Balbúrdia no bloqueio de verbas da Ufba

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  • Divo Araújo

Publicado em 5 de maio de 2019 às 05:10

- Atualizado há um ano

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Ao longo da história da Universidade Federal da Bahia (Ufba), cujo embrião foi a Escola de Cirurgia criada em 1808, o corte de 30% nos repasses de verbas anunciado com alarde pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi provavelmente um dos que mais provocaram reações e uniu a sociedade baiana em defesa da instituição. Menos pelo valor bloqueado, que chega a R$ 37 milhões e compromete o orçamento anual da universidade, e mais pelo motivo alegado: a Ufba, assim como a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal Fluminense (UFF) tiveram o orçamento bloqueado por estarem promovendo “balbúrdia”, ao mesmo tempo que não tiveram o desempenho acadêmico esperado.

Weintraub, que vem substituindo à altura o ministro demitido Ricardo Vélez Rodríguez, ambos discípulos do guru Olavo de Carvalho, justificou a decisão em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo: “A universidade deve estar com sobra de dinheiro para fazer bagunça e evento ridículo”. No final do dia, o MEC divulgou nota tentando desfazer mais essa confusão da pasta mais atrapalhada do governo Bolsonaro, justificando que o bloqueio de 30% incluía todas as universidades  e que estava condicionado à aprovação da reforma da Previdência. 

Mas o estrago já estava feito e por diversos motivos. Primeiro porque, como explicou o ex-reitor da Ufba Naomar Almeida, “fazer da gestão do orçamento público instrumento de discriminação institucional, punição ideológica ou retaliação política é crime de improbidade”. Mais ainda no caso de universidades públicas, protegidas em sua autonomia pela Constituição Federal, acrescentou ele. E, para contrariar Abraham Weintraub, as três universidades que tiveram verba cortada melhoraram sua posição no principal ranking universitário internacional, o Times Higher Education (THE).  O Ministério Público Federal (MPF) entrou na balbúrdia (ó ela aí de novo) e instaurou um inquérito civil para apurar os critérios que embasaram o bloqueio de verbas. Poucos civis atenderam chamado de Guaidó (Foto: Yuri Cortez/AFP) Venezuela agoniza

O autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, apostou todas as fichas numa rebelião, na terça-feira, para tirar Nicolás Maduro do poder.  E, mesmo com as cartas mostradas até agora não lhe sendo favoráveis, ele garante que não se tratou de um blefe. Em entrevista, Guaidó disse que falta um longo caminho a ser percorrido. “É uma ação de descontentamento social generalizado”.

Mas, neste sábado (04), Guaidó voltou a ter um novo revés. Ele pediu para a população sair às ruas “de forma pacífica” em direção aos quartéis “para entregar aos militares uma carta pedindo que se juntem à Operação Liberdade”, mas as manifestações foram tímidas. Em resposta, Maduro foi a um dos quartéis e se disse “orgulhoso” com a lealdade da tropa. “Recordem o juramento de serem leais a Chávez”.

Apesar da tenacidade demonstrada por Guaidó,  a situação do país  está longe de qualquer solução pacífica. O apoio das Forças Armadas a Maduro parece inquebrantável e, por mais revoltados que os venezuelanos estejam com a situação de penúria (os aposentados recebem entre três e cinco dólares por mês), é ingenuidade acreditar que a população desarmada vá fazer frente aos monstros blindados usados na violenta repressão, que já deixou cinco mortos e mais de 200 feridos.

É difícil enfrentar um  regime que não tem respeito pelos Direitos Humanos. E o  envolvimento dos militares de altas patentes com o governo, decorrente de benesses e da mais pura corrupção, criou esse elo de sobrevivência entre os dois. É certo que, se Maduro cair levará junto muitos desses militares. Para complicar mais ainda  há o apoio ao ditador dado por países como Rússia, China, Irã e Turquia. É triste, mas a Venezuela continuará agonizando por bastante tempo. Cerca de 150 bombeiros trabalham as buscas (Foto: Douglas Magno/AFP) Cem dias de buscas em Brumadinho

Incansáveis, os bombeiros chegaram neste sábado, ao centésimo dia de buscas por vítimas da tragédia de Brumadinho. Apesar dos esforços e do apoio dado por cães farejadores, drones e aeronaves, 35 pessoas seguem desaparecidas. Até o momento foram confirmadas 235 mortes.

Força de trabalho subutilizada

Um em cada quatro profissionais brasileiros não trabalhou ou trabalhou menos do que gostaria no primeiro trimestre de 2019. Essa subutilização da força de trabalho brasileira bateu recorde, segundo o IBGE. Ao todo são 28,3 milhões de brasileiros nessa condição. Na comparação com o trimestre encerrado em dezembro, houve alta de 5,6%, ou 1,5 milhão de pessoas.. Obra de Leonardo Da Vinci (divulgação) Esboço inédito

Quinhentos anos após  sua morte, celebrada no último dia 2, Leonardo da Vinci continua pop. Nessa semana,  um esboço inédito  de um retrato do mestre renascentista,  feito provavelmente por um de seus assistentes, foi apresentado no Reino Unido.

Agenda1 - Previdência Em busca de apoio para a reforma, o governo lançará campanha publicitária a favor da proposta na segunda quinzena de maio.  O mote é “Nova Previdência, pode perguntar”

2 - Investimentos Para quem pretende investir na Bolsa  é bom ficar atento.  Pesos pesados  como a Petrobras, Vale, Banco do Brasil e Magazine Luiza vão apresentar esta semana os balanços do início do ano.