Bahia tem compra de 600 respiradores cancelada pela China

Equipamento é fundamental para casos graves de coronavírus

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  • Vinicius Harfush

Publicado em 3 de abril de 2020 às 19:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: AFP

A China cancelou a compra de 600 respiradores que estavam a caminho da Bahia. Os aparelhos, utilizados em casos graves de infectados por coronavírus, ficaram retidos no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, onde aguardavam para serem encaminhados ao Brasil. Sem nenhuma explicação ou aviso prévio, o contrato de R$ 42 milhões foi cancelado pela fornecedora, que não teve o nome divulgado e que não se manifestou sobre o motivo de ter barrado os dispositivos. O valor milionário não chegou a ser desembolsado pelo estado.

O Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que uma compra em massa de equipamentos feita pelos Estados Unidos na China pode ter afetado a chegada dos materiais no Brasil. Por isso, a suspeita é que os respiradores também permaneçam em solo norte-americano. 

Segundo o secretário da Casa Civil da Bahia, Bruno Dauster, a operação de compra foi “cancelada unilateralmente pelo vendedor” e que, agora, o estado está em busca de um novo fornecedor. Procurada pela reportagem do CORREIO, a Casa Civil não acrescentou informações sobre quando ou onde serão adquiridos os novos aparelhos. 

O Governo da Bahia também não informou quais os próximos passos que deve tomar, mas indicou que, dos 600 aparelhos que foram adquiridos pela Bahia, 400 deles ficariam no estado e outros 200 seriam comprados pelo governo do Ceará. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Dauster afirmou que a empresa chinesa alegou “problemas de razão técnica” e informou que a carga teria um outro destino que não foi informado.

A Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que a Bahia mantinha um estoque de 500 respiradores e aguardava a chegada de outros 600, mas ainda não divulgou se esse cancelamento afeta nos números já previstos.

No total, o estado conta com 3.284 aparelhos que já estão instalados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva espalhados pelo estado. Desses aparelhos já disponíveis, 1.815 pertencem à rede do Sistema único de Saúde (SUS). Além disso, 104 destes equipamentos estão passando por fase de manutenção e, assim que estiverem prontos, estarão disponíveis para serem usados pelas unidade de saúde.  

Os equipamentos são motivo de grande preocupação das autoridades, já que há o risco do sistema de saúde entrar em colapso, ou seja, não haver leitos e dispositivos suficientes para atender a população quando a pandemia da covid-19 entrar no pico - o que deve ocorrer em maio. Os dados fornecidos pela Sesab são baseados nas informações do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, o CNES

A China se tornou a principal referência para o fornecimento desses materiais, já que agora passam pelo período mais amenos de pandemia, e planeja ajudar outros países a enfrentar a crise da melhor maneira possível.