Bahia tem 907 veículos recuperados em 2020

PRF fez operações contra roubos, furtos e clonagem de placa

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  • Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2021 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/PRF

Pelo menos 907 veículos roubados, furtados ou clonados foram recuperados na Bahia em 2020. Isso equivale a uma média de 2,5 veículos resgatados por dia no estado no ano passado. Divulgados nesta segunda-feira (5), esses dados englobam apenas as recuperações realizadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Bahia nas rodovias federais que passam pelo estado. Mas o número pode ser ainda maior se contabilizados os registros da Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA). Procurado, o órgão não entregou seu levantamento anual até o fechamento desta reportagem, às 23h de ontem.

Com o resultado, a PRF-BA se tornou campeã na quantidade de veículos recuperados nas rodovias federais do Brasil no ano passado. Há ainda um salto de cerca de 86% no número de resgates realizados em 2020 na comparação com 2019, quando ocorreu a recuperação de 488 veículos nas estradas federais que cortam a Bahia.

O Inspetor da PRF na Bahia, Jader Ribeiro, relaciona o resultado positivo à facilidade de comunicação com o auxílio da internet, que acelera o contato com outras polícias e a busca de informações. Além disso, o crescimento da frota de veículos também causa um aumento natural no número de recuperações anuais de bens desse tipo.“É um resultado que reflete a fiscalização diferenciada. Anos atrás, o trabalho era feito de forma mais empírica. Agora, temos mais sistemas de consulta, aplicativos, temos as redes. Há cerca de 5 anos, ficou mais fácil ter essa comunicação, podemos, por exemplo, ligar para donos de carros clonados”, explica o inspetor. A PRF realiza com frequência operações temáticas e capacitação do seu efetivo, com aulas teóricas sobre os diferentes elementos de identificação dos veículos, possíveis modos de adulteração e análise documental. Já nas atividades práticas, os participantes têm a oportunidade de confrontar os conhecimentos adquiridos através de oficinas ou até mesmo comando específico durante abordagem a veículos que trafegam na rodovia.

A entidade acredita que os trabalhos realizados em parceria com outras instituições de segurança como a Polícia Civil e a Polícia Militar, além de ações em conjunto com órgãos de trânsito têm dado uma maior dinâmica e efetividade nas apreensões.

Alívio Apesar de não ter tido o carro recuperado pela PRF, o comerciante Josivaldo Aragão, 55 anos, conhece bem o alívio de reaver o automóvel. Vítima de um roubo em 23 de junho de 2020, ele chegou a achar que ia perder o veículo de vez, mas voltou a ter posse do bem 15 dias depois da ação dos bandidos.

“Quando fui fazer a queixa me disseram que esse tipo de roubo não costuma ter como objetivo desmontar o carro, mas sim fazer pequenos roubos. Na primeira semana, eu estava na esperança de achar o meu veículo, mas aí passou mais tempo e achei que o carro já estava desmanchado”, comenta o comerciante, que comemorou não ter perdido os R$ 5 mil investidos no KIT Gás do automóvel, que não era coberto pelo seguro.

O automóvel de Josivaldo foi roubado em um assalto à mão armada às 7h30, no bairro de Brotas, em Salvador. Menos de uma hora depois, ele já estava prestando queixa do crime. O carro foi recuperado pela polícia em 2 ou 3 dias, mas o comerciante só foi notificado da recuperação com 15 dias do ato criminoso. “Os policiais militares viram um carro andando devagar no Dique do Tororó e suspeitaram dos motoristas. Depois, eles acionaram a placa e confirmaram que se tratava de um automóvel roubado. A polícia perseguiu o ladrão e pegou o carro", relembra Josivaldo.Em caso de roubo, o cidadão pode recorrer ao Sistema SINAL, que possibilita o acionamento de equipes de policiais em um raio de 100 quilômetros do local da ocorrência. Para isso, quem tiver seu veículo roubado, furtado, com perda de sinal, em sequestro ou clonado, poderá fazer um cadastro do referido veículo no portal da PRF através do site e inserir informações sobre o crime e as características do automóvel. Agentes têm que fazer análise minuciosa para verificar se um veículo é clonado (Foto: Divulgação/PRF) De acordo com Jader Ribeiro, os veículos são muito visados pelos grupos criminosos por possuírem alto valor, o que ajuda a financiar as atividades ilegais. Carros são mais buscados pela criminalidade do que motos e caminhões.

“O que mais ocorre é o roubo porque o furto foi complicado pelas melhorias nos sistemas de segurança dos carros. Depois do roubo, quase a totalidade dos veículos é esquentada com uma clonagem. Para isso, os criminosos procuram dados de um automóvel com as mesmas características que o roubado. Essas informações podem ser conseguidas nas redes sociais, classificados, na rua ou até mesmo dentro do próprio sistema do Detran”, acrescenta o inspetor.

Ainda segundo o inspetor Ribeiro, é raro um veículo ser recuperado apenas com uma queixa porque os criminosos estão muito especializados em adulterar os sinais de identificação, como o chassi e a placa. Por esse motivo, muitas vezes um pequeno indicativo é o que faz um automóvel, caminhão ou moto serem resgatados. O inspetor alerta que quanto menor o tempo da ocorrência do roubo, mais fácil é recuperar o bem. “Existem várias formas de recuperar um carro. Muitas vezes existe uma queixa de furto ou roubo, mas o carro está clonado. Os policiais tem que fiscalizar de forma minuciosa porque o veículo aparenta ser legalizado. Muitas vezes, o crime é descoberto com uma fiscalização de rotina, na qual muitos carros de marcas e modelos mais visados são parados nas rodovias”, afirma o inspetor.Para desvendar se o automóvel é roubado e está clonado, os policiais interrogam o motorista, consulta informações no sistema e busca evidências de adulteração da identificação do veículo.

Venda de carros roubados Os veículos roubados podem ser utilizados em ações criminosas e até vendidos pelos grupos criminosos. Então, a indicação do inspetor é que o consumidor acenda o alerta quando encontrar um carro, uma moto ou um caminhão usados sendo comercializados com um preço muito abaixo do mercado ou com muitas facilidades.

O Inspetor indica ao consumidor sempre consultar os dados do carro usado e do vendedor antes de fechar o negócio. Uma boa fonte para essas informações é o Sinesp Cidadão. A PRF também conta com sistemas que possibilitam identificar se o veículo possui restrições, bem como se a documentação é autêntica. “Se o carro está à venda e roda em vários outros estados, é bom acender o sinal de alerta”, pontua Ribeiro.

Outra orientação é levar o item que será comprado a um mecânico de confiança. É importante checar as informações do documento com os elementos identificadores do veículo (chassi, motor, etiquetas autoadesivas), entretanto, existe a possibilidade dessas informações terem sido adulteradas. 

Não devem ser realizadas aquisições de veículos sem os trâmites oficiais de compra e venda, como registro em cartório do Certificado de Registro de Veículo, conhecido como DUT, e transferência de propriedade junto ao Detran.

Um veículo também não deve ser comprado baseado apenas em promessas de transferências futuras. Isso significa que a retenção dos documentos de propriedade enquanto durar o tempo de pagamento do bem não pode ser uma condição para a compra.

Um veículo clonado também pode dar dor de cabeça para o dono do bem cujos dados foram roubados. Por isso, os proprietários de carros, motos e caminhões devem procurar o órgão de trânsito caso estejam recebendo multas em locais onde não trafegam. 

"Geralmente, a pessoa que tem o carro clonado recebe multas de radares de locais ou cidades que ela não roda. Aí é preciso prestar queixa na polícia e fazer um protocolo de veículo clonado no Detran. O problema é que a pessoa cai na burocracia e demora um tempo até conseguir regularizar a situação”, afirma Ribeiro.

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro