Basílica do Senhor do Bonfim passará por reforma nos próximos seis meses

A intervenção é para restaurar os painéis feitos com azulejos portugueses do templo

Existem muitas formas de contar uma história e os painéis de azulejos portugueses eram frequentemente utilizados nesse sentido, como pode ser percebido nas igrejas mais antiga de Salvador. Na Basílica Santuário Senhor do Bonfim, na Cidade Baixa, são 2,3 mil peças que narraram cenas bíblicas, mas que estão desgastadas pelo tempo. Nesta terça-feira (17), a prefeitura anunciou que essas obras serão reformadas.

Os painéis ficam nos dois corredores laterais do templo. O da esquerda leva à Sacristia, onde o vai e veem de fiéis e turistas é intenso devido as obras de arte que ficam no final do corredor. A última vez que os azulejos desse lado da igreja passaram por restauração foi há oito anos.

Já o corredor da direita é passagem obrigatória para a Sala do Milagres, um dos cômodos mais famosos do templo e, por isso, local de visitação intensa. As peças desse lado são as mais danificadas, porque a última reforma tem mais de 12 anos. Os painéis foram instalados no século XIX e em alguns trechos a pintura está se desfazendo, azulejos soltaram e outros estão com muitos arranhões.

Preocupado com o estado de conservação das obras de um dos principais pontos turísticos da cidade, os religiosos procuraram o poder público e uma emenda parlamentar liberou o recurso para a restauração. O prefeito Bruno Reis disse, durante a assinatura da ordem de serviço, disse que a obra vai durar seis meses.

“Estamos dando continuidade a um processo de recuperação da Basílica Santuário do Senhor do Bonfim, e com isso a gente recupera esse que é um dos principais símbolos da nossa fé, da nossa cultura e história. A Colina Sagrada é um dos principais pontos de visitação dos soteropolitanos, dos baianos e dos turistas que veem à nossa cidade”, contou.

Os pisos do cancelo da capela-mor e o arco do cruzeiro também serão requalificados. A emenda parlamentar foi de R$ 520 mil, mas como a empresa que venceu o processo de licitação, a construtora Pentágono, vai executar o serviço por R$ 360 mil, o restante do dinheiro será usado para reformar a escadaria e fazer outras melhorias na igreja.

O prefeito também comentou sobre a próxima Lavagem do Bonfim. Em 2021, por conta da pandemia, a festa não teve público. Bruno Reis disse acreditar que o evento de 2022 será nos moldes tradicionais, com o povo nas ruas celebrando a data, mas condicionou esse cenário ao avanço da vacinação.

“Nós acreditamos na vacina, e estamos prevendo que, com a antecipação da segunda dose, no final de outubro toda a população esteja imunizada com as duas doses. Então, dá para falar em réveillon, festa do Bonfim e carnaval”, afirmou.

Extra Durante a assinatura da ordem de serviço surgiu um novo pedido. Uma empresa doou 900 litros de tinta para pintar a igreja e os religiosos aproveitaram a presença do prefeito para solicitar a mão de obra. Ficou combinado que a Secretaria Municipal de Manutenção (Seman) fará o serviço. O reitor da Basílica, padre Edson Menezes, agradeceu o empenho das autoridades e da iniciativa privada.

“Pessoa do mundo todo buscam aqui a força, a coragem e a esperança de que necessitam. Então, toda restauração realizada aqui é sempre muito importante. Em nome de toda devoção do Senhor do Bonfim e de toda a comunidade do Santuário nós agradecemos. Esse trabalho vai garantir a beleza arquitetônica, espiritual e cultural da nossa Basílica. Os azulejos são muito visitados pelos turistas e fazem parte da riqueza cultural desse lugar”, disse.

Desde que a pandemia começou a igreja reduziu a quantidade de público permitido durante as missas. Os bancos são sinalizados para que os fiéis mantenham o distanciamento, o uso de máscara é obrigatório e funcionários oferecem álcool 70% para os visitantes. “Pessoas que moram juntas, podem sentar juntas. Então, dependendo disso o público pode ser maior ou menor, mas estamos permitindo entre 50% e 60% da capacidade”, contou o padre.

Ele disse que o número de visitantes aumentou e está se aproximando do que era antes da pandemia, mas não soube precisar a quantidade exata de público que a Basílica recebe. Baianos e turistas que estiveram no templo após a cerimônia da assinatura da ordem de serviço concordaram que o local precisa de restauração. A advogada paulistana Ana Alice Gurgel, 32 anos, está de férias com o marido em Salvador.

“A cidade tem uma riqueza histórica invejável. Esses painéis são lindos e são o registro da memória religiosa e da história nacional. É obrigação de todos proteger essas obras, seja o poder público, seja a iniciativa privada ou o cidadão comum”, afirmou.

Reformas O secretário municipal de Cultura e Turismo (Secult), Fábio Mota, contou que as intervenções têm o objetivo de tornar o espaço mais atrativo para o público e listou outras ações realizada no templo e no entorno da Colina Sagrada que tiveram a mesma intenção.

“Há oito anos que a prefeitura faz ações de melhoria da condição da igreja do Bonfim, como o teto, o entorno da igreja, e o Caminho da Fé. A gente está sempre atento na conservação desse patrimônio que é importantíssimo do ponto de vista de cultura, do turismo e de religiosidade para a nossa cidade”, afirmou.

Em 2019, na gestão do então prefeito ACM Neto, foram recuperados a capela-mor, cobertura, retábulo do altar-mor e do forro, além da escada atrás do nicho, instalações elétricas, portas de acesso às sacristias, tribunas, molduras dos óculos do forro e pilastras.

Além disso, a Prefeitura entregou, também em 2019, toda a Colina Sagrada requalificada. A intervenção envolveu a colocação de nova pavimentação na Praça do Largo e na Baixa do Bonfim, sendo feita também a implantação de novo Velário e da Casa da Água Benta com painel de madeira confeccionado pelo artista Bel Borba.

No entorno da basílica, as obras envolveram o redesenho da parte baixa, que ficou integrada aos arcos da Ladeira do Bonfim, com implantação de paisagismo, nova pavimentação e iluminação em LED. O Mercado dos Arcos foi requalificado e o centro da Praça Euzébio de Matos ganhou um pequeno palco para realização de eventos pela comunidade. Nesse local, também foi construído um estacionamento público com baias para ônibus e vagas para vans e motocicletas.