Autor de livro, Lourival Trindade tem mais de 20 mil títulos em casa

Desembargador é o novo presidente do Tribunal de Justiça da Bahia até 2022

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  • Fernanda Santana

Publicado em 4 de fevereiro de 2020 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./ CORREIO

“A vida nunca apresentou caminhos fáceis para mim”, diz Lourival Trindade. Na infância, ia de cavalo à escola, em Paramirim, a 15 quilômetros de distância de onde morava, no município de Érico Cardoso, no sudoeste da Bahia. Seu pai faleceu quando ainda tinha 11 anos de idade e a mãe ficou responsável pela criação. O desembargador foi empossado nessa segunda-feira (3), em cerimônia no Fórum Ruy Barbosa.

A primeira referência foi um conhecido na vizinha Paramirim, que dizia ter lido toda a obra de Machado de Assis. A mãe, então, mandava cestos de frutas que seriam trocados, em empréstimo, por livros. Assim, conheceu Machado e, depois, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Mário Quintana. Hoje, na casa onde mora em Salvador, tem uma biblioteca com mais de 10 mil livros. No interior, o acervo ultrapassa 13 mil títulos. “Gosto de poetizar às vezes até em meus votos”, brinca.

No ano de 1973, Lourival Trindade foi aprovado no vestibular da Universidade Federal da Bahia, para uma vaga em Direito. Naqueles anos, viveu na Residência Universitária da instituição. Antes de advogar, morou no bairro de Pau Miúdo. “O estado esquece os periféricos a vida inteira, só se faz presente na hora de punir”, opina o magistrado, sobre uma realidade que diz ter conhecido de perto. “Nós precisamos reedificar um judiciário que tenha como seu foco principal a população mais carente - carente de justiça, de acesso”, diz.

Há 45 anos, Lourival é casado com Elizabete Trindade, com quem tem três filhos - dois deles, Monalisa e Palas, advogadas - e dois netos, Anastácia e Júlio - que, segundo Lourival, foi responsável por inscrevê-lo para comandar a Corte. “[Ele me disse] vô, larga de ser burro. E eu dizia: vou continuar sendo burro”, brincou, durante a cerimônia de posse.  

Antes da eleição como presidente da Casa, Lourival também foi professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Uesb) e, em 2001, foi conselheiro da Seccional baiana da Ordem dos Advogados do Brasil. É autor do livro A Ressocialização – Uma (dis)função da Pena de Prisão, em que critica o sistema prisional brasileiro.