As tranças carregam códigos sociais e hierárquicos das tribos africanas

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  • Cesar Romero

Publicado em 20 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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No Solar do Ferrão, Centro Histórico, até 8 de setembro, mostra solo de Robério Braga, A Missa. A exposição tem curadoria de Diógenes Moura, com 13 fotografias em preto e branco, a maioria em tamanhos 1m x 1,15 m e 2m x 3m.

A expo tem o nome de A Missa por ter ambientado toda sua produção nas igrejas barrocas do Centro Histórico de Salvador. O projeto é uma viagem visual pelas cabeças penteadas na vida cotidiana e em período festivos, que retém a ancestralidade africana. Uma busca estética e étnica dos significados dos penteados, em estilos tradicionais e contemporâneos, que buscam identificar as matrizes africanas.

Na cultura afro, o corpo é um dos melhores suportes para receber símbolos que traduzem lugares, segmentos étnicos, comunidades, sociedades e civilizações. Todos os retratos aparecem de costas, quase sem identidade, dando maior foco aos cabelos penteados. Pode-se pensar em relevos escultóricos, muito bem definidos, volumetrias. Os desenhos dos cabelos podem ser simétricos ou não, volumosos ou não, trazendo sempre uma imagem clara, por vezes improvisações muito bem construídas. foto de Robério Braga/divulgação) As tranças carregam códigos sociais e hierárquicos das tribos africanas. Podem representar uma noiva ou um guerreiro. O resultado minucioso vem de pesquisas em museus do Quênia e da Nigéria, com a participação da trançadeira baiana Mariana Desibério, que deslocou os penteados para a cabeça dos modelos.

O fotógrafo investe não no exotismo, no folclore, mas sim na interpretação honesta da realidade investigada.

Baiano de Salvador, Robério Braga iniciou sua carreira como fotógrafo em 1993, participando da Bienal do Recôncavo (São Felix) e da Mostra Nacional de Fotografia na UFBA. Uma das coisas a ressaltar é o trabalho de luz de Robério Braga, luz doce, comedida e exata.

Fotografia é desenhar com luz e contraste. O artista diz enxergar a fotografia como pintura, talvez pela herança artística de seu avô, Mendonça Filho, pintor baiano. No entender do fotógrafo, a cabeça tem um destaque especial porque reúne significados míticos e sociais de gêneros: hierárquico e sagrado.  Isso formaliza esteticamente os princípios de pertencimento e de identidade. A comunicação se dá por inúmeros materiais que estão presentes no corpo para particularizar a pessoa. As artes corporais identificam a pessoa e o seu momento de vida em um grupo daí pode se destacar os penteados que representam papéis sociais e distinguem o indivíduo na construção da alteridade. Dessa maneira, os resultados estéticos estão unidos aos mais profundos significados da cultura e da ancestralidade.