Baianos que lutaram pela independência entram para Livro dos Heróis Nacionais

Maria Felipa, Joana Angélica, Maria Quitéria e João das Botas foram incluídos no livro de aço que tem agora 47 nomes

Publicado em 28 de julho de 2018 às 03:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: Filomena Orge

Maria Quitéria de Jesus Medeiros, Sóror Joana Angélica de Jesus, Maria Felipa de Oliveira e João Francisco de Oliveira - o João das Botas - , que participaram da guerra de Independência do Brasil na Bahia, são os novos heróis e heroínas do Brasil.

Os quatro nomes foram incluídos nesta sexta-feira (27) no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria após a presidente da República em exercício, Cármen Lúcia, sancionar uma lei aprovando a inserção. Os projetos eram de 2011. 

O Livro dos Heróis é feito de aço e reúne os nomes de homens e mulheres que se destacaram na defesa da liberdade do país. A publicação fica no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF).

Para que um novo nome seja incluído no Livro, o Senado e a Câmara dos Deputados precisam aprovar uma lei. Com as novas inserções, subiu para 47 o número de nomes: nove são mulheres, como Anita Garibaldi, Anna Nery e Zuzu Angel, um dos símbolos da luta por desdaparecidos políticos na ditadura, como o filho dela,  Stuart Angel Jones. No livro, há nomes como o de Tiradentes, Luís Gama,  heróis da Conjuração Baiana - João de Deus, Lucas Dantas, Manuel Faustino e Luís Gonzaga das Virgens - e Dom Pedro I.

Conheça os quatro baianos que entraram para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria:

Maria Quitéria de Jesus Medeiros - Nasceu em 27 de julho de 1798 e, anos depois, ultrapassou os arames da fazenda onde morava com pai e mãe para participar da revolta pela Independência na Bahia. Decidiu se vestir de homem para lutar em defesa do estado: uma resposta aos colonizadores portugueses que ignoravam a emancipação política de alguns estados do país, proclamada em 7 de setembro de 1822, e ao machismo das corporações. Pouco tempo depois, os feitos de Quitéria a fariam entrar para os autos da história como uma das maiores heroínas das lutas pela independência do Brasil na Bahia. O historiador Fábio Valente relembra o fato de Maria Quitéria ter lutado no 3º Batalhão dos Caçadores do Imperador, o Batalhão dos Periquitos, responsável por instigar a revolta em outros batalhões de Salvador e do Recôncavo.

Sóror Joana Angélica de Jesus - No dia 19 de fevereiro de 1822, a freira Joana Angélica de Jesus pôs-se à frente de tropas portuguesas revoltosas, no Convento da Lapa, para impedir que o local fosse invadido por soldados portugueses. Saiu de lá apenas morta, vítima da truculência dos algozes. Hoje, a via onde fica o Convento da Lapa chama-se Avenida Joana Angélica, no bairro de Nazaré. Imagem: Filomena Modesto Orge Maria Felipa de Oliveira - Ela teria comandado um grupo de cerca de 40 mulheres para, primeiro, seduzir os portugueses e, depois, atear fogo às embarcações deles. A ela também é atribuída uma famosa surra de cansanção nos soldados portugueses. O feito teria ocorrido na Praia do Convento, em Itaparica. Não há certeza sobre os traços físicos de Maria Felipa. A imagem pintada em paredes e estampada em livros é da perita técnica Filomena Modesto Orge, do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto, ligado ao Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT). “O retrato de Maria Felipa de Oliveira foi construído com subsídios históricos, literários e da tradição oral, para dar a esta personagem um rosto, e que assim possa ser identificada e lembrada como a Heroína Negra da Independência da Bahia”, escreveu a perita, em artigo de 2005. Ela aponta, por exemplo, que uma mulher capaz de dar uma surra em um homem deveria ser forte, alta.

João Francisco de Oliveira, o João das Botas - A Marinha do Brasil teve seu batismo de fogo durante as lutas pela Independência. Na Bahia, os navios portugueses eram hostilizados pela flotilha de canhoneiras organizada e comandada pelo Patrão-Mor da Capitania dos Portos, João Francisco de Oliveira Bottas, conhecido como João das Botas, que usava como base a Ilha de Itaparica. O esforço da “Flotilha Itaparicana” foi completado pela chegada à Bahia, em 4 de maio de 1823, da nova esquadra brasileira, comandada pelo Lord Thomas Cochrane, almirante inglês, contratado juntamente com outros oficiais e 500 marinheiros, para guarnecer os navios de recém-criada Marinha.