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Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2021 às 05:54
- Atualizado há um ano
Setembro de 2015. Estou em Montreal, no Canadá. Abro um e-mail e me surpreendo com a missão: assumir a direção do Goethe-Institut em Salvador, capital da Bahia. Quatro meses depois, em janeiro de 2016, desembarco na cidade com informações básicas na bagagem. Conhecia o passado colonial, a influência das raízes africanas, a literatura de Jorge Amado e tinha assistido um documentário que citava o Olodum e a beleza negra do Ilê Aiyê.
Ao chegar, senti a necessidade de mergulhar na cena cultural, para entender como funcionava a gestão da cultura e quais eram as contradições enraizadas na primeira capital do Brasil. Pouco mais de cinco anos se passaram e, hoje, arrumo as malas e me despeço não como estrangeiro, mas como cidadão soteropolitano após receber o título concedido pela Câmara de Vereadores. Que felicidade!
Contei com a ajuda de amigos e parceiros que me apresentaram a potência artística escondida em locais invisibilizados pela ausência de oportunidades. Deixo a direção do Goethe-Institut com a sensação de dever cumprido. Ao longo de cinco anos, acolhemos 102 artistas de diversas partes do mundo no Programa de Residência Artística Vila Sul, e promovemos ações reconhecidas nos circuitos de arte do Brasil.
Possibilitamos interlocuções na ligação entre as artes e os diferentes grupos sociais. Trouxemos nomes como a escritora portuguesa Grada Kilomba, em um diálogo potente com mulheres negras da luta antirracismo, e aprendemos com tantos outros artistas que ampliaram nosso horizonte com pautas ligadas às comunidades LGBTQIA+ e das periferias.
O Goethe-Institut está de portas abertas para o Festival Internacional de Artes Cênicas, o VIVADANÇA Festival Internacional, a Mostra Itinerante de Cinemas Negros, o IC Encontro de Artes, dentre outros. Nossa unidade em Salvador foi fundada em 1962. Em 2022, esperamos estar vacinados e de braços abertos para abraçar na celebração dos 60 anos.
Nossos compromissos são com o ensino da língua alemã, informar sobre a Alemanha e apoiar expressões artísticas. Nossa sede, no Corredor da Vitória, é um espaço aberto à diversidade cultural. Eu, alemão que pouco sabia da Bahia, aprendi que é possível trabalhar sem perder a leveza. Observei que seriedade e rigor podem coexistir com o sorriso e a praia nos dias de folga.
Agradeço ao povo baiano por me fazer perceber que na estética do cotidiano podemos (e devemos) ser coloridos no modo de ser e vestir. Sinto pelos dias difíceis que a cena cultural enfrenta na pandemia e mantenho uma certeza: a cultura é o caminho possível no enfrentamento às mazelas cotidianas.
Manfred Stoffl, diretor do Goethe-Institut em Salvador entre janeiro de 2016 e junho de 2021. Assumirá a direção do Departamento de Teatro e Dança do Goethe-Institut em Munique, na Alemanha.