Bolsonaro infla valor e diz na ONU que brasileiros receberam mil dólares de auxílio

Média de pagamento é de quase metade disso, segundo dados da Caixa

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  • Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 13:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcos Correa/Presidência da República

O presidente Jair Bolsonaro fez o discurso de abertura da 75ª edição da Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça-feira (22). Uma fala dele sobre o auxílio emergencial pago durante a pandemia chamou atenção: o presidente disse que o governo pagou cerca de mil dólares para os beneficiados pelo programa.

“Nosso governo, de forma arrojada, implementou várias medidas econômicas que evitaram o mal maior. Concedeu auxílio emergencial em parcelas que somam, aproximadamente 1.000 dólares para 65 milhões de pessoas, o maior programa de assistência aos mais pobres no Brasil e talvez um dos maiores do mundo”, disse o presidente.

Na cotação atual (dólar a R$ 5,44) isso daria cerca de R$ 5,4 mil. Pago desde abril deste ano, o auxílio terá nove parcelas - cinco de R$ 600 e quatro de R$ 300. Considerando o que já foi pago, a soma é de pouco mais de R$ 3 mil - cerca de US$ 554. Mesmo juntando toda a previsão de pagamento, o valor não chega ao citado por Bolsonaro - será R$ 4,2 mil, ou US$ 771,49. O presidente inflou o valor em 29,6%. 

Alguns beneficiários do programa receberam na faixa citada por Bolsonaro. Mães solteiras e mulheres chefes de família tiveram auxílio dobrado. Até o fim de cinco meses, o valor chega a R$ 6 mil, US$ 1.104 na cotação atual. Com as parcelas a serem pagas, essa classe de beneficiados vai receber R$ 8,4 mil, mais de US$ 1,5 mil.

A declaração do presidente, contudo, tratou o programa como se esse pagamento fosse para todos beneficiados, o que não é verdade. Segundo dados da Caixa Econômica Federal, o valor médio do que os beneficiados receberam de auxílio até agora é de R$ 2.995, pouco mais de 550 dólares, quase metade do que o presidente citou no discurso.

Segundo a Caixa, foram R$ 201,3 bilhões pagos para 67,2 milhões de beneficiários.