Bahia inaugura núcleo de pesquisa para preservação de ecossistemas marinhos

Um dos objetivos dos estudos é impulsionar a implantação da economia azul na Baía de Todos os Santos

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  • Eduardo Dias

Publicado em 16 de agosto de 2019 às 17:57

- Atualizado há um ano

. Crédito: Eduardo Dias/CORREIO

A Bahia agora faz parte, ao lado do Rio de Janeiro e Ceará, de um seleto grupo de estados que contam com um núcleo de pesquisa científica voltado para a preservação dos ecossistemas marinhos e costeiros. Trata-se do Centro Internacional de Investigação do Atlântico (AIR Centre), que foi inaugurado na manhã desta sexta-feira (16), no Instituto de Geociências, da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

O AIR Centre atuará na criação de um projeto mobilizador para a Baía de Todos os Santos, buscando desenvolver o modelo da economia azul na costa marítima. Na prática, a ideia é promover mudanças estruturais no setor econômico, baseando-se no funcionamento dos ecossistemas - que são organismos vivos e seus ambientes físicos e químicos - fazendo o uso inteligente dos recursos naturais e de seu funcionamento sem prejudicá-los.

O projeto visa ainda transformar problemas em oportunidades para criar eventuais soluções para a saúde humana, do meio ambiente e do bolso, além de várias áreas do setor como proteção, pesca, cultura, energia renováveis e transporte e logística, segundo o coordenador de negócios do AIR Centre, José Moutinho.“São muitas possibilidades de estudos. Queremos desenvolver esse projeto na Baía de Todos os Santos pensando sempre no impacto para as populações locais e a preservação do meio ambiente costeiro. Vamos realizar também um monitoramento das marés no litoral, que é um aspecto científico estudado no mundo inteiro, e nos interessa, a modo de incorporar isso numa visão mais ampla para preservação das costas brasileiras”, afirmou o coordenador.Os estudos serão concentrados nos 1.100 km de área costeira da Bahia, onde será possível buscar soluções para a preservação do ambiente marinho, além da realização de estudos concentrados possibilitando a geração de emprego e renda.

"É um centro de extrema importância para nós, baianos, porque aqui serão concentrados estudos voltados para o nosso ambiente marinho. Hoje, o mar passa pela perspectiva de geração de emprego e renda. Até então, a gente analisava o mar apenas como uma fonte de alimento, portos e turismo. Temos que analisar também como uma ampliação para a empregabilidade nesse setor”, garantiu o secretário de Meio Ambiente do Estado (Sema), José Carlos Oliveira, que revelou que o centro estuda também evitar a poluição do ambiente marinho por microplásticos.“Se discute muito sobre a poluição da terra, agora é a hora de discutir sobre a questão do mar. A geração de energia limpa, de ondas do mar, é outro ponto fundamental para ser estudado aqui também”, completou o secretário.A inovação é fruto de uma parceria entre os governos da Bahia e o federal português, através do Ministério de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, e uma associação portuguesa sem fins lucrativos. Eles buscam a ampliação de oportunidades de estudo e de intercâmbio de estudantes pesquisadores, além da troca de informações entre as sedes do centro de pesquisa do Brasil e de Portugal.

Das atividades previstas para serem realizadas no centro, estão também a observação da Terra e aplicações computacionais. Além disso, serão utilizados recursos e metodologias de inteligência artificial no apoio à ciência e pesquisa para a preservação dos ecossistemas marinhos e costeiros, e para o benefício das pessoas que vivem em torno do Oceano Atlântico.

A diretora do Instituto de Geociência, Olívia Oliveira, destacou que o instituto tem tecnologia instalada para trabalhar com as áreas da geologia, geofísica, oceanografia e geografia. Ela destacou ainda quais os caminhos propostos para chegar a essas melhorias para o meio ambiente.

“Sabemos onde nós queremos chegar, e o caminho que estamos construindo. Esse acordo de intenções, mostra que todos os órgãos envolvidos acreditam em nosso potencial. O AIR Centre coloca a Bahia em uma vitrine com uma responsabilidade imensa e nos deixa lisonjeados. Temos a certeza de que essas áreas, totalmente conectadas, certamente vão gerar projetos em prol do meio ambiente”, garantiu.

Referência Com a instalação do AIR Centre, no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba), fica claro que Salvador já se tornou uma referência no combate à crise climática e a preservação ambiental.

A capital, inclusive, foi escolhida para sediar a Semana Latino-Americana e Caribenha do Clima, um dos mais importantes eventos promovidos pelas Organizações das Nações Unidas (ONU), que acontece a partir desta segunda-feira (19) e segue até sexta (23), no Salvador Hall, na Paralela. O encontro terá discussões sobre a ação climática: transição energética; transição da indústria; infraestrutura, cidades e governos locais; e soluções baseadas na natureza.

As discussões visam a implementação do Acordo de Paris - o pacto global de combate às mudanças climáticas - e antecede a reunião do clima da ONU, a COP-25, que será em dezembro, no Chile.

* Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro