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Paulo Leandro
Publicado em 4 de novembro de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Passar pelo Melgar, do Peru, e avançar na Copa Sul-Americana, seria o acontecimento mais importante na vida dos cidadãos baianos, nesta quinta-feira: a derrota no jogo de ida precisa unir o time do Bahia para tomar a iniciativa de uma vitória em Salvador.>
Nesta perspectiva, todo e qualquer contra-ataque terá de necessariamente ser contido de forma eficiente, exigindo muita atenção dos homens de marcação sob comando de Mano Menezes a partir da linha de meio-campo.>
É preciso controlar bem os nervos, uma vez tornar-se difícil conquistar a classificação, se o visitante marcar um gol, pois fora de casa, tem valor dobrado, daí a importância de atacar, mas com toda segurança cá atrás. O problema é se nosso gol demorar a sair.>
Esporte é cultura, diria Orlando Duarte: o rubro-negro bicampeão peruano foi fundado em 1915, em Arequipa, onde nasceu um dos heróis da independência, o músico e poeta Mariano Melgar, daí o nome do clube e a lira – instrumento musical – no distintivo.>
A lira, ou cítara, todos nós sabemos, é tida como o instrumento fundador da música, presente de Hermes, ainda bebezinho, a Apolo, como desculpa por ter roubado o gado do deus irmão mais velho. Herminho fez o instrumento do casco de cágado e tripas de carneiro.>
Música lembra harmonia, algo escasso no Bahia, pois comenta-se de falhas individuais, mas se alguém erra ou está mal posicionado, falta ler a partitura: um bom time é um concerto, cada qual tocando certo em sua posição para virar orquestra.>
O nome do professor deixa a dica para evitar ficar no mano a mano em alguma escapada peruana: mas não se pode cobrar excessivamente de quem comete alguma falha, pois expõe o jogador demais e termina a bola queimando o pé e resvalando na canela.>
É preciso unir o grupo e evitar comentários negativos internos: neste momento difícil da escalada tricolor, tanto na Sula como na Série A, o melhor para o convívio é dar força se acontecer alguma falha e evitar transferir responsabilidade. Se um erra, todos erram!>
Na hipótese de ocorrerem falhas individuais, podem ser causadas por desafino do conjunto, cuja importância para o futebol é de tal sorte a nomear a primeira instituição deste esporte, criada na Inglaterra em 1863: The Football Association.>
Futebol é association! Quem começava suas preleções com esta frase era o saudoso Osvaldo Brandão, comandante da segunda academia palmeirense, e olha só quem prestava atenção: Ademir da Guia, Leivinha, César, Nei, Dudu, Luís Pereira...>
É o maestro Menezes quem tem o diapasão para afinar o Bahia: nada de clima tenso, se o lateral foi mal tirado, ou cometemos falta sem precisão. Os acontecimentos não são bons nem maus, nós os julgamos; errinho besta não pode virar tragédia.>
A indicação de contratar para esta ou aquela posição implica pressuposto da ineficiência de determinado jogador, daí a importância de serem anunciados reforços só quando forem confirmados, para evitar fazer carga na frágil Psiquê do titular rejeitado.>
Para os torcedores baianos, faz falta ter um time em condições de ganhar competições internacionais, mas com união, nome da Copa vencida pelo Bahia em 1989, equivalente ao Brasileiro, é possível passar pelo perigoso Vitória dos Andes.>
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade>