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Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
Para o torcedor que ainda não sabe, Bahia e Vitória decidiram disputar o Campeonato Baiano com atletas mais jovens que integram suas equipes sub-23, também chamados de times de transição. Os presidentes Guilherme Bellintani e Paulo Carneiro estão alinhados no discurso e garantiram que não vão colocar os elencos principais para participar da competição, nem no clássico Ba-Vi, ou mesmo nas fases finais, com o título em jogo. É uma decisão que vem sendo ensaiada há muito tempo, mas só agora parece definitiva. Mas quais são as implicações disso dentro de campo? Vamos lá.
Ambas as equipes tentaram iniciar a temporada de 2019 com seus times B, mas esbarraram nos maus resultados e consequente pressão da torcida, afinal, os estaduais pelo país, quase todos eles, ao mesmo tempo em que são tratados como menos importantes, costumam ser decisivos para o futuro do clube na temporada. Seria algo do tipo: “Eu não ligo para o Baianão, mas trate de vencê-lo”. Curioso, não é? O Vitória sentiu isso na pele ao se ver obrigado a demitir Marcelo Chamusca, eliminado na primeira fase da competição. Os resultados também ajudaram a minar o trabalho de Enderson Moreira no Bahia, que foi demitido antes que pudesse disputar a final do estadual contra o Bahia de Feira.
A ideia de não utilizar a equipe principal no Campeonato Baiano passa por isso: diminuir a pressão em cima dos técnicos em um momento delicado, em que os trabalhos ainda estão no início, os atletas desentrosados e longe da condição física ideal. É cruel exigir dos clubes uma performance de alto nível, porém isso acontece e, invariavelmente, custa a cabeça do treinador, muitas vezes prejudicando o trabalho pensado para a temporada. A falta de paciência, nunca nos esqueçamos, é marca registrada do futebol brasileiro.
Além de blindar o grupo contra a pressão no estágio embrionário de trabalho, a decisão também tem seu impacto a longo prazo, visto que, ao realizar menos jogos, a ideia é chegar na reta final da temporada com o elenco menos desgastado, algo que é alvo de reclamação dos treinadores anos após ano. Por ter caído na primeira fase da Copa do Nordeste e da Sul-Americana, o tricolor fez 71 jogos este ano, quatro a menos do que no ano passado. O número é altíssimo. O Vitória, que caiu precocemente no Baianão e na Copa do Brasil, entrou em campo 57 vezes - em 2018, ano da queda para a Série B, foram 67 partidas. Ao escolher disputar o estadual com o sub-23, a dupla Ba-Vi terá 13 datas livres - contando com semifinal e final.
Há pontos positivos, é claro, mas também há negativos. As equipes vão precisar pensar em estratégias para atrair público para o estádio para assistir àqueles atletas que, futuramente, podem integrar a equipe principal, mas ainda não chamam atenção. Vale questionar, também, o que está sendo feito para ajudar os clubes do interior do Estado, que têm nos jogos contra Bahia e Vitória o principal chamariz de público nas praças esportivas. Ou melhor: será feito algo? São perguntas que começam a ser respondidas a partir de janeiro, quando a bola volta a rolar pelos campos baianos.
Rafael Santana é repórter do globoesporte.com