Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Georgina Maynart
Publicado em 24 de agosto de 2019 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
O café verde em grãos produzido no oeste da Bahia entrou, definitivamente, para o cobiçado Mapa das Indicações Geográficas do Brasil. Formulado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mapa foi atualizado pelo órgão nesta semana>
A inclusão do café do oeste baiano no mapa já havia sido anunciada em maio, quando o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu a indicação de procedência (IP), reconhecendo a região como peculiar para a produção deste tipo de café.>
DIFERENCIAL>
O registro confirma que o oeste tem características únicas, exclusivas, para a produção do café verde em grãos. Em pleno cerrado, a área delimitada abrange terrenos com mais de 700 metros de altitude, com temperaturas entre 22 e 26 graus, pluviosidade média de 1.600 milometros por ano, portanto, condições climáticas diferenciadas do restante do país. >
As áreas ficam nos municípios de Baianópolis, Barreiras, Catolândia, Cocos, Correntina, Formosa do Rio Preto, Jaborandi, Luis Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia e São Desidério.>
De acordo com os produtores, o café em grãos produzido nesta região possui características autênticas, entre elas, sabor agradável, aroma levemente floral e frutado, doçura e boa acidez.>
A indicação geográfica era uma antiga reivindicação dos cafeicultores do oeste. O plantio na região começou ainda na década de 1960, no sistema de sequeiro, e ganhou força com a implantação das lavouras irrigadas em 1994. Atualmente a região produz cerca de 20% do café do estado. >
O registro de indicação geográfica garante aos produtores o direito de uso exclusivo do nome da região, fator que valoriza o produto no momento da comercialização.>
"A certificação é muito importante e serve de grande impulso para a cafeicultura. Também é um incentivo para alguns cafeicultores que chegaram a pensar até em trocar o cafezal pela soja, pelo milho ou pelo algodão, mas agora definitivamente podem tomar a decisão de continuar com o café. Acreditamos que este processo começará a apresentar um resultado concreto quando houver uma divulgação conjunta que beneficie todos os cafeicultores da região. Por isso calculamos que os resultados efetivos ocorrerão de fato dentro de cinco a seis anos", afirma João Carlos Lopes Araújo, presidente da Associação dos Produtres de Café da Bahia (Assocafé).>
ÚNICOS>
A lista nacional tem outros três produtos da Bahia. As uvas de mesa e mangas do Vale do São Francisco, na região de Juazeiro e Petrolina, foram as primeiras a entrar no mapa em 2009. >
Cinco anos depois, em 2014, a aguardente de cana, tipo cachaça, produzido em Abaíra, na Chapada Diamantina, teve a indicação geográfica reconhecida. No ano passado foi a vez das amêndoas de cacau do sul da Bahia serem incluídas no rol. >
Para conceder o registro, os especialistas analisam desde a forma de fabricação, até as características e qualidades básicas como o sabor, a cor e a textura dos produtos obtidos nestas regiões. O cenário geográfico pode influenciar, por exemplo, no tempo de maturação dos frutos em relação ao registrado em outras partes do país.>
No Brasil, 62 produtos possuem a certificação. Entre eles estão os queijos da Serra da Canastra em Minas Gerais, o arroz do litoral norte gaúcho, e a cajuína do Piauí. >
No mundo, um dos produtos mais conhecidos pela indicação geográfica são os espumantes produzidos na região de Champagne, na França. Depois que obtiveram o título, apenas os produtores daquela região podem continuar usando o nome 'Champagne' nos rótulos da bebidas.>
No Brasil, outros produtos baianos estão em análise ou em fase de planejamento para início do processo, entre eles o azeite da Costa do Dendê e a farinha de copioba, fabricada em alguns municípios do recôncavo baiano.>
Para ter acesso ao Mapa completo das áreas de indicações geográficas nacionais reconhecidas clique aqui.>