Bahia e Salvador tiveram recorde de mortes em 2020, aponta IBGE

Alta na Bahia foi puxada por mortes por doenças (+12,8%) e entre idosos (+14,8%)

Publicado em 18 de novembro de 2021 às 17:23

- Atualizado há um ano

. Crédito: Tiago Caldas/Arquivo CORREIO

No primeiro ano da pandemia da covid-19, os números de mortes na Bahia e em Salvador chegaram a patamares recordes em 46 anos, com crescimento expressivo dos óbitos por causas naturais, ou seja por doenças, e entre idosos. No ano passado, foram registradas 102.189 mortes na Bahia.

O número foi 13,3% maior do que o verificado em 2019 (90.404), o que representou um saldo de mais 11.785 mortes em apenas um ano. Com variações relativamente pequenas ano a ano, o número de mortes mostra uma tendência geral de alta ao longo do tempo, influenciado, sobretudo, pelo envelhecimento da população.

Mas o aumento de 2019 para 2020 não apenas foi um recorde desde o início da série histórica do IBGE, em 1974, como também foi, em números absolutos (+11.785), quase o triplo do registrado entre 2018 e 2019, quando o saldo havia sido de mais 4.175 mortes no estado.

Considerando um período mais longo, de 2000 a 2019, o aumento médio anual no número de mortes do estado fica em 1.484, ou seja pouco mais de 1/10 (12,6%) do saldo registrado entre 2019 e 2020 (+11.785). Ainda assim, o crescimento fora da curva das mortes na Bahia, entre 2019 e 2020, foi menor do que no Brasil como um todo.

No país, os óbitos aumentaram 14,9% no ano passado, indo a 1.513.575, com 196.283 mortes a mais. O total de óbitos cresceu expressivamente em todos os 27 estados, com taxas de dois dígitos em 24 deles.

Em termos absolutos, a Bahia (+11.785) teve o quarto maior aumento, abaixo de São Paulo (+44.152 mortes), Rio de Janeiro (+28.033) e Pernambuco (+12.090). Já em termos percentuais, a taxa de crescimento baiana (+13,0%) foi a 7a mais baixa, num ranking liderado por Amazonas (+32,0%), Pará (+28,0%) e Mato Grosso (+27,0%). Os menores crescimentos percentuais de mortes, entre 2019 e 2020, ficaram com Rio Grande do Sul (mais 4,0%), Minas Gerais (+7,9%) e Santa Catarina (+9,5%).

Em Salvador, o aumento da mortalidade foi ainda mais intenso do que no estado como um todo. Em 2020, foram registrados 21.139 óbitos na capital baiana, 24,7% a mais do que 2019 (quando haviam ocorrido 16.955 óbitos). Isso correspondeu a um saldo de mais 4.184 mortes em apenas um ano. Também foi o maior crescimento do número de mortes na capital desde o início da série histórica do IBGE, em 1974.

O aumento em termos absolutos (+4.184) equivaleu a quase cinco vezes o registrado na passagem de 2018 para 2019, quando mais 883 pessoas haviam morrido em Salvador. Considerando-se o período de 2000 a 2019, em média foram registradas mais 198 mortes por ano na capital, isto é, o saldo de 2019 para 2020 equivaleu a 21 vezes a média dos 20 anos anteriores.

Dentre as 27 capitais, Salvador teve o 4º maior aumento absoluto no número de mortes registradas entre 2019 e 2020, atrás de São Paulo (+13.962), Rio de Janeiro (+11.848) e Fortaleza (+5.491). Já em termos percentuais, o aumento de Salvador foi o 13°, em um ranking liderado por Porto Velho/RO (+51,1%). A capital com menor aumentos percentuais das mortes foi Porto Alegre/RS (+8,0%).

Alta na Bahia foi puxada por mortes por doenças (+12,8%) e entre idosos (+14,8%)

As mortes causadas por doenças, chamadas mortes por causas naturais, são predominantes em toda a série das Estatísticas do Registro Civil, representando, na Bahia, entre 80% e pouco mais de 90% do total de óbitos. Em 2020 não foi diferente. Foram registradas 83.711 mortes por causas naturais, que representaram 81,9% do total no estado. As mortes por causas não naturais ou externas (acidentes, homicídios, suicídios, afogamentos, quedas) somaram 10.170, ou 10,0% do total. Já 8.308 mortes (8,1%) tiveram causa ignorada.