Avanço da covid-19 barra retorno presencial de escolas em cidades baianas

Ao menos cinco cidades suspendem retorno presencial das aulas, previsto inicialmente para este mês

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  • Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Bruno Concha/Secom PMS)

A expectativa de poder voltar presencialmente para as escolas em fevereiro foi barrada em pelo menos cinco cidades da Bahia, que decidiram suspender o retorno das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas, já autorizado pelo governador Rui Costa. A decisão ocorre devido ao avanço da covid-19 no estado, que, nesse domingo (6), registrou 2.305 novas infecções pelo vírus, chegando a 33.243 casos ativos da doença.

Os municípios de Cruz das Almas, Sapeaçu, Teixeira de Freitas, Conde e Santo Antônio de Jesus decidiram manter as aulas remotas, para analisar os dados da Vigilância Epidemiológica nos próximos dias. Em Capim Grosso, a Prefeitura chegou a anunciar o adiamento, mas recuou após protestos.

Em Sapeaçu, no Recôncavo baiano, a Prefeitura decretou que as aulas presenciais e semipresenciais nas escolas públicas, municipais e estaduais, e nas escolas privadas ficarão suspensas até 14 de março de 2022, podendo ser alterado em decorrência de orientações das autoridades sanitárias. Até lá, as aulas seguirão de forma remota. O município possui 168 casos ativos da doença, 30 deles registrados em 24 horas. 

No decreto, a Prefeitura ordena que as instituições realizem atividades on-line síncronas e assíncronas, de acordo com a disponibilidade tecnológica e também “utilizar mídias sociais (WhatsApp, Facebook, Instagram etc.), bem como plataformas acadêmicas, quando possível, para estimular e orientar os estudos, pesquisas e projetos que podem ser computados no calendário e integrar o replanejamento curricular”. 

As aulas nas escolas da cidade de Cruz das Almas, também no Recôncavo, foram suspensas devido ao aumento de casos de covid-19. O município teve pacientes internados há mais de 72 horas sem conseguir regulação. A secretária de Educação, Geisa Novaes, informou que a cidade vive um aumento de casos ativos do coronavírus já há alguns dias e, por precaução, foi necessário publicar um decreto com novas medidas para conter a disseminação do vírus. 

“Nossa expectativa e esperança é que esse número caia nas próximas duas semanas em que as escolas seguirão fechadas. Hoje mesmo [sábado], o município teve 87 novos casos da doença, com 279 infectados atualmente”, declarou a secretária. 

Ainda no Recôncavo baiano, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Santo Antônio de Jesus decidiu postergar o reinício das aulas na rede municipal de ensino. Com isso, as aulas da rede pública e privada se iniciarão a partir do dia 7 de março. 

“A tempo, a SME reitera que o adiamento do início do ano letivo não trará maiores prejuízos para os alunos, pois a equipe da pasta já está adaptando todo o planejamento pedagógico para adequá-lo à nova realidade, mantendo o ensino presencial e os 200 dias letivos”, destacou a pasta. 

No município de Teixeira de Freitas, no extremo-sul do estado, por conta dos crescentes casos da Influenza e da covid-19, a Prefeitura preferiu manter o início das aulas para o ano letivo de 2022 de forma remota. Pelo planejamento, as aulas presenciais em Teixeira devem retornar no mês de março. 

“Diante do exposto e compreendendo os anseios e expectativas pelo retorno das aulas presenciais, nos dirigimos respeitosamente solicitando que compreendam o momento que ainda requer cuidados pela vida, ainda que venhamos a cumprir os protocolos de biossegurança”, pediu a gestão municipal, em comunicado. A cidade possui 487 casos ativos da covid-19, com 74 novos casos diários. 

Norte do estado O município de Capim Grosso, no norte baiano, suspendeu o retorno presencial das aulas na última quinta-feira, com a justificativa do aumento de casos positivos de covid-19. No entanto, após pedido dos pais de não fechar as escolas, a Prefeitura recuou. Na sexta-feira (4), o decreto foi revogado, e as aulas de todas as séries, exceto da creche, voltarão nessa segunda (7), segundo a secretária de Educação, Neumária Gomes da Silva. A cidade possuía, na sexta-feira, 644 casos ativos da doença.

No litoral norte do estado, o município de Conde também optou pela suspensão do retorno presencial. “Em razão do aumento no registro de casos positivos da covid no município, a rede municipal de ensino seguirá a recomendação da Secretaria Municipal de Saúde e adiará o início das aulas para o dia 14 de fevereiro”, explicou a prefeitura. A cidade possuía 167 casos ativos da doença no sábado. 

O presidente do Conselho Estadual de Educação da Bahia (CEE/BA), Paulo Gabriel Nacif, expôs que eles respeitam a decisão dos agentes sanitários, que são responsáveis por avaliar a segurança para o retorno das aulas presenciais. Apesar disso, ele afirmou que o quanto antes as aulas retornarem, melhor para os estudantes. “Hoje, na Bahia, existe uma avaliação do estado de que, no geral, há condições para aula presencial. Agora, se a autoridade local considera que não é possível retornar, a gente tem que respeitar”, comentou. 

Apesar do aumento de casos de covid-19 em todo o estado, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, considera o ambiente escolar seguro, diante de todos os protocolos, assim como o governador Rui Costa. A aula inaugural da rede estadual de ensino, em Salvador, acontecerá nessa segunda-feira (7), às 8h30, na sede do Instituto Anísio Teixeira (IAT), na Avenida Paralela, e terá a presença do governador Rui Costa e da escritora Conceição Evaristo. 

O presidente da Associação dos Professores Licenciados da Bahia (APLB), Rui Oliveira, no entanto, afirma que a entidade está preocupada com o avanço da variante ômicron, já que a Bahia registrou a maior taxa de transmissão da doença desde o início da pandemia. Considerada mais transmissível por especialistas, a variante causou um aumento de 992,6% na circulação do vírus no mês de janeiro. A nova cepa também já representa 76,5% das infecções no território baiano. 

Segundo Oliveira, a APLB enviou um ofício ao secretário de Educação do estado, Jerônimo Rodrigues, preocupado com o avanço da ômicron e pedindo para que a retomada das aulas seja feita de forma híbrida enquanto não haja queda nos números de infectados.

“Se a gente começar as aulas agora, vai ser uma tragédia anunciada. O que vai acontecer é que, no mínimo, vai começar em uma semana e ter que parar logo em seguida por conta de um alto número de infecções pela covid”, argumentou o presidente do sindicato. 

“A APLB ratifica a preocupação com o retorno às aulas 100% presenciais conforme anunciado pelo governo do estado e segundo calendário letivo. Em nome da nossa principal bandeira, a da preservação de vidas, entendemos que o retorno híbrido é uma alternativa viável para possibilitar o distanciamento físico e garantir uma das medidas mais importantes do protocolo de biossegurança. Vale registrar que a APLB fez visita às escolas durante a jornada pedagógica e inúmeras escolas estão fazendo a jornada pedagógica de forma remota ou híbrida devido à contaminação de membros da equipe pela covid-19”, diz o ofício do sindicato enviado ao secretário Jerônimo Rodrigues. 

A Secretaria Estadual de Educação (SEC) argumentou que as prefeituras têm autonomia para decidir sobre o retorno das atividades. Nas escolas da rede estadual, os estudantes maiores de 18 anos terão que apresentar o cartão de vacina, na portaria das escolas, nessa segunda-feira (7), quando começam as aulas de forma 100% presencial.  A regra também é válida para a comunidade escolar que deseja ter acesso às unidades de ensino, atendendo ao decreto governamental que exige o comprovante para entrar em prédios públicos estaduais. 

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro