Baleiro apedreja cobrador após motorista se recusar a parar ônibus no Itaigara

Passageiros também foram atingidos por estilhaços de vidro

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  • Bruno Wendel

Publicado em 1 de maio de 2019 às 15:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO

Um cobrador de ônibus foi agredido a pedradas por um baleiro na manhã desta quarta-feira (1º) após o motorista se recusar a parar fora do ponto para que o vendedor descesse.

O caso aconteceu em um ponto de ônibus em frente ao Parque da Cidade, no bairro do Itaigara. Igor Rocha, 29 anos, foi atacado por um baleiro não credenciado, que, após a agressão, acabou detido e encaminhado para a Central de Flagrantes.

A assessoria de comunicação da Polícia Civil confirmou que a agressão foi registrada e informou que o caso será investigado pela 16ª Delegacia (Pituba). O Sindicato dos Rodoviários também se manifestou e disse que acompanha a situação. 

Esta não é a primeira vez que rodoviários são vítimas de agressões por baleiros não credenciados. Em abril deste ano, um motorista de ônibus foi esfaqueado durante o trabalho. Ele disse que foi atacado no bairro da Caixa d’Água por um baleiro.

Igor contou ao CORREIO que foi apedrejado por volta das 13h30. O ônibus no qual ele trabalha, do Consórcio Integra (que compreende as empresas Plataforma, CSN e Ótima), havia parado em um ponto em frente à Ladeira da Santa Cruz.

“Ele aproveitou que tinha desembarque e entrou pela porta traseira. Ele estava com um saco na mão, mas não prestei atenção no que ele vendia. Sei que não era credenciado porque não usava crachá e colete”, contou. 

Como o trânsito na região estava lento, por conta das obras do BRT, o baleiro pediu para descer do coletivo e teve o pedido negado. “Ele pediu para o motorista abrir a porta do ônihus em movimento. O motorista negou, pois vai de encontro às normas da empresa, mas parou no ponto de ônibus do Parque da Cidade para os passageiros desembarcarem. O baleiro desceu também, ficou com raiva, pegou uma pedra e arremessou contra o ônibus. Além de quebrar o vidro, a pedra bateu no meu braço”, relatou o cobrador. Igor contou ainda que, além dele, o motorista e alguns passageiros que foram atingidos pelos estilhaços do vidro quebrado tentaram conter o baleiro, que continuava arremessando pedras no coletivo. “Conseguimos segurar ele. Na hora, alguns guardas municipais passavam pelo local e levaram ele para a Central de Flagrantes”, disse o cobrador, que há seis anos trabalha no consórcio.

Polêmica A pedrada no cobrador trouxe à tona uma polêmica: a proibição da entrada de baleiros nos ônibus. O CORREIO conversou sobre o caso de agressão com Jorge Castro, assessor de relações do trabalho do Consócio Integra.

“Podemos proibir que eles entrem no ônibus, porque ali é particular, mas não posso tirar a pulso, porque não temos poder de polícia. Tenho que chamar uma viatura para tirar”, explicou. 

Ainda segundo ele, os baleiros não deveriam circular nos ônibus por "não haver um credenciamento perante aos órgãos competentes”. “A associação deles não tem nenhuma relação com o estado, com as empresas, não tem amparo legal.  É como se fosse uma associação de moradores. A figura do baleiro foi aceita para evitar confusões, mas está chegando num limite. Está virando avacalhação”, criticou Jorge. 

O CORREIO procurou também o presidente da Associação União do Baleiros (Unibal), Gilson Rodrigues, que informou que o agressor não é registrado na Unibal.

“A gente teve conhecimento do caso. O cidadão não é baleiro credenciado e a gente tomou as providências cabíveis, encaminhando um ofício à Secretaria de Mobilidade, com anexo à Integra e ao Sindicato dos Rodoviários. Informamos que a associação não tem responsabilidade por essa pessoa, que não é credenciada. Essas pessoas não devem ter acesso aos ônibus. O aumento das agressões é devido ao acesso dessas pessoas”, declarou Gilson.

Quanto à declaração de Jorge Castro, assessor de relações do trabalho do Consócio Integra, sobre o fato de as empresas de ônibus não terem “poder de polícia” para impedir o acesso de algumas pessoas, Gilson rebateu.

“A coisa é simples de se resolver. É só permitir o acesso com o colete e crachá. Ele diz que não tem poder de polícia, mas cola fiscais para impedir o acesso de pessoas não autorizadas pela porta de saída, para evitar as invasões de pessoas em pontos estratégicos, como Iguatemi, Comércio, estação da Lapa, Mussurunga, Acesso Norte, pontos onde há movimentação intensa de pessoas, sejam passageiros ou baleiros”, acrescentou. 

Ainda rebatendo Jorge Castro, em relação ao fato de a Unibal não ter amparo legal, Gilson declarou que quando a associação foi criada, houve um acordo entre os empresários e a prefeitura. Disse ainda que o acordo foi feito para que o baleiro tivesse acesso devidamente uniformizado, com o colete e o crachá. "A integra vai se proteger, de qualquer forma, mas o acordo foi feito”, finalizou.