Base de Bruno Reis mantém 30 vereadores, mesmo com mudanças na Câmara

Aliança com o PP saiu fortalecida também no Legislativo municipal

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  • Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2022 às 05:30

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A política é, sem dúvida, um campo da vida em que as alianças são cruciais para sobreviver no presente e projetar um futuro minimamente favorável. E em ano eleitoral mais precisamente, mudanças precedem o acúmulo ou manutenção de força. É exatamente este o cenário na Câmara Municipal de Salvador (CMS), onde, apesar da debandada do presidente Geraldo Jr. (MDB) para o grupo político opositor ao do prefeito Bruno Reis (União Brasil), a bancada governista se reorganizou para manter maioria esmagadora na Casa. 

Dentre as mudanças recentes, o Partido Progressista (PP) é o que mais se fortaleceu, saindo de nenhum vereador eleito em 2020 para uma bancada de seis membros, igualando-se a do União Brasil em número de cadeiras. Leandro Guerrilha, escolhido para liderar a bancada, Roberta Caires, Maurício Trindade, George Gordinho da Favela, Saba e Sandro Bahiense foram beneficiaram pela “janela partidária”, finalizada no início deste mês. Eles pretendem entrar na disputa para a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) ou para a Câmara dos Deputados em outubro próximo, o que permitiu a mudança de legenda antes dos seis meses finais de seus mandatos como prevê a legislação eleitoral. 

A migração desses nomes, que já integravam a base de Bruno em outras legendas, para a disputa estadual também ajudará a impulsionar, sobretudo na capital baiana, as candidaturas de João Leão, presidente estadual do PP e atual vice-governador,  ao Senado e de ACM Neto (União Brasil) ao governo estadual.  Leão e Neto oficializaram a aliança em março deste ano, quando o vice-governador rompeu com Rui Costa (PT). 

De acordo com Paulo Magalhães (União Brasil), líder governista na Câmara, a base permanece unida e coesa, com 30 dos 43 vereadores eleitos, apesar de outra grande mudança ocorrida no Legislativo municipal: a migração do presidente da Casa para o grupo de apoio ao governador Rui Costa.

Após garantir sua segunda recondução à Presidência da Casa, Geraldo Jr. (MDB) oficializou sua presença na chapa petista, arregimentada por Rui, para disputar a sucessão estadual. Geraldo é o pré-candidato a vice-governador na chapa liderada pelo ex-secretário da Educação, Jerônimo Rodrigues (PT). O processo que permitiu a reeleição de Geraldo, assim como outros atos legislativos, a exemplo da reorganização das Comissões Permanentes na CMS, foram motivo de representação no Ministério Público. O bloco governista tenta anular as decisões. 

Com 30 vereadores, a base governista acumula força suficiente para aprovar qualquer projeto em plenário. Uma relação enviada ao CORREIO por um membro do grupo aponta para a manutenção de 14 partidos na aliança, mesmo com a mudanças na correlação de forças no comando da Casa. 

O prefeito Bruno Reis tem se reunido nos últimos dias com os vereadores de seu arco de alianças. Por isso, além de alterações na Câmara, a própria gestão passou por recentes mudanças.  A vereadora Marcelle Moraes (União Brasil), por exemplo, assumiu a Secretaria Municipal de Sustentabilidade e Resiliência (Secis). Já o vereador Kiki Bispo (União Brasil), um dos mais próximos ao prefeito, deixou a Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza (Sempre), voltou para a Câmara e assumiu a primeira-vice liderança do governo para ajudar nas articulações. 

 “A base continua coesa e mais unida do que nunca. O processo eleitoral se aproxima e o assédio é natural, mas os vereadores reconhecem o mérito do grupo e querem fazer parte desse processo. Neto foi eleito pela população o melhor prefeito do Brasil nos oito anos de gestão. Bruno segue a mesma trajetória, e as pesquisas de dois dias atrás mostram aprovação de mais de 80%. Além disso, os vereadores hoje se sentem participantes do processo, indicando obras através de suas emendas, o que não existia antes de Neto, tendo acesso a secretários e participando dos mais diversos projetos. Para “virar a folha” assim da noite para o dia tem que ter algum motivo realmente individual mais forte do que interesse coletivo”, avalia Duda Sanches (União Brasil), vice-presidente da Câmara e autor de uma das denúncias contra Geraldo já destinadas ao MP-BA. 

O grupo de situação na Casa é formado oficialmente pelo Podemos, Republicanos, União Brasil, Solidariedade, PSC, PL, Avante, Cidadania, Patriota, PSDB, PP, PMN, PDT, somado ao vereador André Fraga, que permanece na base mesmo com a saída do PV da base. O Partido verde oficializou a federação com o PT, fato que obriga a legenda a migra para a base do atual governo estadual. A aliança em federação vale por quatro anos nas instâncias nacional, estadual e municipal. 

A robustez da bancada, inclusive, é um dos principais argumentos utilizados pelo líder governista no Legislativo municipal para contestar as recentes mudanças impetradas pelo presidente da Casa. Ele cita, por exemplo, a nova composição das comissões.

“É arbitrária. Fez as principais comissões, como a CCJ, só com membros da oposição. Sem que a gente indicasse nenhum nome. Nas outras comissões colocou esses membros do governo, que não tomaram posse para que não legitimasse, de maneira que não concordamos com essas indicações. Elas têm que ser feitas pela bancada de governo. Agora só nos resta judicializar”.

Oposicionistas e independentes  A bancada de oposição na Câmara Municipal de Salvador conta oficialmente com oito vereadores, não tendo passado por alterações. Liderada por Augusto Vasconcelos, reúne edis do PCdoB, do PT, do PSB e do PSOL. O grupo, no entanto, demonstra otimismo com o atual cenário dentro da Casa e com a possibilidade de oficialização de um bloco “independente”, o que poderia reduzir um pouco a bancada governista. 

Conforme apurado pelo CORREIO, as negociações para o registro do respectivo bloco estão a todo vapor, apesar de serem tratadas de forma não pública. Atualmente, seis nomes são dados como certo: Átila do Congo (Patriota), Edvaldo Brito (PSD), Alexandre Aleluia (PL), Sidninho (Podemos), Carlos Muniz (PTB) e Randerson Leal (PDT). 

Para existir oficialmente, o grupo precisa formalizar um registro junto à Mesa Diretora. Se confirmada, a base governista poderá “perder” pelo menos, reduzindo para 28. O fato, no entanto, pode representar pouco aos governistas, os quais, até mesmo pelo controle da máquina, dispõem de mais mecanismos de negociação diante de projetos importantes para a gestão municipal.

“Há uma nítida ampliação de força da oposição, que somada ao bloco independente, passa a ter quase a metade dos vereadores da Casa. Vamos seguir trabalhando a favor da cidade, porém o prefeito terá mais dificuldades de aprovar matérias sem diálogo. A Câmara precisa preservar sua autonomia e assumir o papel de fiscalizadora do Executivo, pensando sempre nos interesses da população”, diz o líder oposicionista Augusto Vasconcelos (PCdoB).

Veja a composição das bancadas e lideranças partidárias na Câmara Municipal de Salvador: 

GOVERNO LÍDER DA BANCADA – Paulo Magalhães Jr

LIDERANÇAS PARTIDÁRIAS  Podemos Líder - Sidninho

Republicanos  Líder – Alberto Braga

Democratas Líder – Cláudio Tinoco

Solidariedade Líder – Fábio Souza

PSC Líder – Ricardo Almeida

PL Líder – Isnard Araújo

Partido Verde (PV) Líder – André Fraga

Avante Líder – Débora Santana

Cidadania  Líder – Joceval Rodrigues

Patriota Líder – Átila do Congo

PSDB Líder – Cris Correia

Partido Progressista (PP) Líder – Leandro Guerrilha

PMN Líder – Marcelo Maia

PDT Líder – Emerson Penalva 

OPOSIÇÃO  LÍDER DA BANCADA – Augusto Vasconcelos 

LIDERANÇAS PARTIDÁRIAS  PSB Lider: Sílvio Humberto 

PSOL Lider: Laina Pretas por Salvador 

PT Lider: Tiago Ferreira 

PCdoB Lider: Augusto Vasconcelos