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Autoridades lamentam a morte de Emanoel Araújo

Escultor faleceu nesta quarta (7), aos 81 anos; sepultamento será no Cemitério da Consolação na quinta (8)

  • Foto do(a) author(a) Vinicius Nascimento
  • Vinicius Nascimento

Publicado em 7 de setembro de 2022 às 18:39

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Silvia Zamboni/Artes Brasileiras / Museu Afro Brasil

Diversas autoridades foram a público comentar e lamentar a morte do escultor e gestor cultural Emanoel Araújo, 81. Na Bahia e em São Paulo, onde o artista morava e concentrou seus trabalhos, personalidades dos mais variados espectros políticos comentaram o seu falecimento, que aconteceu na manhã desta quarta-feira (7), dia em que o país destacava os 200 anos da Independência do Brasil.

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), decretou luto oficial de três dias no estado. "Emanoel Araújo foi um ícone da cultura negra no Brasil. Artista, professor, pesquisador e gestor público de múltiplos talentos, Emanoel deu uma nova dinâmica à Pinacoteca de São Paulo, fundou o Museu Afro Brasil e trabalhou durante toda sua vida pela valorização da história da arte afrodescendente brasileira e da arte africana. São Paulo seguirá com seus ensinamentos”, disse. Araújo ficou à frente da Pinacoteca por uma década.

Foi em São Paulo que Araújo construiu o seu maior legado: o Museu Afro Brasil, inaugurado em 2004 e que se tornou instituição pública em 2009, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. 

Na Bahia, ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e candidato ao Governo da Bahia, se manifestou um pouco depois da notícia do falecimento. “A Bahia e o Brasil perderam hoje Emanoel Araújo, o mais importante representante da arte afro-brasileira. Em mais de 60 anos de carreira, o baiano de Santo Amaro, terra de artistas, acumulou diversos prêmios, participou de exposições em vários países e, o mais importante, nunca abandonou a força da cultura negra. Neste momento de profunda tristeza, deixo aqui o meu abraço carinhoso aos familiares e amigos deste grande intelectual brasileiro", escreveu em uma publicação no Twitter.

Mais tarde, o governador da Bahia, Rui Costa, publicou nota de pesar pelo falecimento do santo-amarense que comandou o Museu de Arte da Bahia (MAB) entre 1981 e 1983.

"A Bahia, que se orgulha de tantos filhos talentosos, hoje se entristece com a morte, aos 81 anos, do ilustrador, cenógrafo, pintor, escritor e museólogo Emanoel Araújo. Artista de Santo Amaro, ele levou o olhar e a sensibilidade do nosso Recôncavo para o Brasil e o mundo", escreveu Rui. O governador mencionou que a atuação de Emanoel Araújo à frente do Museu Afro Brasil e de outros museus deixa para o nosso país um legado de valorização da memória e da cultura. Ele deixou seus sentimentos à família e aos amigos.

Prefeito de Salvador, Bruno Reis afirmou em nota que soube da notícia com muita tristeza. " Além de sua inestimável contribuição como criador, Emanoel fundou o Museu Afro Brasil e também foi diretor do Museu de Arte da Bahia e da Pinacoteca de São Paulo. Deixo o meu abraço aos parentes e amigos deste grande artista".

Candidato ao governo da Bahia e ex-secretário de educação no Estado, Jerônimo Rodrigues foi outro a lamentar: "Um gigante que fez história na cena cultural e artística do Brasil. Meus sentimentos aos familiares e amigos. Emanoel, presente", publicou.Amizade com Antônio Carlos MagalhãesO jeito de Emanoel Araújo o tornou muito próximo do senador Antonio Carlos Magalhães, que foi o responsável pelo convite para gestão do Museu de Arte da Bahia, seu último trabalho na Bahia antes da mudança para São Paulo, entre 1981 e 1983. Autor do livro O Universo de Emanoel Araújo (2019/ Capella Editorial), Cláudio Leal afirma que o artista é um marco no reconhecimento da cultura negra no Brasil, na autoestima do negro brasileiro, na valorização de pintores, escultores e artesãos negros dos séculos XVIII, XIX e XX, marginalizados pela história da arte.

"Além disso, deu dimensão internacional à Pinacoteca de São Paulo, sendo o seu reinventor. Seu papel na construção do imaginário brasileiro crescerá com o tempo, sobretudo quando passarem as paixões e desavenças que despertou ao longo da vida. É preciso lembrar a sua produção bibliográfica extraordinária, em geral catálogos de suas exposições. Isso revela outra face de sua preocupação com a memória", explica o escritor e jornalista.

Emanoel e ACM eram muito amigos. O fato de Emanoel não ter papas na língua era algo que causava admiração a ACM. "'Eram muito amigos, até a morte de ACM. Em 1981, ACM o chamou para suceder José Pedreira no Museu de Arte da Bahia. Foi uma gestão marcante de Emanoel. Na primeira conversa, ACM perguntou o que ele faria. Emanoel listou suas ideias numerosas. ACM então lhe disse: ‘Eu achei que você fosse mais humilde’. Emanoel rebateu: 'Quem tem que ser humilde é o senhor, que foi eleito pelo povo. Eu, não’".

Mesmo em momentos difíceis, Araújo estava próximo de ACM. Foi ele o responsável por decorar o apartamento do ex-Senador, organizando as obras de arte de Antonio Carlos Magalhães no espaço. Ele relatou um dos momentos mais marcantes que teve com o velho amigo a Claudio Leal.

"Depois da morte de Luís Eduardo, ele foi ao apartamento de ACM, na Graça, e viu uma dezena de fotos de Luis Eduardo numa cômoda. Emanoel viu e perguntou: ‘Por que você não tira metade dessas fotos de Luis Eduardo e põe uma de Ana Lúcia no lugar?’ ACM concordou e disse: 'Só você teria coragem de me dizer isso'", recorda o escritor.

A morte de Emanoel Araújo acontecer num dia 7 de setembro é algo simbólico e não apenas porque ele estava organizando duas exposições sobre os 200 anos da Independências do Brasil para o Museu Afro e o Museu do Ipiranga. Ele falaria tanto do 7 de setembro quanto do 2 de julho, data da Independência da Bahia, que selou a expulsão dos portugueses do território brasileiro cerca de um ano após a proclamação de D. Pedro às margens do Rio Ipiranga. 

Araújo gostava de celebrar datas cívicas com exposições e era fascinado pela saga do Dois de Julho, sendo um dos responsáveis por levar os caboclos para São Paulo.

Opositor do presidente Jair Bolsonaro, a quem creditava um projeto neofascista para o país, Emanoel Araújo sonhava com um Brasil mais negro, feliz, até utópico. E estava disposto a chegar a esse lugar.