Assassinato de padre: justiça realiza primeira audiência em Feira de Santana

Religioso foi morto com facão há um ano; suspeito foi preso logo após crime

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  • Bruno Wendel

Publicado em 26 de abril de 2019 às 14:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Acorda Cidade

Foto: Acorda Cidade Um ano depois do assassinato do padre Carlos Vianey Oliveira, 63 anos, acontecerá a primeira audiência do caso, nesta segunda-feira (29), em Feira de Santana. O religioso foi atacado com golpes de facão no dia 23 de março do ano passado, quando estava na porta de casa, e ficou internado numa unidade médica da cidade. No entanto, ele não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 27 de abril do mesmo ano. 

O suspeito de cometer o crime, Raimundo Marcos Vieira Bent, que era conhecido do religioso, foi preso por policiais da 65ª Companhia Independente da PM (CIPM/Feira de Santana) logo após o crime. Ele está custodiado numa ala destinada a presos com problemas psiquiátricos no Conjunto Penal de Feira de Santana. 

A audiência de instrução acontecerá às 15h no Fórum Criminal de Feira de Santana. Serão ouvidas testemunhas de defesa e os dois policiais responsáveis pela prisão de Raimundo. 

"O denunciado é extremamente nocivo ao convívio com a sociedade. Ele foi considerado pela perícia técnica como portador de esquizofrenia e permanecerá preso por tempo indeterminado em estabelecimento de custódia específica", declarou o advogado criminalista Rogério Matos, que representa a família do padre. 

O criminalista explicou ainda que a esquizofrenia é característica de inimputabilidade - quando o acusado não tem condição de responder pelo crime praticado, devido a problemas de saúde mental. "No decorrer da audiência, vai se decidir se cabe para ele medida de segurança, que seria o internamento definitivo, sem prazo determinado, ou se cabe pena. Pelo crime, ele responde. A diferença é que, no caso de inimputável, ele não pega pena, pega medida de segurança".

Diferente dos presos comuns, que têm pena máxima de 30 anos de reclusão, o assassino do padre não tem data máxima para voltar a ter liberdade. "Engana-se quem acha que portadores de doenças metais não cumprem restrição de liberdade. Muito pelo contrário. No caso deles, não tem prazo limite para que deixem o internamento", acrescentou advogado.   Rogério Matos advogado da família do padre (Foto: Arquivo CORREIO)  O crime Padre Vianey estava na porta de casa, em São José de Itapororoca, no distrito de Maria Quitéria, na região de Feira, quando o assassino se aproximou. Raimundo Marcos estava armado com um facão e surpreendeu o religioso com golpes no rosto e nos braços. 

A vítima foi socorrida por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital de Feira de Santana, onde chegou a entrar em coma. À época, o crime assustou os moradores da localidade - um dos vizinhos do padre, Hamilton Moreira, declarou em entrevista à TV Subaé que saiu da casa do padre minutos antes do crime.

"Sempre acompanhei o padre. Disse para ele 'padre, vou em casa e volto'. Fui dar a merenda dos meninos e, quando voltei, já tinha acontecido essa fatalidade. Quando eu cheguei, já era tarde", lamentou.

Raimundo fugiu após do crime, mas foi preso algumas horas depois por policiais da 65ª CIPM. Em nota, a Polícia Militar informou que os PMs fizeram rondas na região e prenderam o suspeito em flagrante. Ele foi conduziu para o Complexo de Delegacias do Sobradinho.