Bolsonaro desistiu de 'príncipe' como vice após dossiê falso com fotos de suruba gay

Alexandre Frota diz que Jair perguntou se ele sabia orientação de Orleans e Bragança

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  • Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2019 às 18:14

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O presidente Jair Bolsonaro desistiu de convidar o 'príncipe' Luiz Philippe de Orleans e Bragança depois de ser informado pelo advogado Gustavo Bebianno, braço direito durante sua campanha, que haveria fotos de Orleans e Bragança participando de uma orgia gay. O deputado afirmou à revista Época que as informações - e as fotos - são falsas e foram usadas para atingí-lo.

"Bebianno armou e não queria que eu fosse o vice. Ele disse ao presidente que haveria um dossiê que tinha fotos minhas, segundo um amigo me contou na ocasião. O dossiê foi usado porque era domingo de manhã e era o último dia para protocolar quem seria o vice. Ele não queria colocar um militar, inicialmente", disse ele.

Orleans e Bragança diz que Bolsonaro pediu desculpas a ele ontem, quando afirmou que deveria ter optado por ele, e não pelo general Hamilton Mourão, como vice-presidente na chapa. "Casei errado", brincou o presidente. 

"Sei que esse tipo de armação ocorre a todo momento. Sei que circulam informações falsas. O dossiê era de fotos que eu fazia uma suruba gay e que eu batia em mendigo", detalha. 

O deputado federal Alexandre Frota disse à Folha de S. Paulo que Bolsonaro na época da campanha lhe perguntou se Orleans e Bragança era homossexual. Na ocasião, o então candidato afirmou que tinha recebido "fotos comprometedoras" de Orleans e Bragança. “Perguntei: ‘Que fotos?’ (Bolsonaro) disse que depois me mostraria, mas me perguntou se eu sabia se o príncipe era gay ou não. Eu disse que não sabia”, contou à colunista Monica Bergamo.

Foi então que Bolsonaro pediu a ele o número de Levy Fidelix, presidente do PRTB, para entrar em contato com Mourão e convidá-lo para sua chapa. “Ele (Bolsonaro) pediu para que eu não falasse nada sobre o príncipe deixar de ser o vice dele, que ele conduziria com a imprensa”.

O Palácio do Planalto diz que não vai comentar o caso. 

Leia relato do caso enviado por Frota à Folha:

“Ele [Bolsonaro] estava com o [coordenador da campanha, Gustavo] Bebianno no aeroporto para embarcar para São Paulo. Era dia da convenção do PSL e ele havia convidado o príncipe Frozen [referindo-se à Philippe] para ser vice. Às 5h, me ligaram do aeroporto pedindo o celular do Levy Fidelix [presidente do PRTB] e dizendo que [Bolsonaro] iria chamar o General [Hamilton Mourão] pra vice, que não iria colocar o príncipe porque haviam mandado umas fotos do príncipe pra ele.

Perguntei: que fotos? Ele disse que depois me mostraria, mas me perguntou se eu sabia se o príncipe era gay ou não. Eu disse que não sabia.

Ele pediu para que eu não falasse nada sobre ele deixar de ser o vice, que ele conduziria com a imprensa.

A gente se encontrou no aeroporto. Dei o celular do Levy e fui esperá-lo no aeroporto. Com ele estavam Bebianno e [candidato a deputado] Julian Lemos. Às 9h, eles chegaram.

Durante o trajeto, ele ligou para o Levy e fechou com o Mourão. Tanto que na convenção, nem cumprimentou o príncipe, que estava lá com amigos, fotógrafos e a corte para ser anunciado. Ficou só olhando.

Bebianno, Levy e Julian sabem que foi assim. Inclusive, no aeroporto, quem estava comigo era o Marcos Pontes e a esposa dele. Bolsonaro chamou Pontes para ir com ele dentro do carro da PF. Quando acabou a convenção, fomos para o clube Sírio Libanês, onde estava acontecendo a convenção do PRTB, e ali foi anunciada a vice-liderança do Mourão, hoje descartado covardemente por Jair.

Nunca vi as fotos e não sei do que se tratam. Apenas imagino.”