Bahia fala com Gil e Deus pela voz da Justiça

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  • Paulo Leandro

Publicado em 17 de novembro de 2021 às 05:31

- Atualizado há um ano

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As virtudes já nascem com a pessoa ou para adquiri-las é preciso nos habituarmos às práticas virtuosas, atualizando a potência supostamente voltada para a felicidade, gerando o melhor dos mundos, graças ao convívio conduzido pela ideia de justiça?  

Eis aí um debate surgido três ou quatro séculos antes de Cristo, cabendo agora a chance de podermos, sim, nutrir a sensação de melhorar a humanidade, quando verifica-se o recente clamor da torcida do Bahia ao denunciar a atuação de seres malignos.  

Seria, então, tal inclinação para a virtude da diké (em grego), um atalho supostamente seguro para alcançar o Bem Supremo, ou se preferirem: se quisermos falar com deus, como canta o imortal Gilberto Gil, devemos necessariamente fazer justiça.  

Movidos pela dor e pelo sofrimento de ver o time garfado sistemicamente, os tricolores inauguram esta fase virtuosa de uma agremiação hoje avessa às mentiras dos juízes, considerando o presidente Bellintani ter agido corajosamente, ao denunciar os erros.  

Trata-se de exercício terapêutico, superando a agremiação as sombras de si própria, abandonando práticas viciosas manchadas por ardis diversos, no passado agora sepultado por postura digna de um grande clube tão querido, idolatrado, salve, salve!

Não se ligava tanto à harmonia dos apitos, quem viveu a era do boa praça Manu das Cocadas; do orador Cícero, diligente sábio das lides judiciais; do competente Nena e de outros próceres de um Bahia, cujo padroeiro, Santo Osório, foi o emblema iniludível!  

Sumiam-se documentos antes dos julgamentos no TJD; alteravam-se tabelas e regulamentos; extraíam-se pontos de adversários, sob alegações criativas; pautavam-se assuntos polêmicos tumultuando o convívio dos rivais às vésperas de decisões...  

Corrigimos maus costumes, representados na criação do Clube dos Treze, golpe capaz de falir centenas de agremiações, extinguindo-se todo um mercado da bola, alegando-se ser o Bahia o único merecedor do Nordeste, cabendo aos demais a pena do extermínio.  

Hoje, teríamos mais dificuldade em celebrar sair do rebaixamento direto para a Copa João Havelange, tampouco deixaríamos de prestar solidariedade ao Fast Clube, amazonense lesado com expulsões necessárias para evitar impactos desfavoráveis.  

A Velha Guarda dos coirmãos ressentidos levará até a tumba as más lembranças de supostas trapaças em danos irreversíveis ao Vitória, ao Ypiranga, ao Galícia, ao Botafogo, ao Flu de Feira, ao Itabuna, ao Conquista, etc, etc.  

Não percebem estes antigos o salto qualitativo com o qual o Bahia hoje nos brinda ao indignar-se com a injustiça, repudiando a maligna esperteza de quem planeja rebaixar o Tricolor.     Este novo Bahia, revoltado com a estratégia urdida para prejudicá-lo, dá a alvissareira notícia de podermos, sim, superar a nós mesmos, e melhorar sempre para ter moral de pedir a Gil -aquele abraço!-, para emprestar a sua senha de acesso à divindade.   

As boas ações levam em conta a defesa da cidadania, ao identificar-se com a causa LGBahiaTQIA+etc., pelas mulheres contra o patriarcado, pelos indiodescendentes e até poluição de óleo na costa nordestina o campeão denunciou! 

Viva o Bahia da Justiça como clube símbolo da Resistência Brasileira!

Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.