade de consumo da população, cadeia de suprimentos prejudicada com a interrupção de fornecimento desde o início da pandemia, preço dos principais insumos com reajustes significativos - tudo isso somado às medidas sanitárias que persistirão até um programa efetivo de vacinação, que não deve chegar a todos da mesma maneira tão brevemente.>
São tempos inseguros os que estão por vir, essa é a única certeza que temos. E sobre a sobrevivência das empresas sem os coletes salva-vidas? Ora, quem aproveitou estes inúmeros auxílios para revisitar conceitos básicos e se reorganizar, reduzindo custo fixo e superando a ineficiência, sofrerá menos.>
*Washington Pimentel é advogado especialista em Dívida, Reestruturação Empresarial e Recuperação Judicial.>