Bloco De Hoje a Oito leva fantasia para o Santo Antônio

Durante o dia, sob sol de 32 graus, coletivo lotou ruas do bairro

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 15 de fevereiro de 2020 às 13:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO

Ruas do Santo Antônio lotadas (Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO) Quem se importa? O suor escorre pelo corpo durante horas, um sol de 32 graus parece fritar os miolos, volta e meia se é atingido por restos de cerveja, mas quem se importa? O que importa é curtir um som cheio de sambas e marchinhas em uma atmosfera lúdica e cheia de história, além da possibilidade de trocar olhares (quem sabe beijos) com pessoas interessantes. O que importa é vestir a fantasia e sair no Bloco de Hoje a Oito, a entidade carnavalesca mais tradicional do Santo Antônio Além do Carmo, o bairro mais charmoso de Salvador.  Filme Bacurau virou fantasia (Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO) Acompanhado por percussionistas e uma porta-bandeira, o microtrio "Garampiola" começou a desfilar por volta das 10h30 e trouxe com ele milhares de pessoas fantasiadas. Tinha das tradicionais salva-vidas e policiais até as indumentárias mais pitorescas, como a da relações públicas Nathália Reis, 28 anos, que vestia uma grande placa do filme Bacurau, com a mesma frase estampada no chapéu do administrador de empresas Eduardo Abreu, 42 anos. "Se for, vá na paz", dizia a placa, uma das marcas do filme. Amigas se vestiram de 'Coral Beer Thoven' (Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO) Poucas fantasias eram tão criativas quanto a de um grupo de amigas que se vestiram de Coral Beer Thoven. "Todo ano a gente só sai com fantasia interativa e coletiva. Esse ano, vamos homenagear um mestre da música clássica a cada dia", disse Rafaela Mustafá, a regente do coral, que tinha sua fala repetida de forma uníssona pelas demais.

Mudanças Nos últimos anos, a frequência de público do De Hoje a Oito cresceu bastante. Alguns moradores chegaram a questionar o evento, criou-se uma polêmica. No ano passado, o bloco chegou a mudar o dia da saída em cima da hora para ver se reduzia o público. Esse ano, a entidade marcou a saída, normalmente no final da tarde, para o período da manhã. Pelo visto, as medidas não surtiram tanto efeito. 

O que atrai tanta gente?"Essa atmosfera do Centro Histórico, esse clima de bloquinho, esse charme, a música, um Carnaval nem um pouco apoteótico, um Carnaval de verdade", explicou o engenheiro eletricista Artur Uchôa, fantasiado de alguma coisa que não deu para identificar."Esse brilho, essa alegria, as pessoas e a música. Não tem Carnaval melhor", emendou a fotógrafa Manuela Cavadas, de Cleópatra.

Os organizadores incentivam que outros bairros façam um Carnaval semelhante, ou seja, com o mesmo clima de fantasia. "A quantidade de gente que o bloco atrai cresceu, mas o nosso equipamento sonoro e a nossa proposta continua a mesma. A gente quer viver um Carnaval de rua, sem cordas, um Carnaval de bairro, com vizinhos", afirma uma das representantes do bloco, que não quis se identificar porque disse fazer parte de um coletivo em que a voz de um é a de todos.

Ela acredita que o De Hoje a Oito cresceu demais pela falta de opções de outros bairros. "Queremos que não só a gente faça esse tipo de Carnaval, mas outros bairros também. Queremos ir em outros lugares viver os Carnavais de rua deles, viver esse clima de fantasia", disse. Apesar de alguns problemas criados por vizinhos, há muitos que, mesmo sem participar diretamente da festa, não se incomodam com afolia. "Que causa certo transtorno, causa, mas não me incomoda muito. São pessoas na rua, o bairro sendo valorizado, acho interessante, somos privilegiados por ter essa cultura, na verdade", disse Marilene José da Silva, 60 anos, que mora na rua dos Adobes. 

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