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Da Redação
Publicado em 18 de setembro de 2019 às 05:00
- Atualizado há um ano
A frustração pelo empate diante do Fortaleza no último domingo, na Arena Fonte Nova, desencadeou uma série de reações diferentes na torcida do Bahia. Uma delas a falsa impressão de que não há nada a ser comemorado, afinal a equipe desperdiçou a chance de terminar a rodada no G6, à frente do Corinthians e do São Paulo. Está errado, meu amigo tricolor. A campanha do clube ao fim do primeiro turno, sua melhor na Série A no atual formato de pontos corridos, é digna de aplausos.
Vamos fazer um exercício simples de reflexão: pare um pouco e pense onde o clube estava há dez anos. Avance cinco anos e então me diga se era possível imaginar esse cenário lá em 2014, com o clube tendo aberto as portas para a democracia há cerca de um ano, porém com o passaporte carimbado para a segunda divisão? Por vezes somos atropelados pelo tempo sem nos dar conta de onde estávamos e em que ponto estamos, mas esse tipo de reflexão é fundamental para que saibamos onde almejamos chegar. O Bahia vem subindo degrau a degrau, e só o fato de nem se falar na possibilidade de rebaixamento é um avanço.
Em um cenário em que é difícil imaginar um clube que tem o 14º orçamento do futebol brasileiro brigar na parte de cima da tabela, o Bahia venceu gigantes como Grêmio, Corinthians e Flamengo, terminou o primeiro turno como 7º colocado e inicia a metade final do campeonato sonhando em beliscar uma vaga na Libertadores. Aos poucos, o tricolor vira referência, consolidando-se como um clube mais estável do que os endividados Botafogo, Fluminense e Vasco, por exemplo. Isso é fruto de um trabalho bem construído ao longo de seis anos.
Olhando para dentro das quatro linhas, o balanço do primeiro turno também é positivo. Sob o comando de um treinador muito inteligente, o gaúcho Roger Machado, o Bahia apresenta um futebol competitivo, sólido como uma rocha defensivamente - não à toa tem a quarta melhor defesa do campeonato - e que faz frente a rivais dentro e fora de casa. Ter saído de campo sem ser vazado em dez das 19 rodadas do Brasileirão é a prova de que, para superar o goleiro Douglas, é preciso suar bastante.
Partidas contra CSA e Fortaleza, todavia, mostram que a equipe ainda tem muito a evoluir. Não que fosse obrigação vencer seus dois irmãos nordestinos, que vieram a Salvador com uma proposta de se defender e mostraram muita organização, sobretudo os cearenses, um time muito bem montado por Rogério Ceni, hoje no comando do Cruzeiro. O que o Bahia precisava era ter apresentado um repertório mais vasto diante de adversários que optam por um futebol mais reativo, fechando bem as linhas de defesa em seu campo e apostando nos contra-ataques.
Eu já escrevi e expliquei neste espaço por que é mais fácil começar a organizar uma equipe pela defesa. É mais simples, os movimentos são mais mecanizados, os jogadores assimilam os conceitos de maneira mais fácil. Roger sabe disso e fez um belíssimo trabalho.
Precisa dar um passo adiante e mostrar que o seu Bahia também pode se dar bem quando tem a posse da bola e é provocado a propor o jogo.
Rafael Santana é repórter do globoesporte.com.