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Bahia em risco: cuidado com o esparro da SAF

  • Foto do(a) author(a) Paulo Leandro
  • Paulo Leandro

Publicado em 29 de dezembro de 2021 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

São milhares de famílias sofrendo com temporais no Sul da Bahia; 70 milhões de crianças sem vacinar no ‘Breu-zil’ e não há pressa “porque a taxa de óbitos é mínima”, na palavra do ministro; na ceia: uns comem panetone, outros ficam nas ruas, no “papelone”, ao chão sujo.

Difícil reconhecer no ‘fútil-ball’ alguma pauta digna, diante de um mundo assim, em desalento, mas não são poucos a considerar de alta patente a ameaça de repetirmos a história ‘malfodada’ das sociedades anônimas, conforme alerta um dos grandes heróis tricolores.

Trata-se de Edmilson Gouvêa, o Pinto de Laele, um dos libertadores, junto a Nestor Mendes Júnior, Flávio Novaes, Antonio Miranda, Fernando Schmidt, Antônio Pithon, Edmundo Pedreira Franco, os irmãos Maia (Jorge e Alberto) e Virgílio Elísio, entre outros próceres. 

Sem estes abnegados, e o clamor de seus torcedores, talvez o Bahia nem existisse mais, depois de dez anos fora da Série A, nono lugar no estadual, a base destruída, prostituído e doado a um banco, entre outros males curados pelo santo remédio da benfazeja democracia. 

Pois foi a ameaça da Sociedade Anônima do Futebol, a tal de SAF, que tirou Pinto de onde se aninhara para atualizar seu verbete, incorporado à mitografia tricolor, desde a vitória sobre Tifão e o resgate do Grande Bahia, como encantado capaz de reencontrar-se consigo mesmo. 

Explica Pinto ter sido a lei 14.193 criada para regular a SAF sem excluir a Lei das S/A 6.406, nem a Lei Pelé 9.615 bem como a Lei 13.155, ou seja, a suposta novidade amplia a entrega dos clubes na bandeja para a mecânica de mercado, na minha leitura.

Lembra o criador do Movimento Bahia Livre (MBL), do qual guardo minha camisa até hoje, o fato de o Bahia já fazer parte de uma S.A. junto com a Liga de Futebol S.A., integrante do Banco Opportunity, controlado pela família Dantas. 

“O Bahia devia 6 milhões de reais e deu todos seus jogadores e alugou sede e Fazendão em troca de pagar essa dívida. O Bahia estava na Série B e chegamos logo à Série C, graças à falta de investimento”, lembra Pinto.

E segue a aula: “O Esporte Clube Bahia ainda detém 100% das ações ordinárias e a Liga de Futebol S/A 100% das ações preferenciais classe A e mais 100% das ações preferenciais classe B”. 

“Existe um contrato”, prossegue, “para que o Bahia pague até 23 de março de 2023 o montante das vendas de jogadores com percentuais de 20 a 40 por cento desde a recompra do controle acionário e todas as dívidas da S.A. pela bagatela na época de R$ 1,00 (um real)”. 

O montante da dívida do clube, acrescida com a já existente com a família Dantas, chegaria hoje a R$ 400 milhões, mas, sim, é possível ao Bahia virar SAF, considerando “perder de imediato o controle das decisões do futebol”. 

Para mim (P.L.), a SAF tem viés político de minar as bases das jovens democracias, como a do Bahia, pois o presidente eleito não vai mandar em nada, o grupo disposto a entrar com o aporte do capital vira dono de um clube do povo, patrimônio dos baianos! 

Não há como constituir argumento favorável a SAF no Bahia, pois seriam necessários R$ 600 milhões para chegar a um aporte de 50% acima da dívida consolidada. Vamos verificar melhor se precisamos nos render outra vez porque para tomar de volta, é difícil! 

Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.