Banhistas lotam Porto da Barra um dia antes da interdição das praias

Interdição vai durar ao menos sete dias para conter avanço do novo coronavírus

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  • Wendel de Novais

Publicado em 24 de fevereiro de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

A partir desta quarta-feira, 24, e por sete dias, o acesso às praias de Salvador estará proibido. A medida da prefeitura visa diminuir as aglomerações diante do aumento de casos e mortes pela covid-19 e do alto índice de ocupação de leitos de UTI na cidade. Nesta terça-feira, 23, último dia de acesso liberado antes da interdição, muitos banhistas aproveitaram o dia de sol na orla, chegando inclusive a lotar espaços como o Porto da Barra.

Apesar de tristes por dizer um "até mais" ao mar, diversas pessoas afirmaram compreender a decisão da administração municipal e torcer para que a taxa de transmissão do novo coronavírus caia e as praias reabram quando for seguro novamente. Os barraqueiros e ambulantes também lamentaram o fato, mas não tiraram a razão da medida.

A princípio, a interdição vale até a próxima quarta-feira (2), mas pode ser prorrogada caso o cenário da pandemia não apresente melhora. Apenas os pescadores e as atividades de esportes náuticos estão autorizadas a utilizar a faixa de areia. A Guarda Civil Municipal (GCM) estará nas praias, com rondas regulares, orientando a população no cumprimento do decreto municipal. Caroline comemorou aniversário na praia (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Entre as pessoas que aproveitaram a despedida temporária das praias, teve até gente que aproveitou para comemorar o aniversário. Foi o caso de Caroline Paixão, que completou 24 anos e passou o dia em Patamares. Para ela, que aproveita os dias de folga para se esticar na areia, o período de restrição vai passar devagar. "Vou sentir falta, venho sempre nas folgas. Hoje, que tô fazendo aniversário e é o último dia de praia aberta, não poderia deixar de estar aqui. Até porque a gente não sabe quando vai voltar. A praia é meu escritório porque isso aqui me acalma, o lugar que venho pra desestressar, ficar sem vir é difícil demais", conta.

Outro que aproveitou o dia de ontem na praia foi o gerente comercial Rodrigo Almeida, 32, que foi até Jardim de Alah, como costuma fazer todos os dias depois de correr na orla. Ele afirmou que sentirá falta da praia, mas disse que a interdição é necessária por hora. "Tô aqui quase todos os dias. Faz parte da minha rotina, sem isso eu vou sentir uma diferença significativa, mas penso que é importante para evitar aglomerações. Então, hoje já vim naquele clima de despedida porque, da última vez que estavam fechadas, eu senti muita falta", afirma Rodrigo.

Rayane de Jesus, 32, que foi a Jaguaribe com o filho e uma amiga, revelou que sua relação com a praia é constante e é seu ambiente preferido para o lazer. "Muito importante vir me despedir porque isso aqui é lugar de paz, de família, que pode trazer os filhos. E vinha sendo meu refúgio no meio de tantas coisas que estão acontecendo. Como vamos obedecer às autoridades, a gente veio se despedir e já tô sentindo saudades da minha prainha linda porque, na pandemia, comecei a dar mais valor do que antes", diz. Rodrigo tem a praia como compromisso diário após corrida (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Desafio para trabalhadores

O fechamento das praias vai deixar saudades nos banhistas, mas também pesar no bolso de quem vive da renda tirada da areia. Os trabalhadores, no entanto, apesar de lamentarem a situação, entendem que o momento pede decisões firmes. "A gente sabe que tem que fechar, o povo tá se acabando com essa doença mesmo, não estão se cuidando. Mas também não é mentira que estamos sofrendo, barraqueiros e ambulantes estão passando poucas e boas. Por isso, a gente pede ajuda, com auxílio ou qualquer coisa que for", diz Joelma Silveira, 53, que vende pirão.

Antônio Pereira, 48, que vende picolé, já planeja formas de lidar com a situação. "Entendemos que tem muitas pessoas morrendo, que a saúde não está aguentando e tá tendo que fechar tudo. Mas é claro que vai afetar muita gente que depende disso. Eu vou explorar outras formas de fazer dinheiro. Nas ruas, no trânsito, áreas que muita gente passa. O calor tá grande e sempre tem gente pra comprar um picolé. Só que isso nem sempre é uma opção para todos", opina. Rayane foi se despedir com o filho e uma amiga (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Fiscalização acirrada

A GCM, por meio de sua assessoria de comunicação, afirmou que as equipes para a fiscalização das praias estarão reforçadas. "Serão 80 agentes empregados na Operação Maré de Março, que contará com 20 viaturas, 07 motocicletas e 2 quadriciclos, para fiscalizar o trecho de quase 60 quilômetros, entre São Tomé de Paripe e Praia do Flamengo", diz a nota Antônio vai se virar para conseguir obter lucro em outro lugar (Foto: Wendel de Novais/CORREIO) Além da GCM, a operação contará com o apoio da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), Polícia Militar (PM) e Salvamar. Em caso de descumprimento da medida, os banhistas serão orientados pelos agentes municipais e retirados das praias.

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro