Bares apostam em espaços ao ar livre, novo cardápio e rígido protocolo

Preços baixos e músicas ao vivo também são medidas para atrair clientela; promoções ainda estão proibidas pela prefeitura

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  • Marcela Vilar

Publicado em 9 de outubro de 2020 às 05:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: foto/divulgação

Já se vão dois meses que os bares de Salvador estão autorizados pela prefeitura a funcionar, depois de quase cinco meses fechados por conta da pandemia. Mesmo com rígidos protocolos sanitários, a frequência nestes estabelecimentos ainda está em torno de 30%, segundo o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Fehba), Silvio Pessoa.

A aposta número um dos donos de bares, entretanto, ainda é assegurar que as medidas de prevenção e combate ao novo coronavírus estão sendo cumpridas. “A prioridade são os cuidados sanitários, disponibilizando álcool em gel, medição da temperatura na entrada e os EPI’s dos garçons, e o cuidado do desembarque dos clientes. Ele tem que chegar usando máscara”, reforçou o diretor de marketing da rede de bares Boteco do Caranguejo, Wagner Miau. 

Outras medidas usadas pelo Boteco foram investir em um novo item no cardápio (agora digitalizado), o quibe de siri, músicas ao vivo todos os dias, e uma campanha que se a cerveja não chegar à mesa gelada, com o famoso “véu de noiva”, o cliente não paga. As músicas ao vivo - somente voz e violão - foram liberadas pelo prefeito ACM Neto a partir desta segunda-feira (5). Neto ampliou ainda o horário de funcionamento até 00h - antes até às 23h - e o número máximo de clientes na mesma mesa passou a ser oito e não 6 pessoas. A capacidade máxima continua em 50%. 

O Bar Ulisses, no bairro Santo Antônio Além do Carmo, reabriu no dia 13 de agosto e também apostou na reformulação do cardápio, com novos drinks e novos pratos. “Como não pode fazer promoção, criamos novos drinks e novos pratos para adequar aos clientes e estamos fazendo todo o protocolo exigido”, destacou o proprietário Jorge Ulisses. Apesar da capacidade reduzida, a movimentação tem aumentado nas últimas semanas desde a reabertura e todo os funcionários, afastados durante a pandemia, já voltaram a trabalhar no local. “Está em uma crescente muito boa”, avaliou Ulisses. 

Porém, muita gente ainda prefere ficar em casa, como a estudante Isabelle Carvalho, que mora no Imbuí. “A maioria dos bares que frequento, que atraem jovens, prezam mais por ter cliente e não pelo cuidado com as medidas de higiene. Não me sinto segura porque sempre vejo aglomeração”, explicou Carvalho. Já o bacharel em humanidades Bruno Barreto voltou a frequentar os barzinhos perto de casa, na Barra. “A maioria dos meus amigos já está indo. A única chateação foi a limitação de pessoas e o horário. Acho que é uma medida besta, só para mostrar que estão fazendo algo”, opinou. 

O empresário Bruno Boscolo, novo proprietário da EcoSquare, primeira Vila de Contêineres de Salvador, no bairro do Rio Vermelho, fez mudanças no paisagismo do espaço e na iluminação para deixar o ambiente mais aconchegante. Além disso, ele fez uma consulta com a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) para evitar que aglomerações aconteçam no entorno, algo frequente por ali, pela presença de ambulantes. 

“Nosso desafio é deixar o espaço mais agradável e que esteja no roteiro de qualquer turista e soteropolitano. Todo mundo está receoso, mas ela Eco ser um espaço aberto, facilita a circulação do ar e o espaçamento entre as mesas”, afirmou Boscolo. O empresário também aposta em música ao vivo às sextas e sábados de artistas que dialoguem com o cenário soteropolitano e reforçou a equipe de segurança para endurecer a fiscalização dos protocolos sanitários. 

O presidente da Fehba, Silvio Pessoa, estima que 40 a 50% dos bares e restaurantes de Salvador não voltem a operar após a pandemia por conta dos prejuízos financeiros durante esse período. Contudo, ele espera que o movimento aumente nos próximos meses. "O movimento está bem abaixo do normal, as pessoas ainda estão com muito medo de sair de casa. Mas acredito que a partir de 15 de novembro, após as eleições, se a gente não tiver uma segunda onda, as coisas vão começar a melhorar", previu Pessoa. 

Cuidados a serem tomados

O infectologista Claudilson Bastos alerta que um dos principais cuidados a serem tomados para evitar riscos de contágio da covid-19 em bares é usar e manipular as máscaras de forma correta. “Antes e depois da manipulação do uso das máscaras deve higienizar as mãos e pegá-las sempre pelas alças. Se for comer, deve-se colocar as máscaras sobre o guardanapo, mas a alça deve ficar de fora”, orientou o infectologista. Bastos ainda relembrou que é recomendado manter o distanciamento mínimo de 1,5 metro.

Iniciativas Ambev

Duas iniciativas da Ambev que surgiram durante a pandemia para incentivar os clientes a voltarem a frequentar os bares preferidos foram a "Voltadeira" e a Academia do Garçom. Em parceria com o aplicativo iti, do Itaú, Bohemia lança a “Voltadeira Bohemia”, campanha que banca a primeira garrafa de Bohemia dos consumidores nos bares. 

Os interessados devem ter mais de 18 anos, fazer o cadastro no site www.voltadeira.com.br e convidar dois amigos. Depois, basta baixar o iti no celular e criar uma conta. Em até sete dias úteis o valor da cerveja (R$ 7,50) será creditado no saldo do aplicativo. O resgate da cerveja não tem data limite, mas o cadastro no site pode ser feito até 31 de dezembro. A ação é válida para qualquer bar que tenha máquina da Rede, GetNet ou Cielo.

Já o Academia do Garçom foi criada em parceria com a Abrasel para capacitar os funcionários de bares e restaurantes que ficaram desempregados durante a pandemia. A plataforma digital serve para que donos de estabelecimentos identifiquem essas pessoas e selecione o candidato que mais se aproxima do perfil da empresa. O acesso é gratuito, basta acessar o site https://academiadogarcom.bohemiapuromalte.com.br e se cadastrar. O site ainda oferece treinamento, com aulas 100% online, de técnicas de atendimento, segurança, higienização, vendas e conhecimento cervejeiro. 

Interdições Sedur

Segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur), entre 10 de agosto e 7 de outubro, foram interditados 178 bares na capital baiana por descumprirem o protocolo sanitário decretado pela prefeitura. Os bairros que registram o maior número de irregularidades são São Marcos, Barra e Ribeira. Os principais motivos para as interdições são a ultrapassagem do horário limite de funcionamento, aglomerações e falta do uso de máscara.

A Sedur também autorizou 86 bares e restaurantes da capital baiana a utilizarem calçadas, a fim de ampliarem seus espaços e a capacidade de recepção de clientes. A medida foi permitida no final de julho pela prefeitura. 

*Sob orientação da subeditora Fernanda Varela