Bahia registra primeiros casos da variante Delta; Estado deve antecipar 3ª dose

Além de três casos da variante Delta, Bahia notifica caso da variante Beta; antecipação da dose extra deve ocorrer em 281 municípios

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  • Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2021 às 18:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/Correio

Após 52 dias do primeiro caso da variante Delta no Brasil, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) anunciou os primeiros casos da variante no estado. O Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) detectou nesta quinta-feira (26), por sequenciamento genético, três amostras da variante Delta e uma da variante Beta no estado.  A Delta, originalmente conhecida como B.1.617.2, existe desde o final do ano passado, e nos últimos meses tornou-se rapidamente dominante em muitos países. Estimativas apontam que essa variante é entre 60% e 200% mais transmissível do que o vírus original.

Leia mais: Estudo revela que casos da variante delta têm carga viral 300 vezes maior Leia também: Mais de 950 mil baianos devem tomar a 3ª dose contra a covid-19 a partir de setembro   Segundo a  secretária estadual da Saúde em exercício, Tereza Paim, amostras da Delta foram detectadas em pacientes de Feira de Santana e no município de Vereda, no extremo sul da Bahia. Além disso, em um navio de bandeira estrangeira, a Sesab detectou um terceiro caso da Delta e um caso da variante Beta. A secretária destacou que, apesar da detecção dessas variantes, a Gamma ainda é responsável por quase 80% das infecções no estado. “Dois tripulantes de um navio com bandeira estrangeira testaram positivo para a variante Delta e Beta, porém, neste caso, a embarcação estava em isolamento, impossibilitando contactantes. Já as duas outras amostras foram detectadas em pacientes residentes nos municípios de Feira de Santana e Vereda”, afirma Tereza Paim.Estado deve antecipar aplicação da terceira dose Por conta da identificação dos primeiros casos da variante Delta no estado, o governador Rui Costa se reuniu com técnicos da Sesab e propôs o início imediato da terceira dose em todos os municípios que já alcançaram a faixa etária de 18 anos. A previsão era que a aplicação da dose extra fosse iniciada em 15 de setembro. A medida será pauta da reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) prevista para esta sexta-feira (27), que é uma instância deliberativa do SUS que reúne representantes dos 417 municípios.  “281 municípios se enquadram nesta característica, sendo que a imunização deverá ser feita, preferencialmente, com uma dose da Pfizer, ou de maneira alternativa, com a vacina de vetor viral da Janssen ou da AstraZeneca”, afirma Tereza Paim. A dose de reforço está estimada para um público superior a 950 mil baianos, e a ação será destinada a todos os indivíduos imunossuprimidos após 28 dias da segunda dose e para pessoas acima de 70 anos vacinadas há 6 meses.

Veja ainda: Novos estudos com a Coronavac revelam alta proteção contra variante delta Veja mais: Vacinas da Pfizer e Astrazeneca são eficazes contra Delta, mas proteção cai com o tempo Além disso, como medida de contenção, a Sesab fará o rastreamento por meio de teste de antígeno e RT-PCR nas regiões onde foram detectadas as variantes. Todos os pacientes internados nas UTIs com Covid-19 terão amostras colhidas e sequenciadas para identificação do tipo da variante. “É preciso que os municípios acelerem a vacinação para impedir o avanço de novas cepas, bem como manter o distanciamento social, higienizar frequentemente as mãos e continuar usando máscara”, ressalta Tereza Paim. A escolha das amostras para o sequenciamento foi baseada na representatividade de todas as regiões geográficas do estado da Bahia, casos suspeitos de reinfecção, amostras de indivíduos que evoluíram para óbito, contatos de indivíduos portadores de variantes de atenção (VOC) e indivíduos que viajaram para área de circulação das novas variantes com sintomas clínicos característicos.

Salvador ainda não tem previsão de antecipação para a aplicação da terceira dose. Além disso, o município vai manter a realização do evento-teste na próxima sexta (27), justificando que todas as 500 pessoas convidadas devem apresentar comprovação de que não estão infectadas pelo coronavírus para poder acessar à festa.

Em estados como o Rio de Janeiro, a variante Delta foi apontada como a responsável para suspender a flexibilização de medidas de restrição previstas no plano de reabertura. A primeira fase, prevista para começar no próximo dia 2, não tem mais data para ser iniciada. 

Autoridades sanitárias acompanham com preocupação o avanço da variante Delta do novo coronavírus no Estado. O município registrava, até quarta, 25, pouco mais de metade dos mortos pela pandemia no Estado - 31.672 óbitos, do total de 61.752. Foram registrados, até então, 439.092 casos no município, menos da metade do 1.116 338 em território fluminense. Nas UTIs para a doença, a ocupação é de 70,7%, e nas enfermarias, 46,6%.

Dados divulgados no Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), informam que o cenário de queda de hospitalizações e óbitos se mantém na pandemia, mas indicam que a variante Delta do SARS-CoV-2 deve ser acompanhada com atenção.

Para os pesquisadores da Fiocruz, o progresso na vacinação tem sido lento, com média de cerca de 1 milhão de doses por dia, enquanto a capacidade de distribuição e aplicação de doses do Sistema Único de Saúde (SUS) é de 2 milhões.

"Embora as vacinas venham claramente contribuindo para a redução de casos graves, internações e óbitos no país como um todo, o surgimento e crescimento da presença de novas variantes de preocupação, como a Delta, deve manter em alerta os serviços de vigilância em saúde, com amplo uso de testes, detecção de casos, isolamento e quarentena", diz o boletim, que reforça a necessidade de continuar com medidas como uso de máscara e distanciamento físico mesmo entre vacinados e especialmente no contato com pessoas com maior risco de agravamento da doença.