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Gil Santos
Publicado em 1 de julho de 2019 às 19:06
- Atualizado há 2 anos
A Bahia terá até 2025 para ampliar em 1h a carga horária de aulas do Ensino Médio. A mudança é uma determinação do Ministério da Educação (MEC) e vale para todo o país. Ela faz parte das alterações do Novo Ensino Médio. Em nota, o MEC informou que elas valem também para os Institutos Federais de todo o Brasil.>
"A lei 13415/2017 aprovou a reforma do ensino médio, alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) no que se refere a carga horária do ensino médio, ampliando de 2400 para 3000 horas e estabeleceu uma nova estrutura curricular para essa etapa do ensino", diz a nota. >
No total, serão destinadas 1800 horas para formação comum e, no mínimo, 1200 para outras atividades que serão escolhidas pelos próprios estudantes. O foco deverá ser uma das áreas do conhecimento ou a formação técnica profissional.>
O MEC informou que não exigiu dos estados cronograma com percentuais de escolas adequadas ao novo modelo ano a ano, mas todos devem cumprir 100% da mudança até 2025.>
Na semana passada, quando divulgou a notícia da ampliação da carga-horária, o CORREIO repercutiu o assunto com alguns especialistas. Na ocasião, a doutora em Educação e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Rosemary Oliveira, defendeu que, mais do que a ampliação da carga horária, é preciso que haja uma mudança na formulação das aulas.>
“O problema da educação no Brasil é estrutural. A gente pode falar do Ensino Médio, mas ele vem desde como a gente pensa o que é a educação e a importância dela. Precisamos de investimento de verdade, capacitar os professores e repensar como essas disciplinas estão sendo trabalhadas nas escolas”, ponderou, em entrevista ao CORREIO, na semana passada.>
Ela afirma que as pesquisas mostram também que falta criticidade nos estudantes brasileiros, mas acredita que esse déficit é provocado pelo excesso de conteúdo que precisa ser trabalhado em sala de aula. Ela defende que os estudantes devem passar mais tempo em sala, mas fez algumas considerações:>
“O certo seria que os alunos ficassem o dia inteiro na escola, então, essa ampliação poderia ajudar nesse sentido, mas como é que vai ser distribuído esse tempo? Os professores que estarão essa 1h a mais vão usar dos mesmos métodos de ensino? O que eu tenho visto dessa ampliação é formação para empreendedorismo”, acrescenta.>
Já a professora de pedagogia da Rede FTC Carla Bianca Chagas, que também leciona em escolas públicas, atribui o resultado pífio do ensino médio à falta de estrutura das escolas. E enfatiza que a deficiência no aprendizado aparece no ensino superior e reflete no mercado de trabalho.>
“Em muitas escolas faltam material de trabalho e as condições são precárias. Isso desestimula os estudantes e reflete no desempenho e, mais tarde, nos profissionais. Não adianta manter 40 alunos em uma sala sem ventilador por mais uma hora, porque o aproveitamento será comprometido. A questão é o que vai ser oferecido ao estudante nessa 1h a mais, além de conteúdo programado”, defendeu. >