Atos contra cortes na Educação ocorrem em 241 cidades do Brasil

A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou para o dia 30 uma continuação

Publicado em 15 de maio de 2019 às 21:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

Milhares de manifestantes tiveram protestos contra cortes na educação básica e no ensino superior nesta quarta-feira, 15. Atos ocorreram em um total de 241 cidades, que incluem as capitais de todos os Estados e o Distrito Federal, além de cidades do interior. Parte das escolas e universidades das redes pública e privada também aderiu às manifestações e cancelaram o dia letivo.  A estimativa é de que mais de 1,5 milhão de estudantes tenham ido às ruas em todo o país.  Em visita a Dallas, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) chamou os manifestantes de "idiotas úteis" e "massa de manobra". Além disso, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, fala na tarde desta quarta sobre o contingenciamento em sessão na Câmara dos Deputados.

A União Nacional dos Estudantes (UNE) convocou para o dia 30 uma continuação da paralisação nacional em defesa da educação que aconteceu hoje. Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT) estima que o número de pessoas nas paralisações passou de 2 milhões e que até o final da noite chegue a 5 milhões. Para a organização sindical, o movimento foi um "esquenta" para a greve geral prevista para o dia 14 de junho.  Os protestos foram realizados em todos os Estados brasileiros e no Distrito Federal ao longo do dia. A UNE afirma que Rio de Janeiro e São Paulo reuniram o maior número de pessoas, cerca de 200 mil e 500 mil, respectivamente. Segundo a entidade estudantil, todas as universidades e institutos federais paralisaram. De acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeosp), 90% das escolas federais também aderiram à paralisação no Estado.

Salvador Em Salvador, estudantes, professores e funcionários de instituições de ensino públicas e particulares participam do ato contra os cortes na Educação, que partiu da praça do Campo Grande e chegou, no início da tarde, à Praça Castro Alves.

As aulas foram suspensas em diversas escolas de Salvador, por causa da manifestação. O ato também acontece em outras cidades do país.

De acordo com a organização, o protesto começou reunindo 25 mil pessoas, chegando a 70 mil no final do ato. A concentração começou por volta das 9h, e os manifestantes saíram em caminhada por volta das 10h. 

Tito Marcos, 46 anos, é professor das redes estadual e municipal, que participa da manifestação, e cobrou explicações do governo sobre os cortes nas instituições. "A manifestação é de suma importância no sentido de mostrar à sociedade que o governo está começando o desmonte, começando por algo que é essencial, que é educação, saúde. São bens essenciais para o povo brasileiro. A gente quer entender qual a lógica do governo que diz querer que o Brasil cresça, mas corta investimentos em Educação", disse.  

A também professora Antoniella Devanier, 44, disse que, com a adesão da escola de seus filhos às manifestações, aproveitou para acompanhar, junto com eles, o ato contra os cortes na educação. "É um movimento bonito que luta para acabar com os cortes de investimentos em relação à educação. Eu vim aqui hoje porque a escola dos meus filhos também parou, não teve aula. Vim defender o futuro deles para que tenham uma educação de qualidade. Como outras mães trouxeram seus filhos, aproveitei para trazer os meus também", contou.

Na esperança de conseguir uma mudança, o estudante do curso de Engenharia Ambiental da rede privada, Guilherme Silva, 24, também marcou presença na manifestação. "Eu espero que esse movimento sirva de exemplo para mostrar que a população e os estudantes estão querendo mudança, querendo lutar pelos seus direitos. Eu espero que isso chegue lá em Brasília e que as pessoas que estão por trás disso repensem esses cortes. Que a gente consiga manter uma educação de qualidade", pediu.

O professor Sudeelmar Fernandes, 57, que dá aulas no IFBaiano na cidade de Governador Mangabeira, no Recôncavo baianotambém esteve n manifestação. Ele conta que, com os cortes, o campus onde trabalha só funcionará até setembro.

"A prioridade desse governo é tratar a educação como custo. Eles não têm a educação como uma questão social, de inclusão, quando começam a cortar e contingenciar 30% das nossas verbas discricionárias, prejudicam o pleno funcionamento da instituição. O IFBaiano é importante para o município, e esses cortes afetam pesquisas em andamento, além do pleno desenvolvimento do estudantes. O campus de Governador Mangabeira, a partir de setembro, sem a verba, não tem mais como funcionar", contou Sudeelmar.